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Cinema

Educação, Economia e Justiça Social em tempos de crise | Análise de ‘O Poço’ (Netflix)

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El Hoyo e a economia mundial.

Advertência: O conteúdo que estou colocando aqui contem Spoiler do filme, de maneira que recomendo assistir ao filme antes de ler o seguinte texto. Se você não tiver visto ainda o trailer ou alguma referência ao filme, recomendo ainda assistir desse jeito. Como foi o caso do Alvaro Tallarico, como reconhece  na crítica que fez (O Poço | CRÍTICA (Netflix)).

Mesmo assim, se você não quiser assistir o filme por achar que é uma perda do valioso tempo, pode acompanhar as polêmicas que traz e um pouco da discussão que tem provocado, para poder meter a colher em alguma conversação sobre de que vai tanto barulho provocado pelo tal filme  “O Poço” do diretor Espanhol Galder Gaztelu-Urrutia, sem dúvidas entre acompanhar ou não aquela onda. É “obvio” que não recomendo ficar do lado de fora. Mas reconheço que o filme para mim foi como aquelas sobras de comida que recebemos do andar de cima e que tive que fazer a ideia de digerir, só por sobrevivência.

No final, a questão sempre tem muito a ver com o que trata o filme, as misérias do ser humano, sua sobrevivência, e aquele fantasma da fome, a mesma fome que muitos privilegiados anunciam para quem insistir naquela coisa de comunista que virou o “isolamento social” no Brasil, e estão no andar de baixo.

Beneficiados pela crise?

“Em Gouverner par la dette, Lazzarato (2014) leva às últimas consequências
importantes fatores pelos quais o Ocidente tem feito da dívida,
ou daquele velho terror da dívida já identificado por Clastres (2009), um
mecanismo de controle rígido com o intuito de governar o comportamento
maciço de seus indivíduos em populações repartidas sob o critério da
dívida. Alçando o patamar de financista, o Estado passou a ampliar, por
uma série de instituições de confisco e de sequestro de valores e de bens,
o terror da dívida. Junto do Estado e com ele, entram em cena Bancos,
Financeiras, Bolsas, Títulos Públicos e transações inescrupulosas como
políticas  de  privatização  e  de  redução  dos  bens  sociais  públicos  em 
nome uma nova forma de governar o comportamento. No cenário atual,
é “impossível distinguir Estado do Capital” (LAZZARATO, 2014, p. 36).”

Fonte: CARVALHO, A. F. DE. Governar pela dívida e subjetividade funcional na educação: qual o lugar da deficiência?. EDUCAÇÃO E FILOSOFIA, v. 31, n. 63, p. 1419-1441, 30 dez. 2017.

É possível gerar uma crise para criar um grupo de privilegiados que se beneficiem dela, para que outros sofram as consequências negativas e ainda se endividem para pagá-la. Um pouco o que acontece em todas as crise econômicas e financeiras da história.

“Óbvio”, como diria insistentemente o personagem Trimaguasi, interpretado pelo Zoron Eguileor e que explica desde o começo para o protagonista do filme, chamado Goreng (Iván Massagué) – um idealista que entra para “El hoyo” ou “O poço”, algo assim como um “Reality show” prisional – como realmente funciona o negócio ali dentro. Certamente não é aquela coisa, como o “BBB” o “El gran Hermano”, na Espanha.

No filme, tudo gira em torno a um buraco que conecta os andares de cima com os de baixo, por onde passa uma plataforma com comida, que são as sobras que os de cima comem, simples assim. Basicamente é um negocio bem nojento o que acontece no filme, mas é muito parecido com a realidade social que não queremos ver. Quem iria pensar que o novo Corona Vírus foi provocado por um cara chinês, que escolheu comer um morcego no mercado de animais de Wuhan, que parece que não ficou bem cozido e está passando o vírus para todo mundo, literalmente.

Fim da economia

Porém, não é a primeira vez que um vírus ameaça acabar com a economia mundial. Já foi feito, nos laboratórios dos Bancos de Investimentos de Estados Unidos, o grande vírus quase mortal dos derivados da “Crise Subprime”, aqueles que foram vendendo e espalhando para todos os bancos do mundo. Em países como Espanha, acabaram fazendo muita gente se suicidar, pessoas jogando-se de vários andares de  seus prédios, por que perdiam pelas hipotecas aos Bancos que não conseguiam pagar. Aquela crise começou em Estados Unidos, mas as maiores consequências negativas não foram lá. Mesmo como agora parece que a China, não está passando pelas piores consequências, como está sofrendo agora o país do norte.

Na crise anterior, a medicina foi o endividamento público quase sem limites e o resgate aos bancos mais comprometidos. Mas o remédio ficou pior que a enfermidade para alguns países, que sofreram com as politicas de austeridade ou de racionamento da economia. Os ajustes em países como Espanha e Itália sempre atingiram mais os que estão embaixo. Sobre tudo, no que tem a ver com serviços públicos como saúde, que hoje se mostram críticos precisamente nos dois países mencionados, que ao igual que o Brasil congelaram gastos por anos, com reformas constitucionais como o teto do gastos.

Vieira e os cortes

“Para Vieira, o mais intrigante é que os cortes são justificados pelo governo federal como uma necessidade para que a economia volte a crescer. Acontece que, segundo a pesquisadora, o efeito prático desse arrocho tende a ser exatamente o contrário. “Saúde e Educação são os dois pilares do capital humano e, além do desenvolvimento pessoal da sociedade, eles contribuem também para o crescimento econômico. Saúde gera renda”, avaliou. “Se a gente gasta R$ 1 na saúde, o efeito é de R$ 1,70 no PIB. Educação e Saúde têm os maiores multiplicadores fiscais, como demonstrado em vários estudos.”

Para ela, a manutenção de subsídios fiscais para grandes empresas às custas dos cortes de investimentos em políticas públicas não apenas têm pouco impacto na recuperação econômica, mas também aprofundam as diferenças sociais. “Economistas do Fundo Monetário Internacional já reconhecem que algumas políticas neoliberais aumentam a iniquidade social e colocam em risco uma expansão durável da economia.”

Impactos Sociais: Quando os investimentos em saúde caem, os impactos não são apenas econômicos. A saúde geral da população também fica em risco. Vieira exemplificou esse impacto com o crescimento dos casos de sífilis congênita no Brasil. Hoje, apenas a China produz penicilina pois não há grande lucro na venda do medicamento e o Brasil, com poucos recursos na pasta, acaba limitando as importações. Com isso, crescem os casos de sífilis em uma escala que já preocupa por seu potencial epidêmico. Problema que poderia ser combatido com investimento em uma indústria própria de suprimento com fomento público.

Políticas restritivas na seguridade social reverberam fortemente na população, pressionando a saúde de forma ainda mais ampla, conforme alertou a pesquisadora. “Há uma piora da saúde mental das populações que passam por essas políticas. Esse é um dos campos da saúde que mais sofre porque as pessoas passam a ter depressão, angústia, ansiedade… E isso amplia casos de suicídio, por exemplo”, alertou a analista. “Na Espanha, que adotou uma política econômica semelhante, aumentaram os casos de HIV porque há impactos também no sistema de atendimento de saúde.”

