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Crítica

‘Contos de Axé’ faz viajar e aprender junto com os Orixás

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Resenha Contos de Axé Editora Malê

Contos de Axé pede a benção de 18 Orixás para contar histórias. Cada uma de um jeito, de uma forma, mas todas bem escritas. Algumas mais didáticas, outras com muito subentendido. Por exemplo, o conto que abre o livro é baseado em Exu e traz o desespero de um estudante ao ver que pode estar em perigo. Ele encontra a paranoia delirante, o que me fez lembrar da música do rapper Xis, “De Esquina”.

Aliás, ouça abaixo a conversa que tivemos com Nasi, que produziu e participou do roteiro, e Baba Julio, sobre o filme vencedor de Melhor Documentário no Festival do Rio 2022, Exu e o Universo:

Em seguida, Orumilá vem na criatividade de Nei Lopes, de uma maneira lúdica e mística, ensinando sobre Ifá, era um pássaro muito grande e especial. Logo depois, um conto sobre racismo e lições de vida. Jeferson Tenório traz Ogum à beira mar para fazer justiça. Afinal, “às vezes as pessoas precisam de mais algum tempo no mundo para serem educadas” como diz a mãe de santo. Leitura fácil e gostosa, com final certeiro e acertado.

“Batiputá”, de Socorro Acioli, traz uma filha de Oxóssi encontrando os saberes da floresta. Esse tem a graça da visão feminina, uma sutileza encantadora. É para ler numa rede de tucum, talvez em boa companhia, ou num sonho esverdeado.

“O menino que insistiu”, de Paula Gicovate, fez meus olhos encherem de água, com um Omolu contemporâneo, um garoto de favela, e um jeito de filme. Outros que se destacam são sobre Oxum, Iemanjá, Odudua e Oxalá.

“Caderno de Mergulho”, de Juliana Leite, é de uma beleza mística e marítima; o de Odudua, por Aildil Araújo Lima, é materno e sensível e “Homenagem ao Professor” fecha o livro sob a sabedoria de Oxalá na escrita de Edimilson de Almeida Pereira.

Enfim, no geral, a diversidade de visões e escritas é engrandecedora. A edição da Malê é bonita, com desenhos dos Orixás em estilo tribal africano e um carinho com cada conto. Todos trazem uma introdução explicando sobre o Orixá que o inspira e o final do livro tem pequenas biografias dos autores participantes.

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Cinema

‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

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Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

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