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Crítica

69 Cômodos | Crítica da peça

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69 Cômodos - foto2 Thaís Grechi

A peça teatral “69 Cômodos” entrou em cartaz no dia 8 de agosto, e continuará até o dia 31, no Teatro Ipanema, às 20 horas. Nela a história mostra que as vidas das pessoas mais simples, podem ter uma profundidade tremenda.

Sinopse da obra

A peça de teatro documentário “69 Cômodos” aborda as relações de pessoas comuns com suas casas e com a cidade. Ao longo de dois meses, o grupo Teatro ao Redor percorreu diferentes bairros do Rio de Janeiro e registrou conversas com moradores, como uma imigrante israelense que odeia os cariocas, um ex-compositor da Mangueira, uma criadora de pássaros que participa de rinha de aves, uma senhora que vive há mais de 90 anos na mesma rua e uma criança que sonha em ser atriz de série coreana. O destaque da obra é a fabulação a partir de histórias reais: o cotidiano e a normalidade convivem paralelamente com o absurdo e o inesperado, dentro e fora de quatro paredes.

“69 Cômodos” mostra o poder da comunicação

A princípio, o roteiro da obra é forte, pois transforma uma premissa comum, em algo grandioso, mudando não só a vida de quem está assistindo, mas sim de todos que foram parte do projeto. O motivo disso acontecer é muito por conta dos olhares de Alex Teixeira e Clarisse Zarvos na construção desse trabalho, por terem dado importância para um grupo que nem sempre é visto, ou que é apenas esquecido.

Uma das partes mais emocionantes da noite, foi um monólogo que a atriz Leá Cunha falou sobre pautas LGBTQIA+ e raciais, explorando um lado histórico que muitos pretendem omitir, e passando sentimentos reais de uma pessoa que já sofreu diversos contratempos e obstáculos.

Uma das maiores dificuldades de uma peça, são as transições de pontos da história, a passagem de tempo e até mesmo a troca de personagens que são interpretados pelos mesmos atores. Contudo, em “69 Cômodos”, todos esses tópicos foram feitos com muita delicadeza e perspicácia. Mas claro que isso acontece pelo o elenco, composto pelos atores Alex Teixeira, Clarisse Zarvos, Rach Araújo e Zeza Barral.

A exibição utiliza de algumas canções ao seu percorrer, mas não chega a ser considerado um musical, mas caso fosse funcionaria muito bem também. Seguindo nesse raciocínio, a atriz Zeza Barral hipnotiza em sua canção solo, não só pela voz, mas sim por toda sua performance.

Como muitas peças, essa produção possui uma interação com o público, em relação a signos e seus aspectos. Sem dúvidas, esse breve momento é capaz de fazer a audiência retornar ao espetáculo, pela curiosidade de escutar em algum momento o que dirão de seu signo.

Além disso, Rach Araújo fez um trabalho cheio de qualidade no som, tanto em recitação de poemas, quanto tocando violão e narrando alguns trechos.

Em conclusão, “69 Cômodos” é a escolha certa se você procura paixão e contato humano em uma peça teatral. Nela você encontra o mais íntimo de relatos reais, de pessoas que você talvez nunca ouviria falar, mas que por fim acabam fazendo diferença em sua vida.

Ficha Técnica:

Argumento, pesquisa e dramaturgia – Alex Teixeira e Clarisse Zarvos

Direção – Alex Teixeira e Clarisse Zarvos

Elenco – Alex Teixeira, Clarisse Zarvos, Rach Araújo e Zeza Barral

Participação – Leá Cunha

Direção musical – Rach Araújo

Músicas – Genaro da Bahia

Desenho de luz – Lara Cunha

Operação de luz – Bernardo Bastos

Cenografia – Alice Cruz

Assistência de cenografia – Duda Lopes

Figurino – Tiago Ribeiro

Costureira de Cenário: Nice Tramontin

Serralheiro: Djavan Costa

Vídeo – Vitor Kruter

Foto – Thaís Grechi

Direção de produção – Aninha Barros – Uçá Cultural

Design – Alessandra Teixeira

Mídias sociais – Júlia Sarraf – Uçá Cultural

Assessoria de imprensa – Lyvia Rodrigues – Aquela que Divulga

Realização – Teatro ao Redor

Serviço:

69 Cômodos

Local: Teatro Ipanema

Endereço: Rua Prudente de Morais, 824 – Ipanema

Datas: 8 a 31 de agosto – terças, quartas e quintas (exceto dias 10 e 24)

Extras: 29, 30 e 31/08 às 17h

Horário: 20h

Informações: (21) 2523-9794

Instagram: @teatroaoredor 

Duração: 80 min

Gênero: teatro documental

Classificação indicativa: 14 anos

Capacidade: 222 lugares

Ingresso: R$30 (inteira) e R$15 (meia)

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Crítica

‘O Admirável Sertão de Zé Ramalho’ brilha no Teatro Prudential

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Foto mostra o elenco do musical Admirável Sertão de Zé Ramalho

“O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é um bom musical que oferece uma bela parcela de diversão e, ao mesmo tempo, pincela a história de um magistral artista, refletindo um pouco da essência de algumas de suas principais criações. Durante as quase duas horas de espetáculo, essa imersão na vida e obra de Zé Ramalho acontece de forma tão envolvente que nem percebemos o tempo passar. Notei isso assim que terminou e lembrei de olhar o relógio. Foi um susto ver quanto tempo havia passado e logo senti uma alegria pela capacidade que o espetáculo teve.