Fonte: Entrevista a pesquisadora no ano 2017

1. “Endividar para governar” o caso dos Estudantes no “Poço” chamado Chile.

“El crédito es uno de los mejores instrumentos de explotación que el hombre haya sabido establecer, porque algunos [individuos], fabricando papel, pueden apropiarse del trabajo y la riqueza de otros” Gabriel Ardant Historie financière de l´Antiquité à nos jours, París: Gallimard, 1976, pp.320, en (Lazzarato, 2013:25)

Para Harvey (2010), Wallerstein (2010) y Graeber (2012) las transformaciones históricas sucedidas en el período de las décadas de 1970-1980 serán estudiadas por los historiadores como una época revolucionaria. Según esta interpretación, madura un proceso histórico iniciado en la época de post guerra, en el cual se bifurca el proceso de desarrollo capitalista en fenómenos que hasta el día de hoy se observan sus efectos en la economía mundial (Aglietta, 2001). Tales fenómenos principales a causa de la crisis de desocupación, inflación y crecimiento a nivel macro (Arrighi, 2014) fueron dos: el ataque contra la organización de los trabajadores y la dirección económica de las finanzas con el crédito como coordinador social general del sistema a nivel mundial (Harvey, 2010: Lapavitzas, 2009: Montgomerie 2014 ).

Ambas están relacionadas. Esta serie de factores, influye directamente en el endeudamiento, generando: a) mayor liquidez para el ofrecimiento de créditos; b) segmentación de las instituciones oferentes de crédito, donde los hogares de más bajos ingresos tienen acceso a los créditos más caros del mercado (avances en efectivo, créditos de casas comerciales, etc.); d) bajo valor del trabajo y por último, e) endeudamiento como sustituto de los bajos salarios. (Wilkis, 2014).
De esta forma se relativiza la interpretación de la movilización estudiantil en un marco de aspiracionalismo y meritocracia, producto de ser un país de ingreso medio, que,producto del alto crecimiento del PIB durante las últimas décadas,ha generado una perspectiva de bienestar económico y ha provocado el crecimiento de una amplia clase media (Barozet y Fierro, 2009; Ruiz y Boccardo, 2011), más exigente respecto a la movilidad individual que prometía la economía de mercado y el aumento de la calificación y las credenciales de la fuerza de trabajo. Esta visión desconoce que la inclusión fue por medio de un creciente endeudamiento por parte de los hogares, ingresando generaciones completas con una enorme mochila de deuda antes de producir ingresos en el mundo del trabajo (Ruiz y Sáez, 2012).

Tal como lo plantea Montgomerie (2013:877) para el caso de los estudiantes estadounidenses ´Los altos niveles de deuda en las primeras etapas de la vida laboral, a menudo son aceptadas acríticamente como una necesidad para comenzar la creación de activos y participaciones de riqueza a largo plazo. El crecimiento de los niveles de deuda en general desde 2001, sobre todo en comparación con los niveles de ingreso, sugiere que el endeudamiento amenaza – no ayuda – a la seguridad financiera a largo plazo´

2.

Para el caso de Chile, esto provocó un conflicto material evidente, pues los hogares para evitar la pobreza hipotecaban su fuerza de trabajo futura para obtener credenciales que les permitirían el tan anhelado ascenso social. En consecuencia, las demandas del movimiento estudiantil, tradicionalmente asociadas al malestar de las clases medias, comienzan a organizarse en torno al lucro y la deuda educativa, empujadas sobre todo por estudiantes de CFTs, IPs y universidades privadas (Ruiz y Sáez, 2012). Este endeudamiento está lejos de ser una simple relación de intercambio entre oferentes y demandantes de crédito que firman un contrato comercial para poder comprar una credencial. Incluso, si se aceptara la ideología de que la educación es mercancía y bien de consumo, este endeudamiento va un poco más lejos que simplemente pagar por un servicio. Dos Santos y Lapavitzas (2009) lo denominan expropiación financiera.

¿Por qué expropiación financiera? Porque permite extraer beneficios financieros para la parte acreedora a partir de la expropiación de los salarios reales de los hogares deudores. Esto bajo dos condiciones fundamentalmente: 1) la precarización laboral y salarial (OIT, 2013, 2015) y la 2) privatización de servicios sociales asociado a derechos sociales, como la salud, educación, pensiones y vivienda (Lapavitzas, 2009; Montgomerie, 2013; Wilkis, 2014). La relación expropiadora se basa en que los mecanismos institucionales han privilegiado el acceso vía consumo y deuda a servicios sociales que el Estado proveía de forma gratuita y que permitía acrecentar los salarios reales de los hogares. A su vez hoy prácticamente 7 de cada 10 trabajadores obtiene menos de $450 mil líquidos según NESI 2014 (Durán y Kremerman, 2015), entretejiéndose de este modo la posibilidad de establecer la obligación de endeudarse de forma institucionalizada.

Esto implica aumento del gasto de los hogares por el aumento de las necesidades de consumo (educación, salud, pensiones, vivienda) y una contención de los ingresos reales. Si se compara el peak de promedio salarial que se tuvo el 2013 (el más alto desde 1997) en relación a los últimos 20 años, esto implica un aumento real de sólo 3% (Durán, 2015) mientras el PIB en igual período creció en un 90%. Es decir, el aumento salarial de 2010-2014 se relaciona más con una recuperación de la década pérdida del 2000-2009, que con alzas salariales significativas”.

Fuente: http://www.fundacionsol.cl/wp-content/uploads/2016/08/Estudio-CAE-20163-1.pdf

As dividas Universitárias foram uma escolha por parte dos governos da esquerda da transição chilena, para financiar os estudos de educação superior, tanto de graduação como de post graduação. Mas o paradoxal é que aconteceu, no primeiro governo “Socialista” depois da derrocada de Salvador Allende em 1973. O Presidente da República Chilena, voltava a ser um socialista eleito Democraticamente com o Ricardo Lagos Escobar, depois de 2 períodos governados pela Democracia Crista (DC). O Chile estava saindo do forte impacto negativo da Crise Asiática nos anos 90 e muitos assessores do ex presidente reconhecem, que o maior objetivo deles foi na aquela época, terminar o mandado do Presidente, sim ter o Palácio de Governo “La Moneda” bombardeado outra vez pelos militares.

