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Cinema

Tesla | Ethan Hawke vive o gênio em filme que tenta ser visionário

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Filme 'Tesla'

Tesla traz Ethan Hawke como esse inventor. O filme traz algumas brincadeiras interessantes com suposições, ironias e a quebra da quarta parede (quando um personagem se dirige diretamente ao espectador). O longa escrito e dirigido por Michael Almereyda estreou em janeiro passado no Festival de Cinema de Sundance.

Nikola Tesla chegou aos Estados Unidos como um imigrante cheio de sonhos, expectativas e esperanças. Estava de coração aberto. Logicamente não estava pronto para a realidade. Entendo perfeitamente os sentimentos dele nesse sentido, após passar alguns meses em Portugal para estudar. Cheguei dessa forma, mas rapidamente me deparei com xenofobia, desconfiança, antipatia.

Então, foi possível me identificar com algumas decepções pelas quais Tesla passa, como sua ingenuidade em certos momentos, quando acredita na palavra de homens preocupados somente com dinheiro. Tesla aparece como alguém que vê além, percebe o imperceptível e cria inventos maravilhosos, mas acaba sendo enganado e ludibriado por inescrupulosos. Nikola Tesla é considerado um gênio injustiçado, pois inventou muita coisa (grande parte delas permite que você esteja usando um computador ou celular agora), mas suas patentes acabaram indo para outros. O gênio nasceu no finado Império Austro-Húngaro, onde hoje seria a Croácia, em 1856.

Aliás, veja o trailer:

O filme Tesla viaja por certa ludicidade e o inventor é posto como um grande idealista, um verdadeiro visionário, que via um pouco do mundo como ele é hoje, porém, não se adaptava ao capitalismo. Em várias ocasiões, vemos esse embate de idealismo contra capitalismo e o alto nível de honra presente em Nikola Tesla.

Interessante porque em outro mundo, ou seja, antes da pandemia, em janeiro de 2020, pude ver em uma cabine para a imprensa outro filme na mesma temática: A Batalha das Correntes. Indubitavelmente, esse último é superior cinematograficamente. Ambos se passam no final do século 19, quando Thomas Edison e George Westinghouse travam uma disputa pela forma da distribuição da eletricidade. Edison faz uma campanha pela utilização da corrente contínua, já Westinghouse defende a corrente alternada, com o auxílio de Nikola Tesla, que tem participação ínfima no longa.

Em Tesla, o foco é, claro, nesse inventor, porém, é mais sobre o homem. Infelizmente, o longa-metragem não faz jus ao gênio, não prende, é fragmentado, raso. E, na comparação com ‘A Batalha das Correntes’, fica muito atrás, apesar de esse louvar Thomas Edison, o qual não era nenhum grande herói e fez de tudo para atrasar e atrapalhar Nikola Tesla, que objetivava eletricidade gratuita para todos. Uma pena, Nikola Tesla merecia um filme muito melhor que ajudasse a humanidade – que ele tanto queria auxiliar – a perceber mais um pouco do grande gênio que ele realmente foi. Um humanitário, um sonhador, um gênio. Só por isso, já pode valer a pena dar uma olhada em Tesla.

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2 Comentários

1 Comentário

  1. Pingback: Meu Primo Inglês | Uma crônica sobre imigração

  2. Nobre

    17 de dezembro de 2022 at 07:00

    Portugal é um país xenofobo e antipático? Curioso… não se entende porque vêm para cá. Já o vosso é muito melhor, com a insegurança e com falta de carácter e princípios entre vós. Povo ignorante, mentiroso e muito pouco competente.

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Cinema

‘Névoa prateada’, de Sacha Polak, é filme para refletir | Crítica

O longa estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.

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nevoa prateada

Névoa prateada é um filme arrebatador que, com certeza, não vai passar incólume. O longa propicia emoções intensas, sejam elas positivas ou negativas. Fato que muitos não irão gostar. Alguns podem considerá-lo extremo demais, pesado demais. Os espectadores acostumados a tratar o cinema somente como forma de entretenimento e diversão provavelmente não irão gostar, já que é um filme que propõe análise e questionamentos. E que retrata uma realidade comum em alguns lugares da Inglaterra – e também de outros locais. Contudo, para quem gosta de assistir filmes que criticam a sociedade e comportamentos é um prato cheio. E para quem pretende aprender com o audiovisual também.

Mas sobre o que fala Névoa prateada?

