Entrevistas
‘Acústico de Quarto Vol. 1’ traz aconchego no lar | Perceba a promessa da MPB, Vanessa Cassidy
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3 anos atrásem

Acústico de Quarto é um EP que está pela internet e chama atenção por um doce cantar em melodias que embalam. Vanessa Cassidy sempre sonhou em fazer música, mas não tinha tempo, dinheiro e nem coragem pra isso. Contudo, aí está o EP Acústico de Quarto Vol.1. Segundo a cantora e compositora “não iria acontecer se não fosse a terapia, o trabalho, uma triste pandemia e a preciosidade do silêncio, de certa forma, o privilégio do silêncio.” Para ela foi um processo único e muito especial. Vanessa cantava desde a infância, mas comentou que no bairro do Rio de Janeiro onde mora, Curicica, arte não é algo muito estimulado e faltam opções. Porém, existe a internet.
“A internet, ela consegue ser ótima quando se trata em romper barreiras físicas e em dar voz. E não, eu não queria que fosse um Acústico, eu não queria ter que usar uma caixa de fósforo e também não usaria um violão emprestado, não foi porque achei legal, bonito, foi porque ou era isso ou não era. Se eu ficasse esperando ter dinheiro pra pagar músicos, estúdio, compreender as destrezas da produção musical, tocar elegantemente grandes músicas… Ignorância da minha parte talvez mas acredito que não iria sair tão cedo e possivelmente não teria essa conversa com vocês, assim como não me sentiria aliviada por colocar pra fora algo que pode e tem todo o direito de perder o sentido amanhã, sabe?”, declara Vanessa.
A cantora sentiu uma necessidade forte e não se deixou levar pelo medo nem “pela caixa de fósforo descompassada”. E completa: “se você ouvir vai entender que é simples, mas não foi tão simples assim, não me importar com os erros, com os ruídos, trocar o dia pela noite por causa dos passarinhos, do carro do ovo, dos latidos.”
Coragem
A artista disse que até poderia parecer simples, mas que existia a necessidade de uma coragem para se assumir cantora, mostrar para os amigos e o mundo. Atualmente, muitos perguntam como ela conseguiu, o que acaba por surpreendê-la. Ela sente que essa sua iniciativa estimula outras pessoas a fazerem o mesmo. Ainda por cima, questionei Vanessa se a música dela não seria como cheiro de mato num mundo urbano. “Adorei! Vou falar isso se alguém me perguntar. Pode ser, eu moro em Curicica, Jacarepaguá, zona oeste do Rio de Janeiro. O avanço urbano se deu dentre esses poucos anos advindo de uma série de fatores: especulação imobiliária, olimpíadas, verticalização da cidade e tudo mais. Então, na realidade, antes desse momento, aqui tudo era mato, meus pais chegaram por essas bandas e dava pra ver a mata de beira da praia, sabe?”, respondeu.

Ela ainda citou o termo que atribuíram a essa região: “O Sertão Carioca”, a partir de Magalhães Corrêa nos anos 30, e falou: “De repente, conheço a resistência da comunidade quilombola Cafundá Astrogilda e as maravilhosas cachoeiras do Parque Estadual da Pedra Branca. Eu ficaria horas falando sobre a cultura do mato, do mangue, que podem até justificar a baixada de Jacarepaguá como ‘fim de mundo’ por ser longe do centro e não tem como dissociar minha música desse contexto sócio-geográfico.”
Não calo
Diariamente, ela acorda e e vê um cajá-manga, mas lembra que, ao mesmo tempo, está numa cidade grande e cosmopolita. Então, Vanessa até aceita bem a colocação que fiz, de sua música ter certo aroma de natureza em meio ao caos urbano do Rio de Janeiro. Uma cidade que, ao mesmo tempo, já tem essa conexão com a natureza mesmo, seja como for. Entretanto, em meio a tudo isso, a arte queria sair de seu âmago.
“Desde pequena escuto muitos ‘cala a boca’ e tenho certeza que mesmo não querendo devo ter calado muitas bocas também, a vida tem dessas. É uma força, uma energia que vem de dentro como se fosse uma forma de sobreviver, lidar com o mundo, comigo e então por mais que eu entre na discussão se realmente devo cantar ou não sempre perco porque eu não consigo parar de fazê-lo.”