Uma das primeiras impressões quando a cortina abre é a ausência de cenografia, o que inicialmente pode surpreender. No entanto, essa escolha pode ter sido feita para destacar ainda mais os músicos e instrumentistas, que mostram grande habilidade e paixão pela música de Zé Ramalho. Especialmente Muato brilha sempre que aparece. Porém, é impossível não mencionar a luminescência da sanfoneira Ceiça Moreno, que estreia aos 76 anos de idade no teatro encantando a plateia com sua interpretação apaixonada e voz acolhedora. Ela é uma ótima tradução de “Avôhai” e inicia o espetáculo de forma genial.

A elegância poética de Adriana Lessa

Se não vemos um cenário tão cheio de nordestinidade e cor, temos um figurino deslumbrante concebido por Wanderley Gomes, que enche o espetáculo de brasilidade. No elenco, a participação de Adriana Lessa adiciona elegância e poesia à narrativa, especialmente quando encena a história por trás da música “Chão de Giz”, em uma cena cheia de beleza poética, onde podemos apreciar a capacidade cativante dessa grande artista em falar muito com poucos gestos e expressões. Isso já vale o ingresso. É o momento em que ela empresta seu talento para dar vida a Gisa, um dos grandes amores de Zé Ramalho, que inspirou a emblemática canção, uma das minhas preferidas do músico.

Desafios de “O Admirável Sertão de Zé Ramalho”

O repertório de Zé Ramalho é tão vasto que é bastante desafiador condensá-lo em apenas duas horas de espetáculo, mas a peça procura seguir uma cronologia coerente. O texto de Pedro Kosovsky busca pintar um quadro geral da vida de Zé Ramalho, destacando algumas nuances, como suas incursões na psicodelia e na sociedade alternativa. Ademais, logicamente, o espetáculo também faz incursões na crítica política, uma característica marcante das composições desse gênio que escolheu ir contra o fluxo das massas.

Um dos pontos mais interessantes da peça é a forma como tenta equilibrar a narrativa da vida de Zé Ramalho com a história por trás de algumas de suas músicas. Isso reflete a própria complexidade do artista, que mistura elementos da cultura nordestina com influências do rock, como os Beatles. Há inclusive uma cena, que usa bem a imponente e lindíssima estrutura do Teatro Prudential, onde parece que vemos Beatles brasileiros.

Além disso, outro destaque é a interação com o público. Essa conexão cria laços emocionais e exacerba a vitalidade do espetáculo.

Em resumo, pude ver a peça a convite da crítica teatral Paty Lopes, e devo dizer que ” O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é uma celebração da rica trajetória musical e pessoal de um dos maiores artista brasileiros. Uma experiência que faz mergulhar na complexa e fascinante jornada de Zé Ramalho.

Serviço:

Teatro Prudential

Rua do Russel 804, Glória.

De 28 de setembro a 29 de outubro

De quinta a sábado, às 20h. Domingo, 18h.

Obs: 05 de outubro não haverá apresentação

Dias 28, 29, 30 de setembro e 01 de outubro [Estreia com preços promocionais]
R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)

A partir de 06 de outubro [Ingressos com preços normais]
Quinta e sexta – R$ 90,00 (inteira) / R$ 45,00 (meia)
Sábado e domingo – R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia)

*Obs.: 05 de outubro não haverá apresentação

Classificação: 12 anos
Duração: 105 MINUTOS

INGRESSOS:

Atendimento Presencial: De terça à sábado de 12h às 20h, Domingos e feriados de 12h às 19h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação.

Autoatendimento: A bilheteria do Teatro Prudential possui um totem de autoatendimento para compras de ingressos.

Ficha técnica:

Texto: Pedro Kosovski
Direção: Marco André Nunes
Idealização e produção artística: Eduardo Barata

Direção musical: Plínio Profeta e Muato
Direção de movimento: Caroline Monlleo
Elenco: Adriana Lessa, Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Duda Barata, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Pássaro, Tiago Herz e Genilda Maria (atriz stand-in)
Cenário: Marco André Nunes e Uirá
Figurinos: Wanderley Gomes
Iluminação: Dani Sanchez
Desenho de som: Júnior Brasil
Visagismo: Fernando Ocazione
Assistente de direção: Diego Ávila
Programação visual: Felipe Braga
Fotos: Cristina Granato

Assessoria de imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa

Direção de produção: Elaine Moreira
Produção executiva: Tom Pires
Produção: Barata Produções

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