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Literatura

Rio de Contos | Coletânea traz novos talentos do estado do Rio de Janeiro

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Rio de Contos

O livro Rio de Contos traz 25 talentos fluminenses e a produção das histórias focadas em vivências negras, LGBTQIA+ e femininas. É o resultado do prêmio literário de mesmo nome que apresenta o estado do Rio de Janeiro pela ótica da diversidade. A obra inédita conta com o endosso do professor Pasquale Cipro, um dos grandes mestres da língua portuguesa da atualidade.

Taís Victa, mulher surda oralizada, participante do mulherio das Letras Rio, coletivo literário que reúne mulheres escritoras e artistas; Sueka, pessoa trans não binária, mestranda em Saúde Pública e Luiz Henrique Romagnolli, jornalista com passagens por veículos do Grupo Globo, são alguns dos autores que assinam os textos desta coletânea de contos.

“Disse que não ia assinar sem saber o que era, disse desculpa, mas você entende, né. Sorri que sim com a cabeça, a senhora tá certa. Quarenta minutos plantado, fone enfiado na orelha, fingindo simpatia e paciência. E agora aqui, mofando pra atravessar, sem faixa, sem sinal, sem brecha. Mofando não, que ninguém mofa debaixo desse sol: derretendo.” (Rio de Contos, pg.199)

Amadurecimento

A saber, idealizado e dirigido pela escritora e produtora cultural Bárbara Cortese Caldas, o Prêmio Rio de Contos, realizado em parceria pela Mater Produções, FUNARJ e LER – Salão Carioca do Livro, tem em seu corpo de júri nomes como Eliana Alves Cruz, Marcelo Moutinho e do professor Leonardo Tonus da Sorbonne, em Paris.

Além disso, a premiação oferece um sólido processo de amadurecimento das histórias submetidas para avaliação. Formações de escrita criativa, literatura, entre outras, foram realizadas gratuitamente para os selecionados, além de mentorias individuais.

Afinal, os contos reunidos neste lançamento apresentam histórias de escritores de todo o Estado – interior, Baixada Fluminense, Niterói, São Gonçalo e de todos os cantos da capital -, e funcionam como instrumento de amplificação das vozes fluminenses que nem sempre encontram espaços acolhedores e tolerantes para expressão.

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Ficha técnica

Título: Rio de Contos
Organizadora: Bárbara Cortese Caldas
Editora: Mater
ISBN: 978-65-99419-1-7
Tamanho: 15 x 22 cm
Páginas: 208
Preço: R$ 55,00
Onde encontrar: Mater Produções (livro físico em pré-venda) e Amazon (versão digital).

Autores do livro

Aglaée Carvalho, Antonio de Medeiros, Camila de Araujo, Daiana de Souza, Dênis Rubra, Felipe Loureiro, Fernanda Bittencourt, Fernando Naxcimento, Gustavo Cunha, Henrique Bulhões, Jânderson Albino Coswosk, João Ricardo Campos, Kíssila Muzy, Luiz Henrique Romagnolli, Matheus Opitz, Máximo Lustosa, Rafael Amorim, Rafael Simeão, Raysa Blyth, Ricardo Gualda, Sueka, Taís Victa, Teresa Garbayo, Thais Carvalho Azevedo eThiago Emanuel.

Literatura

‘Princesa Violeta’ | Resenha por Paty Lopes

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Princesa Violeta.

Penso que essa leitura tem muito a dizer sobre o futuro das mulheres em nossa sociedade, principalmente diante do que estamos atravessando em todo o território brasileiro. Temos que lembrar que essa mulher que sofre violência hoje, um dia foi uma menina. O mesmo pode-se dizer do homem agressor. Ele também um dia foi um menino. Pergunto, portanto: qual foi a base educacional deles? O que leram? Qual o caminho que os orientaram a seguir um dia?