Lembrei de uma das músicas do EP, “Taioba” e entrei em alguns dos temas que a canção aborda. “As expectativas são perigosas né? A gente acha muita coisa sobre muita coisa e não durar pra sempre é muito importante. O tempo, quando bem trabalhado, pode te recompensar com algumas sabedorias interessantes, como essa de que durar pra sempre é besteira, mas a gente é besta mesmo e a gente, quase que por descuido, se permite viver em função dos sonhos”, fala Vanessa.
Clichê e inspiração
“A vida me inspira, meio clichê né? Clichê é ótimo, clichê é tipo uma ‘língua universal’, gosto desse achismo. Eu gosto de falar de tudo mas tive uma fase catastrófica em que só falava de expectativas. Acho que hoje falo da vida no geral, de trabalho, de transporte público, de paisagem, de opinião pública, de fetiche, todas as coisas da vida, da minha vida. Tudo é possível de ser dito e um dia não direi mais nada, menos trovadora talvez? Mais morta? A música é a onde eu falo descaradamente mesmo que sutil, afinal, na rua temos que tomar nossos cuidados, em todos os aspectos, então a música é onde eu grito minhas verdades, mesmo sussurrando.”, expressa Cassidy.
Além disso, Vanessa, para finalizar a conversa, fala: “Poucas são as certezas que carregamos na vida – principalmente a minha com suas singelas duas décadas – mas a minha certeza é que eu vou estar velhinha e comigo vou ter um violão nos braços. Porque é extensão do meu corpo, da minha mente. O ir pra onde é engraçado, eu não sei pra onde estou indo, me sinto que nem os peixinhos do filme Nemo que arquitetaram um plano genial de escapar do consultório do dentista mas aí, se encontraram dentro de um plástico-bolha na baía de Sidney, acho graça.”
“Se as pessoas vão ouvir minhas músicas, se eu vou poder finalmente sair do meu quarto, são perguntas que eu não sei responder. Mas eu nunca vou parar de fazer música. E mesmo que pare eu adoro me dar a liberdade de fazer essas juras, de falar sem medo palavras perigosas, os ‘nuncas’, os ‘sempres’, é um jeito romântico de levar a vida no início da vida, dos meus vinte e poucos anos.”
Aliás, ouça o EP Acústico de Quarto Vol.1:
Convenhamos, as músicas são deliciosas dentro de uma simplicidade natural e do bom gosto – da coragem.
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Jornalista Cultural. Um ser vivente nesse mundo cheio de mundos. Um realista esperançoso e divulgador da cultura como elemento de elevação na evolução.

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Entrevistas
ONGs de proteção animal | Conheça e veja como colaborar
Publicado
3 meses atrásem
26 de dezembro de 2022
ONGs de proteção animal puderam divulgar seu trabalho, conscientizar o público e se aproximar de voluntários durante a VegFest 2022, realizada pela Sociedade Vegetariana Brasileira, em São Paulo, no início do mês. Foi uma oportunidade de apresentar seu trabalho, conscientizar, conquistar novos voluntários e vender produtos, o que ajuda na manutenção desses espaços que resgatam e cuidam de diversas espécies. Confere nesta matéria as várias formas de colaborar com a causa.
Fundadores de organizações também marcaram presença no IX Congresso Vegetariano Brasileiro, integrado à feira, como palestrantes falando sobre a realidade e dificuldades encontradas no trabalho de resgate e proteção de diversas espécies. “O trabalho é árduo. Não temos tempo de nos render à nossa própria dor, porque temos que salvar vidas”, contextualizou Patricia Favano, do Santuário Vale da Rainha.
Simultaneamente, foi realizado o lançamento do primeiro livro do Santuário Rancho dos Gnomos, fundado em 1991 pelo casal Silvia Pompeu e Marcos Pompeu. “Clã dos Ursos” conta a história desses animais resgatados e sua nova rotina no santuário. “Estar aqui é uma oportunidade de conscientizar e também de mostrar o quanto é possível e maravilhoso o veganismo, pois a mudança só é possível pelo conhecimento”, concluiu Silvia.
