Conecte-se conosco

Cinema

Alvorada | Filme realiza um retrato informal de Dilma Rousseff

Publicado

em

Crítica Alvorada Dilma

O novo filme de Anna Muylaert com co-direção de Lô Politi é o documentário “Alvorada” que estreia nos cinemas dia 27/05 e também nas plataformas de streaming Now, Oi e Vivo Play. O filme é um retrato íntimo da ex-presidente Dilma Rousseff durante os últimos dias antes de seu afastamento da presidência pelo processo de impeachment em 2016.

De forma diferenciada dos recentes documentários que utilizaram este evento como tema, “Alvorada” apresenta-se menos como uma análise e mais como um recorte informal da presidente. O filme teve grande sucesso no festival “É tudo verdade

Apesar de ser conduzido como um documentário de observação, o filme não deixa de transparecer seu tom invasivo que muitas vezes até incomoda Dilma, que algumas vezes interrompe a filmagem e em certo momento diz que ela não é um personagem o tempo inteiro. Isto apenas engrandece sua figura no filme.

O Palácio da Alvorada como personagem

O tom de observação inclusive predomina, seja pelas imagens dos bastidores dos eventos oficiais de Dilma ou pelas transmissões por televisões de sessão no senado. O filme apresenta um olhar que quase se confunde com o olhar do espectador que presenciou como observador este circo de horrores político.

A residência presidencial se apresenta na narrativa com a mesma importância que a própria Dilma. Sua relação com as dependências do palácio mostra como ela estava isolada politicamente. Por meio de planos bem abertos e pequenos registros do dia a dia no Alvorada. Um lugar, segundo ela, distante de ser um lar.

Vários pequenos detalhes acerca o funcionamento e cotidiano do palácio são apresentados. Eles não aparecem de forma solta e muito menos desinteressante, mas sim inerentes a construção narrativa. Da mesma forma, vemos também os funcionários do palácio que fazem todo o trabalho pesado para que tudo apareça perfeito na mídia.

Dilma Rousseff, uma governante íntegra

O filme não tenta romantizar a figura de Dilma, mas sim apresentá-la com justiça. De forma justa a seu caráter íntegro e obstinado de manter-se fiel a seus valores. O governo de Dilma realmente não foi um sucesso, em especial do ponto de vista econômico. Porém não é possível acusar a ex-presidente de não ter sido uma governante íntegra. Também é impossível não pensar em como o atual governo já tem muito mais razões para sofrer um impeachment.

Embora a própria Dilma busque não ser mitificada, enquanto explica suas ações e pede para desligar a câmera, a força do filme se reside justamente aí. A presidenta conduz a narrativa com todo seu equilíbrio e serenidade em que enfrenta um processo de perseguição política totalmente equivocado.

Dilma Rousseff e um legado para posteridade

Dilma diz que o que importa é o que será deixado na história para a posteridade. O filme trabalha isto na forma como a narrativa apresenta os momentos pós-impeachment de Dilma. Sua despedida melancólica é vista como uma memória que ainda será confrontada pelo povo brasileiro. Assim como o pássaro confronta seu reflexo no vidro.

Por mais que seu governo tenha cometido erros, ela não sofreu impeachment por eles. Mas sim, por não embarcar nos jogos político de poder. A acusação a qual ela foi considerada apta a ser destituída hoje é legalizada. Dilma poderia talvez ter conseguido evitar o processo, mas manteve-se fiel a seus princípios. Talvez o Brasil não estivesse pronto para uma presidente de tamanha honradez.

Em resumo, “Alvorada” é um excelente filme com um olhar bem sensível e profundo sobre a ex-presidente. Vemos, aqui um lado de Dilma que a mídia em geral preferiu ignorar na época, atacando-a e pressionando-a de todas as formas.

Por fim, o filme estreia nesta semana, dia 27/05 nas plataformas digitais (Now, Oi, Vivo Play, Google Filmes, iTunes e Youtube) e nos cinemas de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Brasília e Maceió.

Enfim, veja o trailer:

Professor de artes e cineasta independente. Sou cinéfilo, fã de Simpsons, entusiasta de artes que fogem do óbvio e músicas barulhentas.

Anúncio
1 Comentário

Cinema

‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

Publicado

em

Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

POR FIM, LEIA MAIS:

‘Evidências do amor’ | Crítica

‘Morte, vida e sorte’ é homenagem ao artista independente | Crítica

‘Saudosa Maloca’ leva personagens de Adoniran Barbosa à tela de cinema | Crítica

Continue lendo
Anúncio
Anúncio

Cultura

Crítica

Séries

Literatura

Música

Anúncio

Tendências

Descubra mais sobre Vivente Andante

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter acesso ao arquivo completo.

Continue reading