Ainda Estou Aqui, dirigido por Walter Salles, é um filme que se destaca não apenas pela sua narrativa envolvente, mas também pela profundidade emocional que traz à tona. A história de Eunice Paiva, interpretada brilhantemente por Fernanda Torres, é um testemunho poderoso sobre as cicatrizes deixadas pela ditadura militar no Brasil. O filme nos convida a mergulhar na dor e na busca incessante por justiça de uma mulher que enfrenta a ausência do marido, Rubens Paiva.
Com participação especial de Fernanda Montenegro, “Ainda Estou Aqui” já atraiu 2 milhões de espectadores, segue em cartaz em 975 salas de 373 cidades e é o candidato brasileiro ao Oscar 2025 de Melhor Filme Internacional. Indicado ao Astra Film Awards, o filme teve estreia mundial no 81º Festival de Veneza, onde ganhou Melhor Roteiro, e foi premiado pelo público em festivais no Canadá, Estados Unidos, Brasil e França. Baseado no livro de Marcelo Rubens Paiva, é o primeiro longa original Globoplay, produzido por VideoFilmes, RT Features e Mact Productions, com distribuição da Sony Pictures.
A atuação de Fernanda Torres em Ainda Estou Aqui é realmente de tirar o fôlego. Ela consegue transmitir uma gama complexa de emoções com sutileza e delicadeza, fazendo com que o público sinta a dor e a resistência de
Eunice em cada olhar e gesto. Sua capacidade de “atuar com os olhos” é um verdadeiro legado da sua família artística, refletindo uma herança que se manifesta em sua performance com uma intensidade tocante. É impressionante como ela consegue carregar o peso da narrativa sem precisar recorrer a explosões emocionais, mas sim através da contenção e da profundidade.
Walter Salles, por sua vez, utiliza uma direção sensível que enfatiza a solidão e a busca por respostas. A estética visual de Ainda Estou Aqui, marcada por tons frios e espaços vazios, complementa perfeitamente a sensação de perda que permeia a obra. Cada escolha estética, desde a fotografia até a trilha sonora sutil, contribui para criar uma atmosfera melancólica que ressoa com as experiências vividas pela protagonista.
Selton Mello também merece destaque, mesmo com seu tempo de tela reduzido. Sua habilidade em criar um personagem cativante e convincente em tão pouco tempo é notável e adiciona uma camada extra à história. E não podemos esquecer da presença marcante de Fernanda Montenegro, cuja breve aparição carrega um peso emocional significativo e reforça o legado das gerações passadas na luta pela memória e verdade.
Os diálogos podem, em alguns momentos, parecer excessivamente explicativos sobre o contexto histórico; no entanto, isso não diminui o impacto da mensagem central do filme: o silêncio perpetua a opressão. Ainda Estou Aqui nos lembra da importância de confrontar nosso passado para que possamos moldar um futuro mais justo.
Em suma, Ainda Estou Aqui é uma obra cinematográfica indispensável que provoca reflexão e sentimento. É um lembrete doloroso das realidades enfrentadas por muitos durante períodos sombrios da história brasileira e um chamado à ação para que nunca esqueçamos as lições do passado. Sem dúvida, está entre os melhores filmes do ano e reafirma o talento excepcional do cinema nacional.
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