Da mesma forma, esteve representado na VegFest foi o Santuário Animal Sente, que mantém sob tutela cerca de 300 animais de diversas espécies, provenientes de situações de maus-tratos, abandono e exploração. “A gente precisa de apoio sempre e estar aqui nos dá mais visibilidade, o que ajuda para que a gente tenha mais apoio e possa melhorar a qualidade de vida dos animais que mantemos”, comentou Diego Naropa, vice-presidente e chefe de cuidados do santuário.
Veja mais informações sobre os Santuários
Santuário Vale da Rainha – Fundado em 2010 pelo casal Patricia e Vitor, na zona rural de Camanducaia, MG, abriga mais de 100 mestres animais entre bois, porcos, cavalos, jumentos, cabras, ovelhas, cães e gatos resgatados de maus-tratos. Para manter a alimentação, tratamentos, instalações e manejo dos animais, o santuário faz parcerias, promove vivências, aulas de yoga e meditação, comercializa produtos e livros autorais e recebe doações.
Santuário Rancho dos Gnomos – Fundado em 1991, em Cotia, SP, resgata e abriga animais exóticos, silvestres e domésticos, vítimas de crimes e maus-tratos, oriundos de circos, tráfico, rinhas, indústria da pele, desmatamento, queimada e abandono. Promove campanhas de conscientização ambiental e do veganismo. Para colaborar, há opções de voluntariado, doações e compra de produtos. O santuário não é aberto à visitação.
Santuário Animal Sente – Localizado em Cotia, SP, abriga cerca de 300 animais de diversas espécies e portes. Promove experiências e vivências para a conscientização sobre o veganismo e a proteção das espécies. Mantém suas atividades com doações, vendas de produtos de arte feitos por Nana Indigo (presidente) e Diego Naropa (vice-presidente) e com renda obtida no restaurante Lovegan Bistrô, em São Paulo.
Outras organizações presentes na VegFest
Ampara Animal – OSCIP sem fins lucrativos, fundada em 2010, que ajuda abrigos e protetores independentes. Conta com mais de 450 integrantes, protegendo e amparando mais de 100 mil animais por ano, com doação de ração, medicamentos e vacinas, castração e campanhas de doação. Interessados em ajudar podem fazer doação de valores financeiros, fornecer lar temporário ou adotar um animal.
Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal – A entidade começou a ser estruturada em 1998, para proteger animais, sem distinção de espécie em todo o país. Organiza ações e campanhas e mantém presença no Congresso Nacional, Assembleias Legislativas para influenciar o desenvolvimento de políticas públicas em favor dos animais. Possui a maior rede de organizações afiliadas, sendo 140 espalhadas pelo Brasil. Para se cadastrar como voluntário ou doador acesse o site.
Mercy For Animals – A MFA trabalha para proteger animais explorados para consumo. Atua com investigações secretas, em políticas corporativas em empresas alimentícias, está presente em fóruns sociais e tribunais de justiça, promove campanhas, capacita voluntários e busca o engajamento público. Para participar como doador, membro ou voluntário acesse: Seja voluntário(a) com a Mercy For Animals – Mercy For Animals.
ONG ARA – Amor e Respeito Animal – Foi fundada em 2011 e atua com resgate e cuidado com animais exóticos e de grande porte. É a organização responsável por mais de 1000 búfalas resgatadas em novembro de 2021, no caso conhecido como as Búfalas de Brotas, considerado o maior caso de abandono e maus tratos do Brasil. Para doações e voluntariado acesse o site.
Sinergia Animal – Organização Internacional com atuação sudeste asiático e América Latina, trabalha pelo fim das piores prática na pecuária industrial e pela diminuição de consumo de produtos de origem animal. Desde 2018 segue sendo reconhecida como uma das ONGs de proteção animal mais eficazes do mundo pela instituição Animal Charity Evaluators (ACE). É membro da Open Wing Alliance para criar uma frente unificada para liberar as galinhas poedeiras das gaiolas. Pelo site é possível fazer doações e se cadastrar para ações de ativismo (presencial ou online).
Sea Sheperd – É uma organização sem fins lucrativos, fundada em 1977, para defender, conservar e proteger a vida marinha e ecossistemas marinhos. Promove ações diretas para investigar, documentar e agir contra atividades ilegais nos oceanos. Pelo site e possível conhecer as campanhas da Sea Sheperd, tornar-se voluntário, patrono, doador ou embaixador.
*Foto de capa: site do Santuário Vale da Rainha
Veja mais em:
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