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Crítica | ‘Curtas Jornadas Noite Adentro’ reflete sobre samba, opressão e união

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Curtas Jornadas Noite Adentro

“Curtas Jornadas Noite Adentro” é um filme feito por Thiago B. Mendonça conhecido por curtas como “Belos Carnavais”, o qual, aliás, tem exibição antes do longa, e por alguns outros longas como “Um Filme de Cinema”.  Nele, acompanharemos seis sambistas de São Paulo que tentam trilhar seu caminho nas noites em que tocam samba. Podemos observar a realidade de seus cotidianos e como ela afeta a cada um deles, seja individualmente ou em grupo; mostrando assim a realidade de vários brasileiros, principalmente a comunidade negra.

Uma pessoa mais acostumada com filmes cheios de ação, tensões e conflitos ocorrendo o tempo todo, pode, em um primeiro momento, estranhar seu ritmo mais devagar. Este filme nos mostra o cotidiano, o tempo todo nos é apresentado a um pouquinho de cada um dos personagens, para que possamos entender o mundo de cada um deles. Para a construção de sua narrativa essa cadência, de ritmo lento, não é algo ruim, pelo contrário, é ótima para sentir o que cada personagem sente, e, o principal, sentir a opressão que cada um compartilha conosco.

Identificação

Conforme conhecemos mais cada um deles, mais vamos nos identificando, sentindo como se eles fossem amigos nossos. Vemos que os personagens são pessoas reais, como eu ou você. Pessoas que, às vezes, tem um péssimo e precário emprego, condições ruins, famílias desestruturadas, pessoas que podem ter perdido sua fé; caso ela seja religiosa. Ou aquelas pessoas que, de modo geral, a cidade oprime. Pessoas que, como nós, por vezes se agarram à alguma coisa, qualquer coisa, que seja capaz de nos dar esperança – como, no caso do filme, o sonho de ascender como uma banda de Samba.

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Sinceramente, só terá alguma dificuldade em se identificar quem tem mais privilégios e vive sua vida sem olhar para os lados. Ou, principalmente, aqueles que fazem força para não se identificarem, aqueles que a cidade não oprime.

Ou seja, mesmo eu, que não sou negra, consigo ver a forte mensagem que cada cena passa. Pois a opressão está o tempo todo rodeando a todos nós, negros, mulheres, gays, trans, uma mais que os outros, mas está. O final do filme acaba sendo forte e passando um sentimento bom.

Por fim, depois de ver ao longo de “Curtas Jornadas Noite Adentro” toda a opressão que se faz presente em suas diversas dinâmicas, no núcleo familiar, no trabalho, na igreja, com a polícia, além de muitas outras, o filme consegue fechar, ainda assim, com uma sensação de união. Como quem diz que, apesar de tudo isso, ainda podemos nos agarrar a esse pequeno sonho que nos faz ainda querer levantar da cama, seja ele qual for… E que, de algum jeito, ficando juntos, podemos conseguir, pelo menos, dias melhores.

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Estudante de Cinema, editora de vídeo e formada em Design de Animação. Ama jogos, filmes, séries, quadrinhos, mangás, livros, não importa a mídia sempre procura histórias.

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Cinema

‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

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Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

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