Cinema
Eduardo Coutinho ganha exposição gratuita no Rio de Janeiro
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RedaçãoA Ocupação Eduardo Coutinho inaugura no IMS Rio, no dia 10 de outubro (sábado). Para visitar a exposição, é necessário agendar previamente no site: imsrio.byinti.com. Também é obrigatório o uso de máscaras, entre outras medidas recomendadas pelas autoridades para a prevenção da covid-19.
Além disso, no dia da abertura (10/10), às 18h, haverá uma live, no canal de YouTube do IMS, com Carlos Alberto Mattos, cocurador da exposição, João Moreira Salles, documentarista e produtor de Eduardo Coutinho, e a editora Jordana Berg. A saber, os três abordarão o processo de finalização do documentário Últimas conversas, de Coutinho. Aliás, o filme será disponibilizado no site do IMS para que o público assista previamente.
Vida e obra
Em cartaz até fevereiro de 2021, a exposição apresenta os principais aspectos da vida e obra de Eduardo Coutinho (1933-2014), um dos nomes mais importantes do documentário no Brasil, conhecido, sobretudo, por tensionar os limites entre realidade e ficção. A saber, a curadoria é da equipe do Itaú Cultural, formada pelos Núcleos de Audiovisual e Literatura e de Memória e Pesquisa, e do jornalista e pesquisador Carlos Alberto Mattos.
A Ocupação é resultado de uma parceria do Itaú Cultural com o IMS, que detém o acervo do cineasta. Grande parte dos itens exibidos na mostra, entre documentos e fotografias, provém desse acervo. Há, por exemplo, o roteiro do filme Cabra marcado para morrer, além de vários cadernos com anotações de Coutinho, principal ferramenta usada pelo cineasta na preparação dos filmes.
“Nos vários módulos da exposição, o visitante poderá explorar aspectos importantes do cinema de Coutinho”, observa Mattos. “A potência da fala nos seus filmes baseados em conversas, por exemplo, ou o efeito da câmera sobre certos personagens. Ou ainda o permanente jogo entre verdade e representação na performance de quem se sentava diante dele numa filmagem.”
Seleção
Trechos selecionados de filmes e depoimentos do diretor expostos na mostra jogam luz em suas marcas inconfundíveis no cinema brasileiro dos anos de 1960 até a atualidade. “Algumas singularidades são destacadas, como os momentos de crise nas conversas entabuladas diante da câmera, a apresentação dos dispositivos de filmagem em cada documentário e as célebres performances musicais de seus personagens”, afirma o cocurador.
Além disso, o espaço expositivo apresenta a cadeira em que Eduardo Coutinho sentava as pessoas que entrevistava em seus filmes mais recentes, como Jogo de cena. Também serão expostas outras ferramentas caras ao cineasta, como a câmera principal das filmagens de Cabra marcado para morrer e sua máquina de escrever portátil.
Inicialmente, os eixos da Ocupação fiam o tecido de sua produção e criação filmográfica. Mostram, por exemplo, trechos de seus filmes. Entre eles, trabalhos como Cabra marcado para morrer, O fio da memória, Volta Redonda: memorial da greve e Peões. Afinal, esses são os filmes mais políticos de sua obra e revelam dedicação na reconstrução de lembranças pessoais no bojo de experiências históricas. Ao mesmo tempo, a exposição abriga recortes inéditos de seu trabalho. Em seguida, entre cadernos de anotações, listagens e textos escritos, a mostra apresenta o seu processo de criação, de pesquisa de personagens, ritos de trabalho e montagem de seus documentários.
Casa do Brasil
A Ocupação também revela algumas de suas incursões como ator e realça a verve que tinha como ficcionista na relação com o teatro e a paródia, desde o início de sua carreira no cinema. Apresenta, ainda, uma parte da produção de Coutinho praticamente desconhecida. Por exemplo, os três primeiros filmes de sua carreira, realizados na década de 1950, nos tempos de estudante no Institut des Hautes Études Cinématographiques (Idhec), em Paris. São eles, o curta de ficção surrealista Le Téléphone, o documentário inconcluso Saint-Barthélemy e La Maison du Brésil, registro encenado do cotidiano da Casa do Brasil, onde ele estava hospedado.
Posteriormente, outro eixo revela a sua assídua presença no teatro durante a juventude, quando dirigiu Pluft, o fantasminha, em Paris, nos anos 1950, e trabalhou com Amir Haddad e Chico de Assis. Além disso, no cinema, adaptou A falecida, de Nelson Rodrigues, com o amigo Leon Hirszman. Ainda aproximou Shakespeare do cangaço em Faustão. Inclusive, nos seus documentários, estimulou a autofabulação dos personagens em busca de uma espécie de teatro da vida, conduta que seria radicalizada em As canções, Jogo de cena e Moscou.