Uma leitura político-econômica que pretendo fazer do filme, vai se centrar no conceito mesmo da divida, que mesmo como acontece no roteiro apresentado pelo “El Hoyo”, ela tem implicâncias profundas para Ocidente, que passam pelas religiões, o disciplinamento social e até a educação. Indo muito além, do que pensaríamos nas suas referencias só na economia e na politica. Nunca na historiada da humanidade, tivemos uma economia da divida como agora. Ela não tem gerado só um sistema de dividas monetárias, entre pessoas, empresas e governos. Mas também de dividas simbólicas, se fala em dividas históricas, religiosas, morais, dividas com a sociedade por crimes cometidos, dividas ambientais, incluso, a chamada “Divida da existência”, etc. A própria versão Católica, do pecado original, da simbologia do sacrifício de Jesucristo para salvar todos nós, são exemplos que colocarei de uma literatura que me parece interessante trazer ao debate.

Se você achar, que não tem dividas com ninguém, pode estar errado, em quanto que para o “buraco” fiscal da divida pública, cada cidadão deve em términos simbólicos uma parcela de aquela divida, mesmo se quando ele foi contraída, o sujeito nem tenha nascido ainda. Aquela vai ser uma passada heranças que estamos deixando para as próximas gerações, que vem.

A literatura da qual me referi tem haver com o conceito de “governar pela divida” (LAZZARATO, 2014), que poderia acabar dando uma nova interpretação ao comentado filme espanhol “El Hoyo”, estreado em cinemas com pouco êxito no finais do ano 2019, mas que tem provocado bastante barulho depois do dia 20 de março, onde vem sendo colocada nas listas das mais vistas em muitos países na plataforma do Netflix.

Em tempos de quarentena pelo Covid- 19, não podia ter um melhor momento para o Netflix lançar nessa época o filme “El Hoyo”, que já tinha sido levado para os cinemas com pouco sucesso, ficando só 2 semanas em cartaz na Espanha e que acho sem a pequena grande ajuda do confinamento voluntario do “isolamento social”, não seria mais que um filme de culto de poucos “freaks”, que falariam de um estranho filme com uma sugerem-te tradução para o português como “O Poço”. Mesmo assim, eu gostaria insistir com aquele negocio chato de que é uma péssima tradução, e deveria ser chamada de “O buraco”, porém foi muito pior ainda é a tradução ao inglês do titulo do filme “The Plataform”. Mas para falar a verdade “El hoyo” ganhou no festival de Sitges o premio de Melhor Filme—votado pelo público— na seção de Midnight Madness em Toronto. Isso poderia, ser uma previsão da grande recepção que tem no filme, no mundo dos países do norte, que são os países de cima. E como nós moramos no Sul do mundo, cabe a gente receber e comer das sobras do que consumem os que estão naqueles andares de cima, “óbvio”.

Mas a mesma logica também, opera com a mecânica da Pandemia do Novo Covid -19 que se vem espalhando rapidamente pelo mundo tudo, graças aos nossas queridas pessoas da arriba, aquelas que tem possibilidade de subir no avião e fazer aqueles viagem internacionais que são para valer mesmo, esses viagem não são internacionais, mas sim intercontinentais. O pessoal tinha que trazer aquele presente para o povo que mora aos andares lá de baixo, mas que sonham com estar andares para cima. Tomara que as pessoas que ficam nos andares lá de cima, tenham a suficiente capacidade para suportar essa crise, por causa que muitas vezes os andares de cima, causam problemas de altura, onde o pessoal acaba se jogando pelo buraco, rumo ao suicídio. E como devemos recordar, no filme todo o que cai, mesmo os corpos em decomposição, ou empresas falidas que demitem os trabalhadores, acaba afetando ainda mais aos que estão la embaixo.

Hoje se propõe no mundo inteiro a possibilidade de criar mais divida, para poder financiar as medidas para combater a anunciada crise econômica produto da Pandemia COVID-19. Falar em subir os impostos as grandes empresas e fortunas, parece um tabu. Por causa que sempre é melhor, que a crise se pague com divida que alguém vai comprar, e lucrar com ela. Mas as vezes, estar no andar de cima – andar das rendas do capital, dos rendimentos em aplicações nas ações e títulos de governo- também pode causar perdas que levam a cair vários andares da pirâmide social, o até cair pelo poço com a intenção do suicídio. Como no filme, quem entra no poço, sempre entra de maneira voluntaria, mesmo escolhendo como uma opção menos ruim que outra. Mas, si emitir mais divida pública no Brasil e no mundo, fosse a solução para sair da crise, você escolheria entrar naquele jogo?  Não esqueça, no andar que você esta e que sempre pode cair mais ainda.


Resumindo, o principal resgate do filme ao meu entendimento, é aquele buraco que conecta os andares de cima com os de abaixo, por onde passa a comida, que na verdade são as sobras do banquete que foi servido para os de cima. Esse mesmo buraco, é aquele onde nós fazemos intercâmbios “supostamente livres”, de compra e venda de bens e serviços, venda de nossa força de trabalho, e tantas outras interações pouco simétricas, por falar de um modo respeitoso. Onde sempre quem esta por cima, se leva a melhor parte, e quem se encontra em baixo se leva as sobras. É assim de simples, um “jogo de suma cero”, disfarçado de acordo ganhar-ganhar. Só que nossa realidade é mais complexa, que a descrita no filme.


2. “O buraco preto” da divida pública e os remédios piores que a enfermidade.

O termo buraco é bem familiar para os Brasileiros, já que é conhecido o provérbio popular de “abrir um buraco para tapar outro”. Que é um pouco o que se faz, para captar divida pública, para pagar gastos correntes e não  investimento público.  Mas pode ser que ainda não seja familiar, mas é hora de Jair se acostumando.

“O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida, afirmou hoje (7) que o setor público consolidado brasileiro caminha para registrar um déficit primário de até R$ 500 bilhões neste ano por causa do impacto da crise da Covid-19, mas frisou que a questão fiscal não é prioritária no momento.
O setor público consolidado inclui resultados do governo central, Estados, municípios e estatais (exceto Petrobras e Eletrobras).
Em evento virtual promovido por dois jornais, Mansueto afirmou que o déficit é necessário para garantir o atendimento das necessidades de saúde e sociais geradas pela crise, mas que o país não pode cometer o erro de criar novas despesas permanentes ou desvinculadas dessas demandas.
“O buraco fiscal no ano passado foi em torno de R$ 61 bilhões, este ano a gente está caminhando tranquilamente para algo em torno de R$ 450/ R$ 500 bilhões “, afirmou Mansueto.
“Este ano isso é necessário, e a gente vai ter que aceitar isso de uma forma adulta. O que a gente não pode deixar, de forma alguma, é que em um período tão grave a gente abra mão e comece a criar despesas que não têm nada relacionado com essa crise econômica e social do coronavírus.”
Para o secretário, os programas já anunciados pelo governo para lidar com o impacto econômico da crise do coronavírus são adequados para um cenário em que as pessoas terão restrição de convívio social por até três meses.
“Se for preciso algo além de três meses, todo mundo vai ter que sentar na mesa, ter união, ter uma discussão séria, adulta e transparente, e ver o que vai fazer”, afirmou.
Mansueto também destacou que o governo precisa pensar “fora da caixinha” para garantir que os recursos dos programas de enfrentamento da crise cheguem aos beneficiários o mais rápido possível, mesmo que isso implique tomar algum risco no que diz respeito à obediência a regras da burocracia pública.
Usando por diversas vezes a expressão “cenário de guerra” ao se referir à atual crise, Mansueto ressaltou que qualquer projeção sobre o crescimento econômico é “chute”, dadas as enormes incertezas sobre o impacto e a duração do surto da doença do novo coronavírus.
Na semana passada, Mansueto havia afirmado que o déficit primário estimado apenas para o governo central (não inclui Estados, municípios nem estatais) em 2020 já estava um pouco acima de R$ 350 bilhões, mas destacou que o dado seria revisto pela equipe econômica semanalmente.
Nesta terça, o secretário reiterou que, dado o crescimento do déficit primário, a dívida pública necessariamente aumentará este ano, mas ponderou que essa alta se dará a um custo muito menor do que no passado, uma vez que a taxa básica de juros está em níveis mínimos recordes. A Selic está em 3,75% ao ano.”

