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Crítica

Amor de Mãe – Investimento em tecnologia muda a cara das novelas

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Amor de Mãe nova novela da Globo

Amor de Mãe, nova novela da 21h, estreou nesta segunda-feira (25/11) marcando uma mudança nas produções da Rede Globo. Essa, que é protagonizada por Regina Casé, Adriana Esteves e Taís Araújo, revela diante dos olhos do público a magnitude do novos estúdios da rede de televisão carioca. Em agosto de 2019 foi inaugurado o MG4, um gigante de quase 18 milhões de m² com um investimentos de 200 milhões de reais. É o maior complexo da América Latina construído para a produção de telenovelas, séries e minisséries para TV.

Aparentemente, a promessa é acelerar os processos de produção de arte com cenários fixos mais realistas e introduzir as novelas ao mundo do 4K. Dessa forma, a Rede Globo engrossa a produção de conteúdo exclusivo para streaming preparando-se para enfrentar grandes produtoras como o Netflix,  que já anunciou que pretender produzir novelas em sua plataforma. 

A nova era das novelas

Em 2008 ia ao ar a primeira novela em HD da Globo, dando o pontapé inicial  para as grandes mudanças estéticas que seguiram ao longo dessa década . De A Favorita (2008) até chegarmos em Amor de Mãe (2019) muitas coisas aconteceram. Foi notável como as novelas deram um salto na qualidade dos cenários, fotografia, maquiagem. Cada novela tem tido sua estética própria e aos poucos tem deixado de ter “cara de novela”, com decupagem e fotografia sempre marcada e parecidas e cada vez mais se aproxima a linguagem do cinema.

A saber, ao longo da década com o crescimento da classe média, também aumentou o consumo de TV a Cabo e internet banda larga e o brasileiro passou a procurar e se interessar por séries, um formato muito popular do Estados Unidos, consumido no mundo todo e mais rentável até que o cinema. As séries americanas tiveram uma transformação própria e, assim como as novelas brasileiras, passaram a agregar mais da estética do cinema na TV. Aliás, muito graças às novas tecnologias. O HD de fato mudou tudo pois a alta definição fomentou a ciência das práticas cinematográficas e agora o 4K timidamente entra na casa das pessoas.

Investimento

Inclusive, tanto investimento da Rede Globo rendeu alguns frutos, como indicações para prêmios internacionais importantes, entre eles o Emmy internacional. De 1976 para cá a Globo recebeu ao todo 138 indicações ao Emmy e levou o 16 prêmios sendo que 10 dessas estatuetas foram entregues nesta última década começando com Caminho das Índias em 2009 até chegarmos em 2019 com a novela Malhação: Viva a Diferença levando o prêmio de melhor série  infanto-juvenil.

Assim notamos que os planos da Globo no momento são de investir em ciências e tecnologias voltadas para as artes audiovisuais para ter excelência técnica. Possibilitando conquistar prêmios importantes para ornamentar cada vez mais seu currículo e, no futuro, competir com as gigantes do streaming como Netflix, Amazon Prime e Disney Plus com sua nova menina dos olhos: a Globo Play.

Após ser indicada ao Emmy  por Justiça (2016), série de sucesso de público e crítica, Manuela Dias foi a autora escolhida para criar uma novela experimental para ser rodada nos novos estúdios da Globo, com direção de José Luiz Villamarim, também aclamado por dirigir sucessos como Avenida Brasil (2012), O canto da Sereia (2013) e Justiça (2016). Para estar à frente do elenco Regina Casé volta às novelas depois de uma belíssima jornada que ela fez com o filme “Que horas ela volta” e recentemente uma temporada no teatro.

Primeiro capítulo de Amor de Mãe

A princípio, em seu primeiro capítulo Amor de Mãe foi dividida em dois arcos de apresentação dos personagens.  A princípio, essas três mães se cruzam de maneiras distintas e temos flashbacks que pontuam os grandes traumas de suas vidas, de grande importância para os  acontecimentos mais atuais da trama. Logo na primeira cena da novela já conhecemos Lurdes, personagem de Regina Casé, onde literalmente entra em foco para contar uma pouco de sua vida para Vitória (Taís Araújo), que a entrevista para um vaga de babá.

Ademais, conseguimos perceber o quão bem desenvolvido foi este roteiro, que nos leva ao passado onde Lucy Alves interpreta uma jovem Lurdes, fugindo com os filhos para o rio de janeiro na esperança de conseguir achar seu filho, vendido por seu marido alcoólatra a uma traficante de crianças. O protagonismo passa bola para Vitória, advogada interpretada por Taís Araújo, que perde seu bebê após ser atacada.

