Cinema
O Fim do Mundo | Longa mostra a realidade de favela em Lisboa
Publicado
4 anos atrásem
O Fim do Mundo é um bom filme feito numa co-produção da Suíça com Portugal. O início traz o batismo de uma criança, como se fosse um novo começo, uma nova esperança. Mas, será que isso é possível? O filme tem várias coisas diferenciadas, por exemplo, conta com um elenco não profissional. Além disso, foi filmado no bairro periférico da Reboleira em Lisboa pelo diretor Basil da Cunha, um suíço filho de imigrantes portugueses. É o segundo longa dele.
O filme me fez pensar nas favelas do Rio de Janeiro. No bairro da Reboleira, a maioria da população é ou descende de imigrantes das antigas colônias portuguesas na África, ou seja, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, e, a maior parte, de Cabo Verde. A questão histórica se faz presente, os resquícios da colonização, assim como é no Brasil.
O fato do elenco ser amador traz uma outra veracidade ao filme e Basil consegue imprimir uma beleza romântica em várias cenas, ao mesmo tempo que não foge de mostrar a realidade pobre do local, a falta de perspectivas dos jovens e a especulação imobiliária que não se preocupa com as pessoas e suas vidas.
Retrato da Reboleira
O Fim do Mundo tem como protagonista o jovem Spira, de 18 anos. O rapaz passou os últimos 8 anos de sua vida num reformatório. De volta à Reboleira, a favela onde cresceu em Lisboa, reencontra seus amigos. Spira percebe que as coisas estão mudando. E o quanto ele mudou? Ao longo do filme, vamos pescando pequenas informações sobre ele, até que seus atos e palavras demonstram o que está no seu coração. Apesar de tudo, alguns ainda sonham, como Iara, por quem Spira se apaixona, ou Giovani que quer se tornar um dos grandes chefes do crime. Ainda por cima, tem o traficante Kikas, louco pelo time do Benfica.
Certamente, é o retrato de uma geração que vive naquelas situações que se apresentam durante o filme. Acaba por trazer também toda uma crítica social por trás, da mesma forma que Basil homenageia o bairro pelo qual tem tanto carinho, colocando seus moradores na frente das câmeras para viver outras vidas que na verdade são as mesmas. Será que há espaço para o amor quando não há espaço para sonhos?
*O Vivente Andante recebeu o convite para ver antes alguns dos principais filmes do Panorama Digital do Cinema Suíço que chega à sua 8ª edição. O evento acontece de 27 de agosto a 6 de setembro. Os filmes serão exibidos gratuitamente na plataforma Sesc Digital. O festival é uma realização do Consulado da Suíça em São Paulo e do Sesc São Paulo, com a agência de cinema Swiss Films.
Ademais, veja mais:
Sérgio e o Buda | Crônica
Por fim, veja vídeos de viagens no Canal Vivente Andante
Além disso, conheça o filme Trekking Terra dos Cânions: Expedição São José dos Ausentes
Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.
Você pode gostar
Estreias da Filmicca | O quer assistir na primeira quinzena de Janeiro
‘O Fim do Mundo’ e outras estreias na Filmicca
Festival gratuito | 8º Panorama Digital do Cinema Suíço traz estreias até domingo
8º Panorama Digital do Cinema Suíço faz live com os diretores Kleber Mendonça e Basil da Cunha
8º Panorama Digital do Cinema Suíço começa com “Praça Needle Baby”, baseado em bestseller
Meu Primo Inglês | Uma crônica sobre imigração
1 Comentário
Escreve o que achou!Cancelar resposta
Cinema
‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica
Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.
Publicado
12 horas atrásem
24 de abril de 2024Por
Livia BrazilUns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.
Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.
Muito rock
Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.
Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.
Roteiro
Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.
Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.
Sintonia fina
George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.
Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.
Nostálgico
Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!
Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:
Ficha Técnica
AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL
Brasil | 2023 | Comédia
Direção: Tomás Portella
Roteiro: L.G. Bayão
Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.
Produção: Luz Mágica
Coprodução: Globo Filmes e Mistika
Distribuição: H2O Films.
POR FIM, LEIA MAIS:
‘Evidências do amor’ | Crítica
‘Morte, vida e sorte’ é homenagem ao artista independente | Crítica
‘Saudosa Maloca’ leva personagens de Adoniran Barbosa à tela de cinema | Crítica
‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica
‘Viagens 2024’, de diretores brasileiros, será apresentado na França
Tom Jobim e Michel Legrand ganham homenagem no Rio de Janeiro
‘Princesa Violeta’ | Resenha por Paty Lopes
Cultura
‘Viagens 2024’, de diretores brasileiros, será apresentado na França
A obra estará presenta no Salão Internacional de Artes, em Paris.
