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‘Um Lugar Bem Longe Daqui’ é força feminina sensível e resiliente

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crítica um lugar bem longe daqui

Um Lugar Bem Longe Daqui (Where The Crawdads Sing) é um filme literário. Não somente por ser baseado em um livro, um romance best-seller de Delia Owens, mas pelo seu estilo, pela sua beleza, pela poesia pantanosa que persiste e sua profundidade.

Como diria um crítico que conheço “um filme tem que saber entrar”. Esse sabe entrar – e sabe sair. As cenas iniciais, com lindos planos abertos mostrando as belezas do pântano enquanto uma ave sobrevoa dizem muito sobre o longa. A fotografia de Polly Morgan encanta, ao usar bem a iluminação daquele tipo de terreno tão misterioso para exaltar o tom de suspense, tristeza e beleza que o filme. solicita. É envolvente.

O espectador conhece e se importa com a protagonista Kya. Uma garota que convive com o abandono desde a infância e que cresceu sozinha até a idade adulta nos pântanos da Carolina do Norte. Enquanto isso, rumores e lendas sobre a “Menina do Brejo” percorrem Barkley Cove, isolando ainda mais Kya da comunidade, ou seja, da sociedade, que vai se mostrando cruel, preconceituosa e sexista.

Entretanto, a jovem acaba conhecendo um rapaz e se abre para um mundo novo. Em seguida, outro surge em sua vida, mas acaba sendo encontrado morto. Logo ela é apontada pela comunidade/sociedade como a principal suspeita.

Resiliência

A atriz que vive Kya criança, Jojo Regina, entrega fofura, carisma e talento. Por outro lado, Daisy Edgar-Jones vai além com a protagonista na fase adulta: vulnerabilidade e ingenuidade com resiliência e adaptabilidade. Ela trabalhou duro para suprimir seu sotaque londrino e se transformar na “menina do brejo”.

Há uma solidão que emociona. A personagem principal é solitária, mas ao mesmo tempo não, ela tem o pântano, em verdade, ela é o pântano, é aquele ecossistema que se autoalimenta dotado de um fascínio selvagem. Ela faz arte, ela é arte, assim como a natureza.

A forma como a montagem e a direção colocam os acontecimentos passados e presentes, e como é um drama sobre uma mulher que foi abandonada por tudo e todos e, ao mesmo tempo, um filme de tribunal, é cativante. Mantém o espectador atento.

Daisy Edgar-Jones envolve o público (divulgação Primeiro Plano)
Daisy Edgar-Jones envolve o público (divulgação/Primeiro Plano)

Um Lugar Bem Longe Daqui consegue ter lirismo e suspense. Além disso, é uma ode ao pântano, à mulher e essa necessidade de possuir modos inventivos para sobreviver a tudo que possa surgir.

O pântano é um tipo de ecossistema com planícies parcial ou totalmente inundadas, cobertas com uma vegetação densa e um solo cheio de matéria orgânica. É essencial para a manutenção e sobrevivência dos seres vivos e habitat de uma infinidade de aves, peixes e outros organismos aquáticos. Kya tem a força da natureza ao seu lado e a proteção contra tempestades, enchentes.

Lágrimas

Chorei algumas vezes. Contudo, o filme atinge o público feminino com ainda mais eficiência, pois esse é o lugar de fala proposto. A mocinha não é uma indefesa que precisa da proteção masculina.

A equipe de filmagem é exclusivamente feminina e a de produção majoritariamente feminina – e isso faz toda a diferença. Uma das produtoras é Reese Witherspoon, vencedora do Oscar de Melhor Atriz por Johnny & June, em 2006. A direção de Olivia Newman fornece imagens belas e simbólicas usando o reflexo das águas, os cenários esplendorosos que o pântano oferece. Ademais, mantém o público ligado e torcendo por Kya. O roteiro de Lucy Alibar procura não deixar furos e oferece bons plot twists, até previsíveis, mas o que importa é como a história é contada.

Um Lugar Bem Longe Daqui é sobre sobrevivência e uma sociedade sexista, cruel e que subestima as mulheres, a força feminina, sua capacidade de superaação. É sensibilidade e poder. É sagrado feminino. O julgamento que vemos no filme, como a própria personagem coloca em uma cena na cela, é sobre a comunidade que sempre a excluiu.