Familiar também foi escutar sobre os chamados “buracos fiscais”, de Estados e Municípios, que falou até o cansaço na discussão da “Reforma da Previdência”, o todo Poderoso Chefão Paulo Guedes, Meiga Ministro de Economia, e o oraculo do Presidente do Brazil, Jair Messias Bolsonaro, os brasileiros também tem seu próprio Goreng, que é como o protagonista do filme é chamado em um momento. Bom,  aquele buraco preto que da enormes ganancias para os que tem títulos da divida pública da União e Estados, mas que gera um endividamento enorme, como Guedes fala “em bola de neve”, que absorve grande parte do orçamento dos governos e  que acaba entregando só as sobras para o financiamento dos serviços públicos e o gasto social, aquilo pode ser uma analogia útil para representar na realidade o mecanismo que pretende transmitir o filme. Na verdade, o filme faz uma critica politica que eu acho, fica um pouco etérea e por isso mesmo eu espero, colocar a bola no campo da economia e as finanças publicas.

No final, foi o ano 2019 da maior queda de andares do povo brasileiro na sua historia. Tanto assim, que a reforma de 1 trilhão de reais, pretendida pelo Guedes e seu equipe econômico, saiu com uma economia em  10 anos só de 800 bilhões de reais, por causa que era muito imoral, aprovar aquilo que estava originado no projeto inicial do governo de Bolsonaro. Mesmo assim, o Neoliberalismo que chegou como o novo Messias que iria a salvar o Brasil, já tem quase gasto em 1 ano, o que iria a poupar em vários…

Mas, isso é “obvio”, são muito inocentes quem de boa fé ainda crê na aquele papo furado que a Direita, vem em uma crise econômica para salvar o pais, salva nada. Na Espanha, o governo de Direita do Partido Popular (PP), governando muito tempo em uma falsa rivalidade com o Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE) -“A esquerda e a Direita Unida, jamais serão vencidas” como bem ironia o Anti poeta Chileno Nicanor Parra, endivido o país em uma proporção descomunal. Com a histórica cifra oficial de uma divida que chegou a um 100,4% do Pib no ano 2014. Como podem conferir comparando diferentes países com os dados que estão disponíveis no seguinte link:

Fuente: https://pt.tradingeconomics.com/spain/government-debt-to-gdp

O próprio Chile, tem demostrado que os 2 governos de Direita presididos pelo Sebastian Piñera, o primeiro mandado (2010-2014), com a escusa de financiar a tragédia do terremoto no Chile o 27 de Fevereiro do 2010 e no atual governo (2018-2022), onde pretende financiar uma melhoria nas mecharias que da para o povo Chileno, para eles se calar e deixar de protestar. Tem deixado o Chile, que era um dos países com menor divida pública do Mundo (3% do Pib), no seleto grupo de países credores, que emprestavam para outros, como o grande financista do mundo como é a China. Para voltar para o estagio de subdesenvolvimento e mediocridade de sempre e depender de financiamento e emissão de divida, em torno a um 28% do Pib e subindo. Só que o “Chile despertou” e até antes da pandemia, vem pedindo mudanças estruturais, que vão além do Processo de nova constituição, que se viu obrigado a convocar o Presidente Multibilionário do País. É vem alentador, que o protesto no Chile seja com a consigna: “O Neoliberalismo começo no Chile e vai acabar no Chile”.

“O governo de direita neoliberal de Sebastian Piñera e o próprio sistema econômico chileno são distintos do governo de Dilma Rousseff e do sistema brasileiro. O Chile é um país marcadamente neoliberal desde as reformas implantadas de forma autoritária pela ditadura de Pinochet. Tudo no país é uma mercadoria, incluindo a própria água, e nem os governos de centro-esquerda que se seguiram após a redemocratização conseguiram mudar isso, apesar de vários remendos feitos na Constituição de 1980. Dessa forma, as manifestações aqui revelam um profundo descontentamento com as políticas neoliberais como um todo. As manifestações vão todas nesse sentido, sem pautas conservadoras ou liberais na economia e sem pedidos de retorno dos militares, como também se viu, ainda que em 2013 mais timidamente, no Brasil. As manifestações aqui no Chile me parecem muito mais bem direcionadas e críticas ao modelo neoliberal. No Brasil, as jornadas de junho se encaminharam para uma miscelânea difusa de reivindicações.”

Fuente: https://www.sul21.com.br/ultimas-noticias/internacional/2019/10/tudo-no-chile-e-mercadoria-ate-a-agua-explica-historiador/

Em  síntese o seguinte texto tem ao igual que o filme uma pretensão de fazer refletir sobre o nosso comportamento presente e futuro e a capacidade de mudar as coisas, que depende de cada um de quem ocupa um espaço nesse planeta. Finalmente, hoje a humanidade toda se enfrenta a uma grande pandemia, que faz relembrar que estamos todos no mesmo barco (planeta ou poço), só que em diferentes andares. Tem, sem duvidas, diferentes andares no mesmo pais. Como também, cada país tem diferente proporção de andares onde chega a boa comida, do que aqueles andares onde quase não chega nada. Mas isso pode começar a mudar, e a quantidade de comida para os andares de cima, também pode começar a diminuir, incluso, em países centrais do capitalismo.

Muito haver com o que vem depois dessa quarentena e a pandemia do Covid-19, é o que trato de analisar de aqui para frente e com certeza vai ter que ver com um assustador panorama na Economia Mundial e Brasileira, onde como sempre os fantasmas do desemprego e o aumento da pobreza surgem. Mas pouco se fala de quem se encontra nos andares de cima de uma grande crise, aqueles que ficam servindo-se um grande banquete como as oportunidades de negócios que as crise geram (vendas cortas de títulos apostando em contra do mercado, principalmente de divida pública podem ser a próxima bomba atômica financeira, que os especuladores joguem em contra de algum país em problemas).

