Cinema
Ameaça Profunda | Crítica com Spoiler
Publicado
4 anos atrásem
Ameaça Profunda (Underwater) é um thriller que traz a atriz Kristen Stewart como protagonista, contando também com a participação de Vincent Cassel como Capitão. Ainda que o filme tenha recebido críticas negativas por não saber como conduzir o efeito do suspense em um ambiente como as profundezas do oceano, alguns pontos podem ser considerados.
Primeiramente, a tripulação está na base Kepler, aproximadamente 10 km de profundidade, com 316 tripulantes. Sob as águas por meses, isolados do que seria o mundo real, a protagonista divaga suas impressões e as compartilha conosco. Um tanto pessimista, afinal, meses em confinamento no fundo do oceano, dentro de algo como uma capsula, torna os seres mais melancólicos e pensativos. Dia ou noite, sonho ou realidade, tudo se perde, pois parece que a base Kepler está fora do tempo e do espaço.
Acontece um “acidente”, um terremoto – não sabemos de fato o que foi nesse momento. Sabemos que os sobreviventes são poucos (Norah, Rodrigo, Capitão, Smith, Paul e Emily) eles terão que enfrentar situações de alto risco para tentarem sobreviver, saindo da Kepler para alcançarem a broca Roebuck e se ejetarem em cápsulas. Aliás, a sonoplastia contribui para um efeito de suspense, contudo, nesse filme em específico o que dá para notar é que o importante é mostrar como acontece uma situação, o que leva à diminuição do efeito de suspense. Os efeitos especiais tentam nos colocar dentro dos efeitos da Física.
Em busca de si
Em Ameaça Profunda os personagens vestem-se com as roupas e capacetes adequados. Pensando subjetivamente e saindo da ação propriamente dita, o que parece é que estão fora do mundo, em busca de si mesmos – o que é sempre uma busca arriscada e muitas vezes asfixiante. Estão procurando por seus próprios núcleos, antes talvez que a explosão aconteça. “O buraco é mais embaixo”, diz o ditado popular, para chegarem à broca Roebuck terão que descer mais….
Nessa busca de sobrevivência descobrem que a causa do acidente foram monstros marinhos. Pode parecer clichê ou falta ee inventividade deixar o suspense a cargo de monstros marinhos, mas se seguirmos a linha de raciocínio que traçamos nesta interpretação, observamos duas possibilidades. Uma é que, ao saírem da Kepler, descendo no mais profundo do terrível oceano, encontramos com o que nos atemoriza e não vemos quando estamos menos profundos, lá nossos medos e fantasmas; nossa humanidade tão frágil e limitada diante da imensidão ou mesmo das circunstâncias.
Outra – e que é dita no filme -, é que os seres humanos são a causa desses monstros ao explorarem os recursos da natureza indiscriminadamente. A tripulação viu e lutou contra o efetito da própria destruição da Natureza que eles praticavam no fundo do mar. Apenas dois sobreviventes – o casal Emily e Smith. Norah, que chega com eles à Roebuck, vendo que uma das capsulas estava com defeito, decide ficar e se explodir com o núcleo da base, descansando, assim, sua busca e seus temores.
Trailer:
Paula Albuquerque escreve entre passos e janelas, busca na educação, na arte, na cultura, nas ciências e no pensamento crítico, caminhos de transformação das diferentes realidades do país, assim como busca desenvolver tais habilidades em si, aprendendo sempre que possível. Cursou bacharelado e licenciatura em Letras, Mestrado em Letras - Ciência da Literatura e atualmente lê a bibliografia das disciplinas do Doutorado, na mesma área, em casa por causa do coronavírus.
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Cinema
‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica
Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.
Publicado
9 horas atrásem
24 de abril de 2024Por
Livia BrazilUns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.
Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.
Muito rock
Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.
Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.
Roteiro
Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.
Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.
Sintonia fina
George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.
Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.
Nostálgico
Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!
Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:
Ficha Técnica
AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL
Brasil | 2023 | Comédia
Direção: Tomás Portella
Roteiro: L.G. Bayão
Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.
Produção: Luz Mágica
Coprodução: Globo Filmes e Mistika
Distribuição: H2O Films.
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