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Cinema

Lora | Destaque da Mostra de Curtas no Festival É Tudo Verdade

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Lora

Conferimos o Programa 2 de Competição Brasileira de Curta-Metragens com as películas Ouro Para o Bem do Brasil, Ver a China, Recoding Art e o destaque da programação, Lora.

O Festival É Tudo Verdade, maior festival brasileiro voltado para o gênero documental, estreou em sua edição on-line dia 24 de setembro e terá sua cerimônia de encerramento e premiações dia 04 de outubro, a partir das 18h.

OURO PARA O BEM DO BRASIL (GOLD FOR BRAZIL´S SAKE)

Gregory Baltz | Brasil | 18 min

O curta-metragem de Gregory Baltz revisita uma campanha um tanto maliciosa que ocorreu no Brasil logo após o Golpe de 1964. Homônima do documentário, a premissa era que o “patriotismo” brasileiro se aflorasse e a população doasse ouro ou quantias monetárias para ajudar o Brasil a pagar a dívida externa.

Assim, com relatos do ex-Ministro da Fazenda Delfim Netto, do Coronel Ventura e o ex-Ministro da Educação Renato Janine Ribeiro acompanhados de imagens da campanha e vozes em off, vemos mais uma vergonhosa campanha “populista” em prol de salvar o Brasil.

A saber, houve uma arrecadação expressiva de ouro e quantias. Porém, até hoje não se sabe aonde foram parar.

VER A CHINA (TO SEE CHINA )

Amanda Carvalho | Brasil | 30 min

A princípio, Amanda Carvalho, aluna de Audiovisual, visitou a China e fez do seu TCC um documentário. Assim, a cineasta acompanhou de perto a cadeia produtiva de chá na província de Fujian. Porém, o que, a princípio, parece ser sobre produção de chá, torna-se um recorte cultural, político e econômico sobre a China. E mais ainda, sobre um olhar estrangeiro em duas perspectivas: a de Amanda sobre a China e da China sobre Amanda.

A cineasta aponta as divergências temporais entre Brasil e China, sua relação distante com o mandarim e a distância entre essas duas culturas, que vai além da geográfica. Aqui, é comum vermos mulheres fumantes nas ruas e um estrangeiro que vem conhecer e registrar particularidades brasileiras não atraem olhos tão curioso assim, afinal, essa prática é recorrente desde 1500 em nosso país. Mas na China não.

Inclusive, o país tem o programa Looking China, que seleciona estudantes do mundo todo para aulas e produções audiovisuais. Amanda foi uma dessas estudantes e teve sua produção acompanhada por uma jornalista e uma estudante chinesas.

Através da rota do chá, desde ser colhido das mãos das camponesas cantantes de Fujian até chegar na fábrica Haidi e ser distribuído em larga escala no país e no mundo, conhecemos peculiaridades da sociedade chinesa.

A saber, pesquisei sobre essa gigante do chá da terra do dragão no Google e… ela não aparece em nossa busca ocidental.

LORA (LORA)

Mari Moraga | Brasil | 19 min

Lora é uma mulher, negra, periférica, que trabalha com reciclagem na cidade de São Paulo e cuida de um bazar que tem como público alvo pessoas em situação de rua. Sem ar de vitimização e sem voz embargada, Lora conta sua história de vida desde a época em que viveu na rua –ao longo de 20 anos– até ter seu espaço em uma ocupação.

Com isso, Mari Moraga condensa em 19min a volumosa vivência de uma mulher que que sofreu abuso sexual, presa em cativeiro, que encontrou na reciclagem seu sustento, que teve seu refúgio no crack e nas ruas a sua morada.

Enquanto puxa sua carroça pelas ruas paulistas, Lora conta como se descobriu militante, critica a ação brutal dos guardas municipais contra as pessoas em situação de rua e expõe as condições, muitas das vezes insalubres, de um Centro Temporário de Acolhimento (CTA).

Por fim, o curta não é sobre romantizar a luta de Lora. Em verdade, diz muito mais sobre um sistema econômico desigual e cruel, que delimita o lugar que cada um deve ocupar na sociedade. Foi o destaque deste bloco do Programa 2.