‘Cem Anos de Solidão’ | Netflix apresenta as primeiras imagens da série
A Netflix apresenta as primeiras imagens de "Cem Anos de Solidão", série baseada no célebre romance de Gabriel García Márquez.
Festival de Cinema de Xerém anuncia filmes selecionados
27 curtas-metragens de sete estados brasileiros concorrem ao Troféu Zeca Pagodinho.
XV Festival de Cinema da Fronteira divulga programação
O evento gratuito acontece de 23 a 27 de abril de 2024 nas cidades de Bagé (RS), Sant'Ana do Livramento...
Crítica
‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica
Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.
‘Rivais’ | Crítica
Novo longa de Luca Guadagnino, protagonizado por Zendaya, estreia no Brasil em 25 de abril.
‘Névoa prateada’, de Sacha Polak, é filme para refletir | Crítica
O longa estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.
Conheça o ‘Stalker’ do Estação Net
Em um dia ensolarado de março, as ruas de Botafogo estavam agitadas com uma atmosfera cultural única. O Estação Net,...
Séries
‘Bipo’, série infantil nacional de animação, estreia na TV Brasil
A série, que conta a história de uma trupe circense, estreia em 3 de abril.
‘Parasyte: The Grey’ | Série de ficção-científica estreia em abril na Netflix
O que aconteceria se formas de vida parasita se infiltrassem na Coreia do Sul? Essa premissa arrepiante ganha vida no...
‘No ano que vem’, dirigida por Maria Flor, estreia no Canal Brasil
Com Julia Lemmertz e Jeniffer Dias, série estreia em 4 de março.
Série ‘Como elas fazem’ investiga processo criativo de realizadoras brasileiras
Série estreia em 21 de fevereiro na internet, om acesso gratuito.
Literatura
‘Princesa Violeta’ | Resenha por Paty Lopes
Penso que essa leitura tem muito a dizer sobre o futuro das mulheres em nossa sociedade, principalmente diante do que...
HQ ‘Bitch Planet’ é jornada rumo à liberdade feminina
História narra pautas feministas com um toque de humor ácido em um universo distópico.
Capitu Café apresenta sarau de escrita que dialoga com Clarice Lispector
O Sarau Mulher: Corpo, Fala e Escrita terá presença de nove escritoras contemporâneas.
Entrevista exclusiva com a escritora Lícia Mayra | “Quando nossos livros ganham alguma relevância, são nichados como ‘literatura feminina’, como se não pudéssemos ser, também, universais.”
A autora de "Vingança é um prato que se come com Chandon" fala sobre o livro e sua jornada como...
Música
Tom Jobim e Michel Legrand ganham homenagem no Rio de Janeiro
Concertos acontecem em Petrópolis e na capital.
Johnny Hooker comemora 20 anos de carreira no Circo Voador
Show, que tem presença do DJ Victor Azevedo, acontece no dia 27 de abril.
Orquestra Sinfônica Brasileira | Série Mundo celebra música da Espanha
A tradição sinfônica da Espanha ganhará celebração no concerto da Série Mundo que a Orquestra Sinfônica Brasileira leva ao palco do Theatro Municipal do Rio...
Biohazard faz show com Raimundos no Circo Voador
Biohazard volta ao Rio de Janeiro após 10 anos. Raimundos é a banda de abertura.
Tendências
- Literatura1 mês atrás
Clésia Zapelini ressignifica perda do filho em livro
- Eventos1 mês atrás
Luiz Baltar lança exposição “Rio de Cidades” em Nova Iguaçu
- Cinema4 semanas atrás
‘Instinto Materno’ | Crítica
- Literatura1 mês atrás
‘Sra. Capa’, livro de Fabiana C.O., retrata sobrecarga feminina
- Cinema1 mês atrás
‘Uma vida: A história de Nicholas Winton’ emociona ao narrar a vida de humanitário
- Cinema1 mês atrás
‘Saudosa Maloca’ leva personagens de Adoniran Barbosa à tela de cinema | Crítica
- Música4 semanas atrás
DCarvalho lança novo álbum de MPB
- Cinema2 meses atrás
Duna: Parte 2 – Entenda porque a sequência é impactante
Pingback: 8º Panorama Digital do Cinema Suíço faz live com os diretores Kleber Mendonça e Basil da Cunha