Taylor Swift

Após o fim, fiquei sentado vendo os créditos subirem, embalado numa canção melancólica cuja melodia me fez permanecer sentado. Era “Carolina”, de Taylor Swift, música que traduz muito bem a película, entre névoas, riachos e solitude. Ela compôs especialmente para o filme usando instrumentos da época em que a história se passa (anos 60) para criar.

Um Lugar Bem Longe Daqui é um livro no qual mergulhei fundo quando o li anos atrás. Assim que soube que tinha um filme em andamento estrelado pela incrível Daisy Edgar-Jones e produzido pela brilhante Reese Witherspoon, eu soube que queria fazer parte dele do lado musical. Eu compus a música ‘Carolina’ sozinha e pedi ao meu amigo Aaron Dessner para produzi-la. Eu quis criar algo inquietante e etéreo para combinar com essa história hipnotizante”, afirmou Swift.

Afinal, o lugar de fala do longa é feminino, mas a personagem é universal. Chorei diversas vezes com o longa-metragem e foi uma delícia sentir tais emoções. O final é resultado de toda a construção que se desenrola e nos faz rever a jornada de Kya.

Enfim, Um Lugar Bem Longe Daqui é Sétima Arte que conecta e une amor, arte e morte na natureza amoral. Estreia dia 1º de setembro nos cinemas.

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Cinema

‘Rivais’ | Crítica

Novo longa de Luca Guadagnino, protagonizado por Zendaya, estreia no Brasil em 25 de abril.

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rivais

Existem muitos filmes de esportes. A maioria só é capaz de agradar aos fãs de cada disciplina. Poucos furam bolhas e se tornam interessantes para os não entendidos.  Quando conseguem é porque trazem algo a mais. O novo filme de Luca Guadagnino (Me Chame Pelo seu Nome) faz isso misturando tênis, romance e comédia. Uma receita muito bem sustentada pelo elenco talentoso.

Mike Faist e Josh O'Connor e Zendaya.
Mike Faist, Zendaya e Josh O’Connor. Foto: Divulgação.

A sinopse do filme é: Tashi Duncan é uma atleta prodígio do tênis que se tornou treinadora, uma força da natureza que não pede desculpas por seu jogo dentro e fora da quadra. Casada com Art, campeão numa fase ruim da carreira, acumulando derrotas nos últimos jogos, Tashi arquiteta uma estratégia para a redenção do marido que toma um rumo surpreendente quando ele deve enfrentar o fracassado Patrick nas quadras. Patrick foi o melhor amigo de Art e é ex-namorado de Tashi. Quando o passado e o presente entram em colisão, e as tensões aumentam, Tashi deve se perguntar qual será o custo dessa vitória.

Atuações

A personagem de Zendaya, Tashi, é o centro de um triângulo amoroso entre os dois ex-melhores amigos Patrick (Josh O’Connor) e Art (Mike Faist). Ela teve um affair com Patrick quando mais nova e depois tornou-se treinadora e esposa de Art. Misha, porém, não é nada parecida com as mocinhas dignas de disputa de heróis. É exigente, direta, não aceita derrotas e tem uma veia manipuladora.  É uma personagem que deixaria Julienne de O Casamento Do Meu Melhor Amigo orgulhosa.

Mike Faist e Josh O’Connor. Foto: Divulgação.

Porém, Zendaya não brilha sozinha, seus companheiros de cena estão à altura.  Josh O’ Connor nos convence de que é um atleta talentoso, porém arrogante. Mike Faist nos convence que é mediano, mas disciplinado. A história de Rivais precisa que nenhum dos personagens principais fique ofuscado e conta com um elenco com muita química. E que química! Não só entre Misha e seus pretendentes, mas entre os dois tenistas também, ficando sempre uma certa tensão no ar.

Resumindo

Mesmo com todo esse drama romântico, o filme não deixa de ser sobre tênis. As cenas esportivas nos prendem na expectativa de sabermos quem vai vencer e revelam um carinho dos realizadores pelo esporte. Com seu elenco e sua história, é certo que agradará até aqueles que não são fãs de tênis.

A saber, Rivais estreia nos cinemas brasileiros em 25 de abril de 2024.

Por fim, fique com o trailer:

Ficha Técnica

RIVAIS (Challengers)

Estados Unidos | 2024 | 2h11min. | Drama, Romance

Direção: Luca Guadagnino

Roteiro:  Justin Kuritzkes

Elenco: Zendaya, Josh O’Connor, Mike Faist, Jake Jensen, Faith Fey, Sid Jarvis

Distribuição: Warner Bros.

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