Cinema
Crítica | ‘Downton Abbey II: Uma Nova Era’ traz bela direção de arte
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2 anos atrásem
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Felipe Novoa“Downton Abbey 2” é o final de um ciclo para a série que encantou o mundo. Se passando no final dos anos 1920, o filme mostra a mais nova aventura da família Crawley e dos seus criados. Entre revelações bombásticas, casamentos e muito drama burguês, “Downton Abbey 2” entrega duas horas de diversão leve sem muita substância ou profundidade.
História
Como um todo, o plot do longa é bem simples, a Lady Violet (Maggie Smith) ganha uma villa no sul da França de um antigo peguete e cabe ao seu filho (Hugh Bonneville), nora (Elizabeth McGovern) e um considerável séquito, irem até lá resolver todas as pendências legais. Enquanto isso, a Lady Mary (Michelle Dockery) e o resto dos serviçais ficam em Downton para cuidar das filmagens de um filme mudo que se passa no castelo.
De forma simples, a história é apenas um fio condutor quase irrelevante. O plot da gravação do filme some depois de um tempo e a parte na França é sobre pequenos problemas familiares. Essencialmente, “Downton Abbey 2” é um conjunto de cenas soltas que se unem em volta de pequenas atitudes passivo-agressivas, a falta de um conflito de classe e muito chá.
Felizmente, existe evolução em dois personagens. A já mencionada Lady Mary e o seu jovem mordomo Barrow (Robert James-Collier) consegue mudar um pouco entre a série, o filme anterior e essa nova e final aventura. Dentre as dezenas de personas retratadas no longa, essas duas são as únicas que passam por alguma forma de crescimento pessoal. No meio de um filme quase despropositado, eles oferecem um resquício de senso de fechamento. Vale também lembrar que Barrow é um personagem LGBTQI+ num drama histórico. Apesar de estar enfurnadinho no armário, esse mordomo tem uma vida particular além do trabalho, e é bom saber que ele consegue ser feliz com um bigodado bonitão.
A leveza do ser
Entre os dois núcleos de personagens, nobres e funcionários, existe uma servitude tão apaixonada que isso quase beira o cômico. Feliz e infelizmente, é isso que a audiência parece querer, já que em nenhum momento existe alguma vontade de inserir um conflito social mais relevante. Assim, “Downton Abbey 2” parece ser uma propaganda idílica sobre a elite britânica num momento em que o as monarquias e todo o seu aparado/pessoal decorativo se provam inúteis e custosos.
Pior do que isso, parece que Downton Abbey justifica uma divisão gritante e preocupante de classe, trabalho e dinheiro. Pessoas pobres servindo felizes a todos os desejos de uma elite que é tão útil quanto uma geladeira no Alasca. Em pelo menos dois momentos duas personagens falam sobre como tiveram uma boa e interessante vida, enquanto são paparicadas por trabalhadores cansados e mudos. Mesmo que a expansão do socialismo na Europa não seja o ponto de “Downton Abbey 2”, é de uma falta de tato atroz ignorar essa mudança no cenário político num filme que vende o lazer fantástico dos ricos.
Finalmente
Terminando, “Downton Abbey 2” é bonito, mas mal editado. A montagem final parece corrida e sem nexo, criando transições brutas e possibilitando diálogos vazios em vários momentos. Por outro lado, a fotografia, os cenários e os figurinos estão todos belíssimos. Cada roupa, ambiente e escolha de fotografia carregam uma autoridade que chega a surpreender num filme que tecnicamente é insuficiente.
Dessa forma, “Downton Abbey 2” é só prazer, sem julgamento de valor ou temas sérios. Como finalização para a série, o longa parece ser uma forma meio forçada de amarrar todos os fios soltos a fim de criar uma catarse. Pelo menos é bonitinho, e a Lady Violet continua hilária e mortalmente mordaz.
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Crítico/fotógrafo. Atualmente focando na graduação em jornalismo e escrevendo muito.
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Cinema
‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica
Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.
Publicado
11 minutos atrásem
24 de abril de 2024Por
Livia BrazilUns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.
Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.
Muito rock
Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.
Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.
Roteiro
Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.
Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.
Sintonia fina
George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.
Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.
Nostálgico
Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!
Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:
Ficha Técnica
AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL
Brasil | 2023 | Comédia
Direção: Tomás Portella
Roteiro: L.G. Bayão
Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.
Produção: Luz Mágica
Coprodução: Globo Filmes e Mistika
Distribuição: H2O Films.
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