Aliás, veja o trailer de “Banquete Coutinho” e siga lendo:
A princípio, o percurso da mostra, iniciado por suas primeiras conversas, quando cresceu cinéfilo em São Paulo e depois foi estudar em Paris, passando pelo tempo que dedicou à televisão − quando fez documentários memoráveis para o Globo Repórter, nos anos 1970 –, percorre essas múltiplas facetas do cineasta. Também pouco conhecido era seu interesse por citações e paródias, manifestadas em filmes, textos e até dedicatórias.
Além disso, Coutinho dizia que o som mais bonito que existe é a voz humana, e é no eixo sobre a potência da fala que o público percebe o quanto ela era determinante nos seus documentários. É em torno das palavras que se desenrola o módulo “escritor acidental”, que revela quando, em determinado momento de sua vida, Coutinho deixou a escrita.
“Já escrevi, como qualquer pessoa. Fui jornalista, não era bom escritor, mas escrevia. Há vinte anos que eu não escrevo e espero morrer sem escrever. As razões provavelmente são psicóticas”, disse sobre sua decisão. Mas, a contragosto, ainda redigia seus projetos e um ou outro texto. Sempre em sua inseparável máquina de escrever portátil.
Livro Sete faces de Eduardo Coutinho
Assinado pelo jornalista e pesquisador Carlos Alberto Mattos, em coedição da editora Boitempo, Itaú Cultural e Instituto Moreira Salles, o livro Sete faces de Eduardo Coutinho é o primeiro a analisar a obra completa do cineasta, incluindo seus primeiros ensaios documentais, ainda como aluno do Institut des Hautes Études Cinématographiques (Idhec), em Paris, o trabalho no programa Globo Repórter e os vídeos pouco conhecidos que realizou para o Centro de Criação de Imagem Popular (Cecip), nos anos 1980 e 1990. Enfim, a publicação, que foi lançada em 2019, na abertura da Ocupação no Itaú Cultural, está à venda na loja do IMS Rio.
Acervo de Eduardo Coutinho no IMS
Por fim, desde janeiro de 2019, o IMS abriga o acervo de Eduardo Coutinho. O conjunto é formado por trabalhos produzidos majoritariamente no período em que ele fez parte do Cecip (Centro de Criação de Imagem Popular). Aliás, até então inédito a pesquisadores, o acervo é composto por 1.754 itens, que incluem, além dos cadernos e roteiros, fotografias, boletins escolares, prêmios e 467 documentos audiovisuais (U-matic, Betacam e filme 35 mm).
Serviço:
Ocupação Eduardo Coutinho
Abertura: 10 de outubro
Visitação até 21 de fevereiro de 2021
Para visitar a mostra, é preciso realizar agendamento prévio no site :imsrio.byinti.com
A entrada é gratuita
Live com Carlos Alberto Mattos, João Moreira Salles e Jordana Berg
10 de outubro (sábado), às 18h
Ao vivo no canal de YouTube do IMS: youtube.com/imoreirasalles
Gratuito
Protocolos de segurança
Seguindo as recomendações das autoridades municipais e estaduais e dos órgãos de saúde no combate à covid-19, o IMS Rio retoma suas atividades, com visitas restritas e monitoradas. As visitas precisam ser agendadas previamente pelo site, o uso de máscaras é obrigatório, entre outras regras. As medidas têm o objetivo de manter a segurança de todas as pessoas — visitantes e funcionários — em um ambiente saudável e de cuidado coletivo. Veja todos os protocolos e recomendações no site do IMS.
IMS Rio
Rua Marquês de São Vicente, 476, Gávea
Rio de Janeiro, RJ, Brasil
21 3284.7400
Horário de funcionamento: Terça a sexta-feira das 12h30 às 16h30. Sábados e domingos, das 10h às 14h. Feriados (exceto segundas), das 10h às 14h
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Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.
Publicado
4 horas atrásem
24 de abril de 2024Por
Livia BrazilUns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.
Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.
Muito rock
Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.
Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.
Roteiro
Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.
Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.
Sintonia fina
George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.
Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.
Nostálgico
Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!
Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:
Ficha Técnica
AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL
Brasil | 2023 | Comédia
Direção: Tomás Portella
Roteiro: L.G. Bayão
Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.
Produção: Luz Mágica
Coprodução: Globo Filmes e Mistika
Distribuição: H2O Films.
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