Embora tenhamos um livro com uma protagonista princesa, a leitura também educa o menino a respeitar os sentimentos de uma mulher. O que deveria acontecer quando uma mulher, por exemplo, resolve romper uma relação, seja esse o motivo que for? Assim, todavia, fica livre para viver a vida dela, o que sabemos que muitas vezes não acontece.

Diversidade

Veralinda Menezes é a autora do livro. Como mãe, traz aos leitores mirins a primeira princesa negra da literatura brasileira e o primeiro conto de fadas com personagens negros. Além disso, os descreve com delicadeza. Quando sua filha não pode ser princesa em uma brincadeira, devido ao seu tom de pele bombom, a autora percebeu a importância dessa comunicação. Assim, o livro chegou em 2008, e volta após 16 anos com uma edição especial, o que merece ser comemorado.

Interessante é como a autora trouxe a miscigenação brasileira, trazendo tons de pele ligados a doce de leite e chocolate, doces que crianças adoram.

Enredo

Um belo conto de fadas de muita ação, cujo protagonismo está na força da figura feminina e o toque de encantamento está na mistura de seres humanos, seres mágicos, reis, rainhas, fadas, guerreiros e piratas, heróis e heroínas que se juntam na luta do bem contra o mal.

Uma princesa guerreira à frente de um exército é revolucionário. Coloca, assim, as mulheres no imaginário coletivo desde a infância, em um espaço de poder que influencia a sociedade e suas futuras relações familiares, sociais e econômicas.

Focado na diversidade e no resgate de valores, também ensina o cuidado e o respeito à natureza e aos mais velhos. A inovação estética com personagens protagonistas negros, representando a maioria da população de um país nem tão distante, é um grande diferencial. Ele fica por conta do traço naturalista do talentoso ilustrador gaúcho Rogério M. Cardoso. Criado para ser um clássico da literatura, Princesa Violeta, em suas versões em prosa e em poema, encanta as crianças de todas as cores e de todas as idades do Brasil, na literatura, no teatro e na música.

O livro apresenta músicas da autora que também colam no ouvido, o velho chicletinho.

Por que ler o livro para uma criança?

Vivemos em um país de forte patriarcado. O machismo ainda permeia no seio da sociedade. Portanto, educar é necessário. Tentar romper essa cultura deve ser uma luta de todos. No livro, a princesa escuta que o pai dela queria um filho homem. Depois, um dos súditos, um dos chefes da guarda real entende que a princesa Violeta deveria se casar com ele, por ter a ensinado a lutar. São situações na contramão dos dias atuais, onde nós, mulheres, fazemos nossas opções, como a princesa do livro fez, no entanto, ainda pagamos um preço alto por nosso posicionamento.

Observei também que no livro não há questões raciais em pauta, apenas protagonistas negros. Inclusive, há príncipes de pele alva que tentam casar-se com a princesa, assim como antagonista negro também. A vida é mesmo assim, está tudo ilustrado através dos desenhos coloridos.

Conclusão

Levar crianças negras a entenderem que podem ser princesas e fadas é um bom trabalho de autoestima e merece ser exercitado todo o tempo.  Não é mais possível aceitar somente a história da Cinderela da Disney – embora eu adore. Contudo. confesso que fiquei mais animada quando chegou a  Pocahontas, pois esse desenho falava muito mais sobre mim.

Observei que a leitura tem mais de um desdobramento, o que penso ser bem diferente. Geralmente, o conflito é um só, mas Veralinda, como mulher, sabe que as nossas lutas são diversas.

Longe da bipolarização hierarquizante em preto e branco, como disse o professor Kabenguele Munanga, antropólogo, a autora entende mesmo do Brasil atual. Seguiu, paralela às estúpidas verdades adultas, a realidade da vida por meio de uma linguagem infantil apropriada, cheias de fadas e mágicas!

Ficha Técnica

PRINCESA VIOLETA

Autora: Veralinda Menezes
Editora: Editora Príncipes Negros
Preço: R$ 24,46
Onde encontrar: Amazon

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