Mas, não temos que ir muito na futurologia para ver como países como Estados Unidos, estão agindo sobre o desabastecimento de bens, incluso tão essências como insumos médicos e respiradores, que os próprios defensores do livre comercio, estão retendo em seus fronteiras, com ofertas de ultima hora. No final, sempre o que importa é se salvar só, ou salvar o companheiro do andar, quem esta no andar de abaixo, mesmo seja um possível aliado, pode se ferrar.

Nesta critica, pretendo falar um pouco menos sobre o filme, e mais sobre algumas questões colocadas nele e em outros filmes do tipo. Na verdade, devo reconhecer que eu assisti o filme com um pouco de preconceito e uma sensação de canseira do tratamento das temáticas repetitivas do ultimo tempo pela tela grande.

Meu preconceito com o filme, era do que ele é mais um intento de critica sobre as desigualdades sócias, sobre as injustiças do capitalismo e o sistema mundo, onde tem sido bastante numerosa a proliferação de filmes desse tipo no ultimo tempo. Mas, não é só isso assim, em meu conceito, depois de eu assistir o filme e o trailer, achei que poderia dar mais uma volta no filme, para analisar certas temáticas que estão presentes nele. Si você quer poupar tempo, antes de ver o voltar a ver o filme, pode aproveitar o resumo que vou colocar aqui:

“Mas a questão a emergir deste cenário e a replicar a amplificação  do governo da dívida repousa em indagar a respeito das implicações na  formação de uma consistência subjetiva daqueles que são colmatados  pela cultura do endividamento, presente na sociedade com Estado. Neste  caso, a seguinte passagem é ilustrativa: “São as sociedades hierarquizadas,  estáticas, monoteístas que introduzem a dívida da existência, a dívida  da vida, a dívida primordial, fazendo-a uma dívida infinita” (LAZZARATO, 2014, p. 63). A dívida é produzida na mesma proporção que é  uma  máquina  social  de  produção  de  dívida.  Espécie  de  ciclo  vicioso,   a dívida forjou a antropologia do sacrifício. O homem, enquanto dado  antropológico, não honra as suas dívidas, apenas passa de uma a outra.  Este mesmo homem é espécie de microcosmo do Estado ao qual pertence; ele é um ponto vigoroso pelo qual passa o fio de sua abstração, pois  pertence a uma identificação populacional qualquer. Em outros termos, é de um ciclo a outro que os indivíduos serão arrolados; e é de um ciclo a  outro que se passa: do financiamento da saúde, passando pela educação,  até a casa própria, signo pomposo do ritual sedentário; da necessidade de se “reciclar” na formação continuada, na aquisição de bens culturais, passando  pelo  o  auto empreendedorismo  até  a  busca  constante  de  um   zênite aperfeiçoador; da entrada na ciranda do crédito abundante e caro,  banhandose no consumo renovador da obsolescência constante, a dívida  tornou-se um princípio vital, “exercendo suas coações coletivas sobre  os indivíduos” (LAZZARATO, 2014, p. 62).

Quando Guattari propôs designar a sociedade contemporânea por  sociedade capitalística, e não mais meramente capitalista, era justamente para acentuar a tônica das relações humanas elevada a um nível de  uniformização. Independentemente do modo de produção e das opções  políticas de um Estado, o endividamento deixaria de ser finito, alçando um  patamar infinito, portanto, indefinido em sua mobilidade. Por conseguinte,

“A revolução capitalística atacará a todas as antigas territorialidades, ela deslocará as comunidades rurais, provinciais, corporativas, ela desterritorializará as festas, os cultos, a música, os ícones tradicionais, ela “colonizará” não apenas as antigas aristocracias mas também todas as camadas marginais ou nômades da sociedade (Guattari, 2011, p. 54)”.

Fuente: CARVALHO, A. F. DE. Governar pela dívida e subjetividade funcional na educação: qual o lugar da deficiência?. EDUCAÇÃO E FILOSOFIA, v. 31, n. 63, p. 1429-1430, 30 dez. 2017.

3. A “divida da existência”, a fome, distribuição de bens escassos e a “liberdade”.

O argumento principal do filme tem haver com uma critica metafórica do que seria o resultado de uma forma de administrar um sistema social, onde a administração no caso do filme, pode ser interpretada como uma corporação o um ser divino, que super vigília e entrega para os mais favorecidos dos primeiros andares, um perfeito e grande banquete, que logo é depredado por as pessoas, que de uma maneira egoísta, acabam com tudo o que podem consumir, sem se importar por o que acontece com a plataforma quando a comida passa para o andar de abaixo, tanto assim que no filme podem se apreciar referencias aos 7 pecados capitais. Na verdade, eles mostram desprezo e até raiva por quem esta lá embaixo, como uma sorte de vingança por quem esta no andar de cima.  Qualquer parecido com a realidade, não é mera coincidência, por causa que muitas sociedades tem um enorme ódio contra as classes mais baixas, como os imigrantes, e comunidades minoritárias, um pouco como vingança por as próprias carências que vem das classes que estão lá encima. Aquele que esta em baixo, sempre é mais preguiçoso, menos esforçado, ou talentoso quem se acha por encima dele.

Como bem coloca o filme, essa representação da sociedade, que é aquela prisão do poço, onde tem pessoas que entram voluntariamente ou mesmo por uma escolha um tanto coercitiva, como é o caso do velhinho primer companheiro de andar do protagonista, o Trimaguasi, que no caso tem uma divida com a sociedade por matar culposamente a um imigrante, depois jogar seu televisão pela janela, ao se sentir estafado pela venta de um produto ofertado pela TV, que já tinha caído na obsolescência programada. Parece bastante a nossas sociedades humanas, que desde os começos da historia, tem se configurado em base a violência, castigo e controle social. Onde sempre tem existido castas e elites, não sempre econômicas, já que no começo eram mais representativas do poder religioso ou militar e logo politico e simbólico, como podem ser os reis o a aristocracia, que sempre ocupavam os primeiros andares e grupos humanos menos favorecidos. E até desde as Sociedades Feudais, um certo contrato de vassalagem, entre os Senhores de cima e os vassalos lá em baixo. No mesmo filme, se ressalta aquela dificuldade de interação de quem esta no andar de cima e quem esta no andar de em baixo. Mas, depois de estar dentro de aquela sociedade, pouco importa as condições de vida, alimentação, segurança, de cada pessoa que compõe aquela estrutura. E podemos ver como o comportamento violento, mesquinho, etc. Muitas vezes, passa por cima do comportamento altruísta, nobre, solidário e idealista, o qual é bem retratado no começo do filme pelo protagonista, quem escolhe levar para o poço, um exemplar do “Dom Quixote” escrito pelo Miguel de Cervantes.