A apresentação dessas mães continua com quando Lurdes ajuda Thelma (Adriana Estevez) que passa mal na rua. Lurdes acaba indo ao hospital com Thelma demonstrando a sororidade entre as personagens, um tema muito recorrente da pauta feminista. Thelma descobre ter um aneurisma complicado de ser operado. Acaba entrando em desespero ao perceber que ela pode morrer a qualquer momento deixando seu filho sozinho. 

Segundo Arco

Afinal, no segundo arco do primeiro capítulo conhecemos alguns desses filhos que são a grande motivação para essas mães acertarem e falharem. Como o filho único de Thelma, interpretado por Chay Suede, super protegido e despreparado. E alguns filhos de Lurdes, como Camila (Jéssica Ellen) que se forma em História e faz um lindo discurso de agradecimento a sua mãe em sua formatura e o Magno (Juliano Cazarré) que ao defender uma mulher que estava sendo estuprada entra em confronto com o abusador e acaba o empurrando, batendo com a cabeça e morrendo.

Enfim, todas as histórias foram costuradas por flashbacks muito bem utilizado que  me fizeram lembrar de Lost que era uma séries que abusava desse recurso de maneira positiva.  O primeiro capítulo teve bastante êxito nas capitais do Rio de Janeiro e São Paulo. Uma audiência expressiva, sendo muito discutida nas redes sociais, como o twitter, ficando nos TTs mundiais por algumas horas. Amor de Mãe abre caminho para a reinvenção das novelas. É a confirmação que o gosto do brasileiro vem acompanhando as mudanças do mundo querendo cada vez mais produções nacionais com qualidade internacional.

 

 

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Cinema

Crítica: Transo

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capa de Transo, silhueta de uma pessoa com prótese

Ao assistir ao documentário “TRANSO”, refleti sobre a peça de teatro “Meu Corpo Está Aqui“, Fica evidente a poderosa narrativa que ambos compartilham sobre a invisibilidade das pessoas com deficiência na sociedade. A forma como essas obras abordam as experiências íntimas e pessoais desses indivíduos é impactante e provocativa.

O documentário mergulha calorosamente na vida sexual dos atores. Dessa forma, quebra tabus e preconceitos ao mostrar que a deficiência não é um obstáculo para a vivência plena da sexualidade.

O documentário, assim como a peça de teatro, é um veículo para desafiar percepções e estimular conversas importantes sobre inclusão.

Impacto Social

Em um mundo que frequentemente marginaliza e exclui as pessoas com deficiência, é importante dar voz a esses indivíduos e celebrar sua capacidade de amar, se relacionar e sentir prazer.

Além de abordar as experiências individuais, o documentário também nos traz reflexões sobre a construção social da sexualidade e como as pessoas com deficiência são constantemente erotizadas ou dessexualizadas pelo olhar alheio.

Nas histórias compartilhadas fica evidente que existem diferentes formas de vivenciar o sexo e os relacionamentos, e que cada pessoa tem suas próprias necessidades, desejos e limitações. É importante lembrar que a diversidade também se faz presente nesse aspecto fundamental da humanidade.

Afeto

Ao enfatizar o afeto e o auto prazer, “Transo” nos leva a repensar conceitos tradicionais de sexualidade e a entender que o prazer não é exclusivo do sexo genital, mas sim uma vasta gama de sensações e experiências. Essa ampliação de perspectiva nos ajuda a enxergar além dos estereótipos estabelecidos e a celebrar a pluralidade da sexualidade humana.

O longa conta com a participação de Ana Maria Noberto, Adrieli de Alcântara, Daniel Massafera, Edvaldo Carmo de Santos, Fernando Campos, Jonas Lucena da Silva, Kollinn Benvenutti, Marcelo Vindicatto, Mona Rikumbi, Nayara Rodrigues da Silva, Nilda Martins, Siana Leão Guajajara.

Cineasta e pesquisador

Como uma pessoa sem deficiência, Messer conta que sua abordagem em relação ao tema é completamente observacional:

“O primeiro passo foi estudar o assunto e escutar os participantes antes mesmo de iniciar a gravação. No geral, percebi que muitas pessoas com as quais conversei estavam ansiosas para debater o tema”

A saber, o projeto de “Transo” começou quando o diretor produziu, em 2018, um curta sobre Mona Rikumbi, a primeira mulher negra a atuar no Theatro Municipal de São Paulo. Durante o processo deste filme, eles se tornaram amigos, e Mona, um dia, relatou da dificuldade de se encontrar motéis acessíveis na cidade.

Por fim, o o documentário está no Canal Futura e Globoplay.

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