Cinema
Um Espião Animal | CRÍTICA
Publicado
4 anos atrásem
Um Espião Animal (‘Spies In Disguise’) é uma animação da Fox Animation Studios, pelos diretores Nick Bruno e Troy Quane, os quais procuram imprimir dinamismo ao longa-metragem. O início apresenta os dois protagonistas e suas personalidades opostas, seguido por uma entrada muito legal que remete aos filmes do 007, James Bond, o espião mais famoso do cinema.
O mote é bem básico: Lance Sterling (voz de Will Smith), o melhor espião do mundo, acaba precisando unir forças com o inventor Walter (voz de Tom Holland) para salvar o dia. No original, ainda temos as vozes de Rashida Jones como Marcy Kappel e Reba McEntire como Joy Jenkins. O roteiro é de Brad Copeland e não apresenta grandes surpresas. Segue pela linha clichê, diálogos comuns e rasos. O mais criativo são as armas criadas pelo Walter, que tem um bom toque de fofura e distinção. Contudo, acabamos vendo as melhores somente no final.
Uma dupla inesperada
Lance é um cara soberbo, acostumado a resolver tudo na base da violência e de sua alta capacidade. Suas cenas de ação são interessantes e fornecem bom entretenimento. Enquanto Walter Becket é um cientista gênio sonhador que quer formas de ajudar o mundo com invenções não-violentas. A boa alma quer vencer o mal com bondade. A partir disso, uma dupla inesperada se forma. Essa ideia sugerida no subtexto da película é uma mensagem bonita que o filme procura passar.
Indubitavelmente, o maior destaque do filme é o grupo de pombos, o bando sobressai sempre que surge e é responsável pelas cenas mais engraçadas e alegres. De certa forma, lembram os Pinguins de “Madagascar”. A animação também tem muitas referências a Scooby Doo. Aliás, Um Espião Animal é baseado no curta ‘Pigeon: Impossible’, de 2009, onde um agente secreto acaba prendendo, sem querer, um pombo na sua maleta. A princípio, não seria um grande problema, entretanto, esse fato acaba quase desencadeando uma guerra nuclear.
Enfim, o filme é bem-feito tecnicamente com boas texturas, expressões, estilo. Segue mais na linha aventura apesar de se esforçar para fazer rir. Muitas piadas funcionam, mas a qualidade da animação se sobrepõe ao roteiro. O fim até deixa em aberto a possibilidade de uma sequência, onde talvez as interessantes invenções de Walter poderiam ser mais bem exploradas. Fica uma certa cara de “MIB – Homens de Preto” na cena final.
Trailer:
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Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.
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Publicado
11 horas atrásem
18 de abril de 2024Por
Livia BrazilNévoa prateada é um filme arrebatador que, com certeza, não vai passar incólume. O longa propicia emoções intensas, sejam elas positivas ou negativas. Fato que muitos não irão gostar. Alguns podem considerá-lo extremo demais, pesado demais. Os espectadores acostumados a tratar o cinema somente como forma de entretenimento e diversão provavelmente não irão gostar, já que é um filme que propõe análise e questionamentos. E que retrata uma realidade comum em alguns lugares da Inglaterra – e também de outros locais. Contudo, para quem gosta de assistir filmes que criticam a sociedade e comportamentos é um prato cheio. E para quem pretende aprender com o audiovisual também.
Mas sobre o que fala Névoa prateada?
A protagonista do filme é Franky, uma enfermeira de 23 anos que vive com a família em um bairro no leste de Londres. Obcecada por vingança e com a necessidade de encontrar culpados por um acidente traumático ocorrido há 15 anos, ela é incapaz de se envolver em um relacionamento com alguma profundidade. Até que se apaixona por Florence, uma de suas pacientes. As duas fogem para o litoral, onde Florence mora com a família. Lá, Franky encontrará o refúgio emocional para lidar com as questões do passado.
A saber, a atriz Vicky Knight, intérprete de Franky, venceu o Prêmio do Júri do Teddy Award do Festival de Berlim. Além disso, o longa recebeu indicação de Melhor Filme no Panorama Audience Award e foi destaque na programação da 47ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo. Participou, também, dos prêmios Dinard British Film Festival (vencedor como melhor filme), Tribeca Film Festival (indicado ao Best International Narrative Feature), FilmOut San Diego US, Sunny Bunny LGBTQIA+ Film Festival, entre outros.
A diretora de Névoa prateada, Sacha Polak, costuma levar para filmes temas difíceis, que poderiam facilmente ser assunto de terapia. A necessidade de se sentir amada, preconceitos, dificuldade de esquecer uma situação, aceitação. No longa em questão, Sacha trata de vários assuntos, como autoaceitação e, também, dificuldade de perdoar. Porém, apesar de ter uma gama de temas, o filme não se torna cansativo ou confuso. Muito pelo contrário, o roteiro passa para o espectador muito bem todos os conflitos da protagonista.
Além disso, Franky não é apresentada de forma piegas ou clichê. Por ter sido vítima de um incêndio, a personagem tem marcas em sua pele que poderiam, em uma narrativa mais lugar comum, transformá-la em uma pessoa que se vitimiza ou que é vista como coitadinha o tempo todo pelos outros. Mas não é isso que Sacha quer passar para quem assiste. E, apesar de não ter uma vida fácil, é possível enxergar Franky para além de suas cicatrizes. Franky é uma personagem complexa, completa e muito bem desenvolvida, tanto pelo roteiro quanto por sua intérprete.
Talvez por já ter trabalhado com Sacha Polak anteriormente, Vicky Knight tem facilidade em transpor para a tela os conflitos internos de Franky sem deixá-la simples demais ou transformá-la em um mártir. Também ajuda ter passado por situações parecidas com as da personagem. O fato é que foi justo o prêmio Teddy Awards que Vicky recebeu, já que consegue trabalhar nos detalhes, algo que nem todo ator tem sucesso.
Fotografia
Apesar de ser um recurso bastante comum, não deixa de ser interessante ver o filme em cores mais frias, já que Franky não tem uma vida fácil e passa por conflitos internos durante todo o filme. Também é possível que tal característica seja por ter sido filmado na Inglaterra, onde não há mesmo muito sol. Todavia, fica claro que Sacha Polak – e também a fotografia de Tibor Dingelstad – quis expressar o interior de Vicky nas cores frias que vemos nas cenas.
Além disso, a escolha de planos abertos quando Vicky se encontra perdida em sua vida e planos mais fechados quando ela começa a se encontrar ajudam a contar a história da protagonista. E, também, de sua coadjuvante, Florence. Aliás, Esme Creed-Miles arrasa na interpretação da menina totalmente sem rumo e influenciável. Se há algo negativo nesse filme é que Florence poderia ter tido mais espaço. E também, talvez, poderia ter havido mais cenas de Franky e Alice. Vicky Knight e Angela Bruce têm uma química muito boa em tela e poderia ter sido mais explorada.
Para resumir, é um filme bastante introspectivo, bonito e reflexivo, que mostra, de forma original, o valor das pessoas que nos rodeiam. Névoa prateada estreia no dia 18 de abril nos cinemas de Brasília e São Paulo.
Por fim, fique com o trailer:
Ficha Técnica
NÉVOA PRATEADA (Silver Haze)
Holanda, Reino Unido | 2023 | 1h42min. | Drama
Direção e roteiro: Sacha Polak.
Elenco: Vicky Knight, Esme Creed-Miles, Archie Brigden, Angela Bruce, Brandon Bendell, Carrie Bunyan, Alfie Deegan, Sarah-Jane Dent.
Produção: Viking Films.
Distribuição: Bitelli Films.
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