O filme de ciência ficção, ao trazer a referencia do famoso fidalgo Dom Quixote de La Mancha, quer colocar um ponto relevante do filme, ao usar o imaginário da Literatura Espanhola, de um dos livros mais representativos de uma época e um dos personagem representativo pelos seus grandes ideais na literatura universal. Mas, também cabe relembrar que aquele livro é uma grandiosa sátira da Literatura de Cavalheira da aquela época, no inicio do século XVII. Aquele homem idoso, que tinha fama de boa pessoa, enlouqueceu de tanto ler e resolveu se aventurar pelo mundo em companhia de um simples camponês, chamado Sancho Pança, para enfrentar moinhos do vento e as ameaças de gigantes e dragões, como só um homem de honra e habilitado ao uso das armas, poderia fazer, abandonando o conforto de seu lar e as riquezas.

Então, não é por acaso aquela menção do livro da Literatura de Cervantes, mesmo o filme ser Espanhol, a referencia acho que não foi colocada só como mera referencia ao país do filme e sim como uma sinal da própria critica ao comportamento humano, tanto das misérias como o de um suposto comportamento altruísta, além de alguma outra determinada referencia o critica a uma ideologia o sistema econômico, que o próprio Diretor reconhece em entrevistas. Mesmo assim, ele faz uma menção direta ao comunismo em um trecho do filme, que é colocado como um sistema que ao tentar um grado de racionalização da comida e um altruísmo forçado, por quem esta nos andares da cima, acaba matando mais pessoas pela violência, que por causa da fome. Querendo ou não, a referencia tem sido uma das lamentosas estadísticas dos socialismos reais, que muito tem feito por sacrificar a liberdade, em nome da igualdade, mesmo com os péssimos resultados econômicos para ter uma igualdade, com maior bem-estar social.

Acho então, que o filme não é uma peça de critica ao capitalismo, nem a comunismo diretamente, si não mais bem é uma critica ao próprio comportamento humano, e as diferente ligações que ele tem com sistemas normativos, como as religiões, a moral, a ética, a politica, o Direito, os “ônus e bônus” de uma determinada sociedade e no que respeita a meu analise, o comportamento do famoso “mercado”, que não é outra coisa que a suma do comportamento das pessoas e agora ultimo, algoritmos de computadores que fazem compras de ações, títulos de divida, derivados, e quanto produto financeiro tenha se ocorrido transar nos mercados financeiros do mundo.

Mas, que podemos esperar de uma humanidade que vem sendo separada  em um escalão de andares, quase como uma pirâmide social, onde entre mais abaixo você este, pior são as condições de alimentação, por culpa dos que estão encima. Tal vez, essa seja uma critica sistêmica, em vez de pessoal, só que para o Diretor isso tem muito haver com o lugar onde você nasceu. Mas sem duvida, o sistema como um tudo, atinge o comportamento de cada pessoa dentro do poço, mesmo como aconteceu em todas as sociedades, desde as mais primitivas, que tem habitado esse planeta, chamado terra. Aquela, referencia que só existem “os de arriba, os de abaixo e os que caem”, em um sistema vertical, simplifica um pouco as coisas. Mas poucas vezes na historia, tem ficado mais simples de mostrar as diferencias sócias entre classes sócias e desenvolvimento dos países, onde as diferenças entre os de “arriba com os de abaixo, “os do norte com os do soul”, estão ao acesso de todo mundo e não existe possibilidade de ocultar, como vivem os privilegiados e os que não são.

O próprio Diretor afirma sobre o filme o seguinte:

“Se você assiste ao filme, percebe que existem vários níveis; existem pessoas ricas nos níveis superiores e pobres nos níveis inferiores. A metáfora é sobre essas diferentes classes sociais, norte e sul. Também há outro nível de simbologia: se você assistir ao filme novamente, descobrirá mais sobre ele. O filme não é sobre mudar o mundo, mas de entender e colocar o espectador em um dos níveis e ver como eles se comportariam dependendo do nível em que estão. As pessoas são muito parecidas entre si. É muito importante onde você nasceu – em que país e qual família -, mas somos todos muito parecidos. Então, o filme está colocando o espectador na situação para enfrentar os limites de sua própria solidariedade. É fácil ter solidariedade se você estiver no nível 6; se você tem muito, pode desistir de parte disso. Mas você será solidário se não tiver o suficiente para si mesmo? Essa é a questão.”

Fuente: https://cinepop.com.br/o-poco-diretor-explica-o-conceito-do-polemico-filme-confira-244223/

4.”Dividas públicas e privadas”: Os limites do gasto e da solidariedade espontânea, a solução é pagar com a mesma moeda.

A suposta “solidariedade espontânea”, que surge em períodos de crise, aquele sentimento altruísta, e que é mencionada no filme, tem seus limites. Como também, os tem os orçamentos públicos dos governos e os orçamentos das famílias e empresas. Não da para confiar na solidariedade espontânea, nem tampouco em uma solidariedade imposta ao fogo, como tem planejado os socialismos reais. No final, quando a conta passa por cada um dois agentes econômicos, muitas delas já antes da crise, estavam quebradas, falidas. A divida tanto pública como privada, só vai demorar um pouco mais o ajuste da economia. Os auxílios emergências dos governos 

Voltando ao começo, esse texto tem uma intenção de falar sobre como os estados enfrentam o limites de gasto, a través de emissão de divida pública ou de aumento da taxação de empresas, pessoas ou produtos, a través de impostos. Também tem aquele triste episodio de financiar o gasto com emissão de moeda, que gera o dobro de problemas com maior inflação, que sempre pega mais pesado para os mais pobres.
Muitos pensam que a Justiça Social, esta de mãos dadas com a Justiça Tributaria e que por isso uma subida de impostos, sempre é boa para combater a desigualdade e qualquer uma das crise que o capitalismo tem. Mas, “obvio” que não é assim mesmo, por causa que não todos os sistemas impositivos são progressivos e vale a pena entender que dificilmente as coisas vão a mudar, si quem não quer pagar mais impostos, financia as campanhas politicas, os partidos políticos, as fundações e todo o que poda servir para evitar que os políticos aprovem reformas tributarias.

Na verdade, quem financia os Estados é o simples povão, aquela massa de 210 milhões de Brasileiros, fica bancando ao grande capital, as grandes fortunas do país e de outros países. A “Justiça tributaria”, tem sido uma quimera desde os tempos da idade media, onde quem pagava o imposto, não era o senhor feudal, nem o pequeno burguês “emergente”, era o povão mesmo. Hoje, quem tem um exercito de advogados para fazer planejamento tributário, pode escolher quanto dinheiro ele vai pagar em impostos. As empresas e grandes fortunas, fazem doações “filantrópicas”, em Fundações afines ou não para lavar sua imagem, só que isso é bem menor, a quantidade que eles deveriam pagar em impostos. Si o Covid- 19, consegue mesmo fazer a eles pagar muito mais do que eles tem aceitado pagar nos últimos tempos, seria sem duvidas uma grande conquista social, feita por um organismo, que em principio ameaça com a sobrevivência da humanidade.