RECORDING ART (RECORDING ART)

Bruno Moreschi e Gabriel Pereira | Brasil | 15 min

Recording Art é um desdobramento da pesquisa realizada pelos pesquisadores do INOVA USP Bruno Moreschi, Gabriel Pereira e Gustavo Aires sobre os Turkers. Já ouviu falar sobre eles?

Desse modo, apontar a câmera do smartphone para um objeto ou imagem e ter a sua descrição relatada por uma voz através de Inteligência Artifical (IA) parece mágica, né? Mas não é bem isso.

Através do reconhecimento de imagens de obras de arte do museu holandês Van Abbemuseum, conhecemos o que está por trás desse mecanismo tão banalizado tecnologicamente.

Afinal, trabalho humano e mal pago. Simples e direto. A Amazon Mechanical Turkers delega a trabalhadores tarefas –classificar uma foto, por exemplo–, para treinar sua IA até que ela tenha autonomia. E é isso.

Com descrições um tanto confusas e até divertidas feitas pela IA, é questionado também o significado mercadológico atribuído à arte por ela.

Ademais, leia mais:

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Cinema

Crítica: Transo

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capa de Transo, silhueta de uma pessoa com prótese

Ao assistir ao documentário “TRANSO”, refleti sobre a peça de teatro “Meu Corpo Está Aqui“, Fica evidente a poderosa narrativa que ambos compartilham sobre a invisibilidade das pessoas com deficiência na sociedade. A forma como essas obras abordam as experiências íntimas e pessoais desses indivíduos é impactante e provocativa.

O documentário mergulha calorosamente na vida sexual dos atores. Dessa forma, quebra tabus e preconceitos ao mostrar que a deficiência não é um obstáculo para a vivência plena da sexualidade.

O documentário, assim como a peça de teatro, é um veículo para desafiar percepções e estimular conversas importantes sobre inclusão.

Impacto Social

Em um mundo que frequentemente marginaliza e exclui as pessoas com deficiência, é importante dar voz a esses indivíduos e celebrar sua capacidade de amar, se relacionar e sentir prazer.

Além de abordar as experiências individuais, o documentário também nos traz reflexões sobre a construção social da sexualidade e como as pessoas com deficiência são constantemente erotizadas ou dessexualizadas pelo olhar alheio.

Nas histórias compartilhadas fica evidente que existem diferentes formas de vivenciar o sexo e os relacionamentos, e que cada pessoa tem suas próprias necessidades, desejos e limitações. É importante lembrar que a diversidade também se faz presente nesse aspecto fundamental da humanidade.

Afeto

Ao enfatizar o afeto e o auto prazer, “Transo” nos leva a repensar conceitos tradicionais de sexualidade e a entender que o prazer não é exclusivo do sexo genital, mas sim uma vasta gama de sensações e experiências. Essa ampliação de perspectiva nos ajuda a enxergar além dos estereótipos estabelecidos e a celebrar a pluralidade da sexualidade humana.

O longa conta com a participação de Ana Maria Noberto, Adrieli de Alcântara, Daniel Massafera, Edvaldo Carmo de Santos, Fernando Campos, Jonas Lucena da Silva, Kollinn Benvenutti, Marcelo Vindicatto, Mona Rikumbi, Nayara Rodrigues da Silva, Nilda Martins, Siana Leão Guajajara.

Cineasta e pesquisador

Como uma pessoa sem deficiência, Messer conta que sua abordagem em relação ao tema é completamente observacional:

“O primeiro passo foi estudar o assunto e escutar os participantes antes mesmo de iniciar a gravação. No geral, percebi que muitas pessoas com as quais conversei estavam ansiosas para debater o tema”

A saber, o projeto de “Transo” começou quando o diretor produziu, em 2018, um curta sobre Mona Rikumbi, a primeira mulher negra a atuar no Theatro Municipal de São Paulo. Durante o processo deste filme, eles se tornaram amigos, e Mona, um dia, relatou da dificuldade de se encontrar motéis acessíveis na cidade.

Por fim, o o documentário está no Canal Futura e Globoplay.

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