A protagonista do filme é Franky, uma enfermeira de 23 anos que vive com a família em um bairro no leste de Londres. Obcecada por vingança e com a necessidade de encontrar culpados por um acidente traumático ocorrido há 15 anos, ela é incapaz de se envolver em um relacionamento com alguma profundidade. Até que se apaixona por Florence, uma de suas pacientes. As duas fogem para o litoral, onde Florence mora com a família. Lá, Franky encontrará o refúgio emocional para lidar com as questões do passado.

A saber, a atriz Vicky Knight, intérprete de Franky, venceu o Prêmio do Júri do Teddy Award do Festival de Berlim. Além disso, o longa recebeu indicação de Melhor Filme no Panorama Audience Award e foi destaque na programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São PauloParticipou, também, dos prêmios Dinard British Film Festival (vencedor como melhor filme), Tribeca Film Festival (indicado ao Best International Narrative Feature), FilmOut San Diego US, Sunny Bunny LGBTQIA+ Film Festival, entre outros.

Vicky Knight
A atriz Vicky Knight, protagonista do longa. Foto: Divulgação.

A diretora de Névoa prateada, Sacha Polak, costuma levar para filmes temas difíceis, que poderiam facilmente ser assunto de terapia. A necessidade de se sentir amada, preconceitos, dificuldade de esquecer uma situação, aceitação. No longa em questão, Sacha trata de vários assuntos, como autoaceitação e, também, dificuldade de perdoar. Porém, apesar de ter uma gama de temas, o filme não se torna cansativo ou confuso. Muito pelo contrário, o roteiro passa para o espectador muito bem todos os conflitos da protagonista.

Além disso, Franky não é apresentada de forma piegas ou clichê. Por ter sido vítima de um incêndio, a personagem tem marcas em sua pele que poderiam, em uma narrativa mais lugar comum, transformá-la em uma pessoa que se vitimiza ou que é vista como coitadinha o tempo todo pelos outros. Mas não é isso que Sacha quer passar para quem assiste. E, apesar de não ter uma vida fácil, é possível enxergar Franky para além de suas cicatrizes. Franky é uma personagem complexa, completa e muito bem desenvolvida, tanto pelo roteiro quanto por sua intérprete.

Talvez por já ter trabalhado com Sacha Polak anteriormente, Vicky Knight tem facilidade em transpor para a tela os conflitos internos de Franky sem deixá-la simples demais ou transformá-la em um mártir. Também ajuda ter passado por situações parecidas com as da personagem. O fato é que foi justo o prêmio Teddy Awards que Vicky recebeu, já que consegue trabalhar nos detalhes, algo que nem todo ator tem sucesso.

Fotografia

Apesar de ser um recurso bastante comum, não deixa de ser interessante ver o filme em cores mais frias, já que Franky não tem uma vida fácil e passa por conflitos internos durante todo o filme. Também é possível que tal característica seja por ter sido filmado na Inglaterra, onde não há mesmo muito sol. Todavia, fica claro que Sacha Polak – e também a fotografia de Tibor Dingelstad – quis expressar o interior de Vicky nas cores frias que vemos nas cenas.

Além disso, a escolha de planos abertos quando Vicky se encontra perdida em sua vida e planos mais fechados quando ela começa a se encontrar ajudam a contar a história da protagonista. E, também, de sua coadjuvante, Florence. Aliás, Esme Creed-Miles arrasa na interpretação da menina totalmente sem rumo e influenciável. Se há algo negativo nesse filme é que Florence poderia ter tido mais espaço. E também, talvez, poderia ter havido mais cenas de Franky e Alice. Vicky Knight e Angela Bruce têm uma química muito boa em tela e poderia ter sido mais explorada.

Angela e Vicky
Angela Bruce e Vicky Knight. Foto: Divulgação.

Para resumir, é um filme bastante introspectivo, bonito e reflexivo, que mostra, de forma original, o valor das pessoas que nos rodeiam. Névoa prateada estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.

Por fim, fique com o trailer:

Ficha Técnica

NÉVOA PRATEADA (Silver Haze)

Holanda, Reino Unido | 2023 | 1h42min. | Drama

Direção e roteiro: Sacha Polak.

Elenco: Vicky Knight, Esme Creed-Miles, Archie Brigden, Angela Bruce, Brandon Bendell, Carrie Bunyan, Alfie Deegan, Sarah-Jane Dent.

Produção: Viking Films.

Distribuição: Bitelli Films.

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