Mas tem uma solução muito menos problemática aparentemente, e é aquela do endividamento em emissão de títulos soberanos, ou por prestamos ao Fundo Monetário Internacional (FMI) ou algum Banco para os chamados países em desenvolvimento, dos muitos que tem por aí. O Ex Presidente da República Argentina, Mauricio Macri, sabe muito bem disso, por causa que conseguiu o empréstimo mais grande da historia do FMI, deixando uma herança fiscal muito pior da que ele mesmo recebeu, e tanto se queixava.

O interessante dos empréstimos do FMI, como também os de emissão de títulos de divida publica, é que trazem muitos bom “conselhos”, que você tem que seguir para no perder financiamento ou a “nota de classificação de risco”, para não ser considerado com nota de “Bono Lixo”.

Os conselhos e receitas da Burocracia Financeira internacional, já seja de Bancos de Investimento privado como de Bancos o Fundos internacionais públicos, é muito poderosa, tanto assim que pode colocar aos países que caem nas redes deles, no verdadeiro “poço econômico”, onde tem que implementar verdadeiras politicas de “fome”, que chamas eufemisticamente de “politicas de austeridade”.

Ao igual que no filme, aqui tem muito de experimentação social, onde os economistas Chefes das entidades internacionais, ficam testando como vai o comportamento das pessoas que sofrem das politicas de “shock” dos países onde são implementadas. Tanto assim, que os processos de violência e descontrole na distribuição dos bens, se multiplicam do modo muito parecido como é descrito no filme “El Hoyo”.

É preciso, lidar esse tempo de crise, pensando mais que nunca em novas formas de combater os problemas da humanidade, não existem soluções cientificas, nem milagrosas. Mas tem gente trabalhando para sair de essa crise e sem duvidas vão a lucrar muito e já estão lucrando. Fica a dica, nem o governo, nem a solidariedade espontânea social vão salvar a você nem sua família. Só o trabalho humano, tanto manual como intelectual, vai fazer dessa crise uma grande oportunidade. Que infelizmente o grande capital, já esta capturando o esperando pegar os lucros de aquilo.

“Ontem, o presidente da Moderna, Noubar Afeyan, disse à CNBC que a vacina contra a Covid-19 da empresa, que foi a primeira no mundo a iniciar testes em humanos, em 16 de março, deve passar para a fase 2 de testes com seres humanos na primavera ou no início do verão do hemisfério norte. A candidata a vacina da Moderna, desenvolvida com pesquisadores do Instituto Nacional de Saúde (NIH, na sigla em inglês) é uma das mais de três dúzias de vacinas atualmente em desenvolvimento.”

Fonte: https://forbes.com.br/negocios/2020/04/stephane-bancel-se-torna-bilionario-com-subida-das-acoes-da-empresa-que-desenvolve-pesquisa-contra-o-coronavirus/

5. Experimentação social, educação, violência e controle social. O caso dos estudantes com deficiência no sistema educativo e social.

Para quem assistiu o filme e ficou acompanhando o debate entorno ao filme, pode ter visto bastante interpretações sobre o final. Sobre as criticas a diferentes aspetos sócias, acho que aquela prisão que parece ser “El Hoyo”, tem muito parecido com a realidade. Pode ser que isso não seja, considerado valido por alguém que enxerga tudo como algo normal e natural.

Mas poderíamos colocarmos no lugar de uma pessoa com deficiência, dentro dessa bagunça de humanidade que a gente fica sobrevivendo. Muitos deles, depende sem duvida, de um grande esforço de suas famílias, para o cuidado e financiamento de suas necessidades básicas.

Eu gostaria acabar o analise com uma reflexão, muito se fala da esperança do Ingresso Único Universal, o de impostos negativos, como Milton Friedman propõe em sua versão Neoliberal. Mas olha, o problema vai ser enfrentado assim, só si for para conseguir uma maior governabilidade, por quem esta encima. Seja a administração, o vai saber o que. Eles continuam vendo aos dos andares de abaixo como deficientes mesmo. E se tal olhar fosse tal, acho que é o começo de começar a comportarmos como tal. É muito difícil escravizar a um deficiente, é mais fácil tratar a ele como doente e outorgar tratamento assistencial. Mas si todo mundo, começar se a comportar assim, as empresas, as escolas, as Universidades, vão ter que começar a se adaptar aos deficientes e não os deficientes ao sistema.

“Podemos argumentar que o lugar da deficiência no governo pela dívida mobiliza o próprio sentido de concepção de deficiência, um fundo crítico às estratégias de unificação cultural de nossa sociedade com Estado e uma sinalização para se pensar aí o lugar da educação. Mesmo que queiramos afirmar a deficiência por um plano ontológico das diferenças, o que é plenamente possível, não é sensato ignorar o manejo cínico que as políticas de Estado podem aí se valer. O modismo  das  diferenças  pode  ser  a  melhor  forma  para  se  manter  o  mesmo padrão de uma subjetividade negociada pela funcionalidade em que o deficiente é reduzido apenas a uma expressão linguística. Otimizar as diferenças também pode ser uma grife social, sem a menor disposição em querer modificar as formas gerais de produção axiológicas e semióticas voltadas para a consolidação de um sujeito produtivo. Tanto é que no campo da moeda subjetiva a utopia dos servomecanismos utilitários à subjetividade funcional parte de um controle social que marca os sujeitos desde o interior. Neste tipo de sociedade, “tomar pílulas é tomar poder”(LAZZARATO, 2014, p. 162). Ora, os programas culturais são anabolizados por uma diagramação química, por intervenções neurais, por uma endocrinologia high tech, nos termos de Lazzarato, a fim de garantir a mais-valia da funcionalidade: não parar nunca, a não ser quando o que se espera depois de um tratamento em UTI. seja a cova. Na mesma direção, a adaptação a uma subjetividade funcional nunca deve ser cessada. É por isto que a cada dia uma nova pílula surge para inventar uma nova patologia, ou o contrário, ou ambos, prefigurando a amplificação da dívida que o sujeito possui consigo mesmo. Repentinamente ele descobre que precisa equilibrar um hormônio, cuidar deum mal virtual, medicar-se para produzir melhor, dormir melhor, gozar melhor, pensar melhor, viver melhor. A mais-vida é a prefiguração de uma mais-valia que, tal como no sonho econômico com o qual o mundo não pode parar de crescer, indica apenas o quão abaixo da funcionalidade o indivíduo se encontra e como ele deve se mobilizar, filho de Sísifo que é, para rolar a sua dívida impagável. A armadilha de capturar a subjetividade funcional é implacável. Assim,  no  plano  da  subjetividade  funcional,  os  sujeitos  estão sempre capturados. A deficiência poderia ser assumida como um signo social com o intuito de resguardar, de fato, a singularidade e a variedade cultural humana, mas também como força capaz de tentar frear a hegemônica semiótica subjetiva unificadora do Estado. Ser deficiente, no limite, seria assumir a sua condição sem dever nada a ninguém, pois as escalas comparativas seriam abolidas, uma vez que não se visaria mais a funcionalidade desta semiótica capitalística.

Aqui se processa uma inversão. Deveríamos pensar não mais em incluir o deficiente na escola, mas incluir a escola no deficiente. Significa pensar em produzir estratégias que indaguem o papel da escola como agente  social  iniciador  ao  capital:  serialismos,  provas,  competências, aptidões,  hierarquização,  padronização,  comparação,  distinção,  para além de modos de aprender, traduzem a função escolar de modo muito preciso. Tal função é coincidente com a “precocidade do adestramento da criança” em sua “iniciação semiótica nos diferentes modos de tradutibilidade, e nos sistemas de invariantes que lhes correspondem”(GUATTARI, 1985, p. 52). No final de sua obra, Lazzarato propõe um estilo de vida, para o qual devemos lutar e produzir, que fosse algo semelhante a uma “vida preguiçosa”. Não se trata apenas de recusar a imposição de um trabalho servil com a finalidade de rolar a dívida da existência, mas de cotejar para a nossa temporalidade uma outra velocidade, provocando saídas da valorização dos fluxos de comunicação, consumo e produção em massa. Em seus lugares, outros canais perceptivos do que deve ser valoroso para nós poderiam alçar visibilidade, por exemplo, a partir do momento em que escutássemos o que os deficientes têm a nos ensinar para fora das linhas do poder da funcionalidade. Isto já demandaria um outro tipo de ação. No lugar da aceleração, a pausa; e no lugar da perfeição forjada, o singular sem a medida de valor negociável pela funcionalidade; no lugar do controle da temporalidade, um outro fluir. Se é fato que “o capital nos equipa de uma percepção e de uma sensibilidade, porque perceber e sentir são funções da ação” (LAZZARATO, 2014, p. 206), também é fato que precisamos nos descapitalizar destes equipamentos, não para substituílos por outros, mas apenas para deles nos livrar. Sem entrar no mérito de graus de deficiências e mesmo porque, no limite, todos nós somos algum tipo de deficiente (CARVALHO, 2015),não seria todo o deficiente um sujeito livre dos equipamentos preceptoriais e sensitivos que são constantemente a nós impostos? E também não seria o deficiente uma outra dobradiça de valores, uma subjetividade eivada com potencialidades distintas da monarquia de nossos sentidos? E a esta altura, não estaria em questão a suspensão das identidades forjadas pelo Um, já que “para mudar de percepção e de maneira de sentir, é preciso mudar o modo de agir, quer dizer em última instância, de modo de viver”? (LAZZARATO, 2014, p. 206).

Levando em consideração o que a sociedade governada pela dívida foi  e  é  capaz  de  fazer,  seria  interessante  pensar  na  subjetividade  não mais a serviço da funcionalidade, como ato de pagamento necessário a ser quitado, mas como um ato político, uma recusa com a qual podemos romper a relação de dominação da dívida. Ser o que se é não implicaria mais uma aplicação a ser resgatada, mas um cheque em branco.”

Fuente: CARVALHO, A. F. DE. Governar pela dívida e subjetividade funcional na educação: qual o lugar da deficiência?. EDUCAÇÃO E FILOSOFIA, v. 31, n. 63, p. 1438-1440, 30 dez. 2017.

Minha leitura do filme e os personagem que estão ali, tem muito haver com o que entendo como uma luta para não continuar no serviço da funcionalidade da sociedade, que vai muito além do capitalismo. Pode vir um comunismo novo e não vai fazer diferença. Mudar o modo de agir dos seres humanos parece uma tarefa impossível, e de fato ela é mesmo. Os sistemas de socialização bem desde sempre intentando homogeneizar, nossos comportamentos. Nossa geração é a mais escolarizada da historia da humanidade, não tem comparação e os resultados esperados não são os esperados. Por isso, também existe uma pandemia de crianças medicados com diferentes patologias, adultos medicados e fazendo terapia por depressão, ansiedade e tantas outras doenças por uma péssima saúde mental provocada por uma serie de fatores, que estão constantemente no assedio das pessoas.

Ao igual que acontece no filme, é hora de mandar um mensagem para os que estão lá encima, administrando o mundo, a economia, ordem mundial, sei lá como você queira chamar. As coisas aqui em baixo, faz tempo que estão muito feias e a diferença do “o Poço”, aqui si se pode ir ainda, a protestar aos andares de cima. Não esqueçam disso. No poço, a gente não pode cagar para cima, mas no mundo fora da ficção, sim podemos deixar de pagar geral, e não vai ter capacidade para salvar ninguém.

Cagar

No filme, a ameaça de cagar nos pratos do que estão mais abaixo funciona perfeito e é isso o que vem fazendo as elites, sempre que tem crise, eles vão fazer isso de novo. E não para acreditar em neles, de novo. A economia, a moeda e a divida (credito), funcionam graças a essa palavra maravilhosa que é confiança. Todo aquilo é muitas vezes, dado como algo natural, como o ar. Mas em tempos de Corona Vírus e respiradores mecânicos, que passaria si amanha falta o ar? Eles tem o mesmo ar que nós, temos que ter consciência hoje mais que nunca, da capacidade dos que estão em baixo nessa pandemia. Não é atoa que eles estão se “preocupando” por nós.

“Margaret Atwood nos ofrece una sorprendente interpretación del tema de la deuda, de gran actualidad dada la crisis económica por la que atraviesa el mundo tras el colapso de un sistema de deudas interconectadas.

En su imaginativa, amena y profunda aproximación a este asunto, Atwood sugiere que la deuda es como el aire, algo que se da por seguro hasta que las cosas empiezan a ir mal. Es entonces cuando, mientras abrimos la boca intentando respirar, caemos en la cuenta de lo mucho que nos interesa. Pagar (con la misma moneda) no es un libro sobre la práctica de la deuda en las altas finanzas, aunque también la menciona. Más bien, es una investigación sobre la idea de la deuda como tema central de la religión, la literatura y la estructura de las sociedades humanas. Al investigar el modo en que el concepto de deuda ha conformado nuestro pensamientos desde la antigüedad hasta el presente (a través de las historias que nos contamos unos a otros, de conceptos como «equilibrio», «venganza» o «pecado» y del modo en que establecemos nuestras relaciones sociales), Atwood demuestra que la idea de lo que debemos a otro, es decir, la «deuda»-, se ha ido formando en la imaginación humana y es una de las metáforas más dinámicas que existen.”

Deixo finalmente como recomendação de leitura o livro de Margaret Atwood, que esta disponível no link seguinte:

Fonte: https://elratonlibrero.noblogs.org/post/2019/06/20/pagar-con-la-misma-moneda-margaret-atwood/

Em conclusão, o filme tem muitas leituras, e cabe a cada quem fazer a sua. É obvio.

*Luis Mellado Diaz é chileno

Ademais, leia mais:

Tales from the Loop | Contos do Loop é sensacional
O Poço | CRÍTICA (Netflix)
Caffè Sospeso é um filme aromático que desperta | Netflix

Cinema

‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

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Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

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