O Circo Voador viveu uma noite histórica nesta última sexta-feira (31), com apresentações arrebatadoras que deixaram o público em êxtase. No Rio de Janeiro, a casa foi palco de um encontro de peso entre Black Pantera e Nervosa — duas bandas que, com suas mensagens poderosas e som avassalador, transformaram a noite em uma celebração do metal nacional.
Apesar de ter iniciado a noite, a banda australiana Elm Street fez uma apresentação correta, aquecendo o público com faixas de seu álbum mais recente, The Great Tribulation (2023). Mas foram mesmo Black Pantera e Nervosa que transformaram a noite em uma experiência catártica, provando mais uma vez a força e a relevância do metal brasileiro.

Black Pantera: energia e ativismo que incendiaram o Circo
O trio mineiro de Uberaba — Charles Gama (vocal e guitarra), Chaene da Gama (baixo e vocal) e Rodrigo “Pancho” Augusto (bateria) — entregou um show visceral que misturou crossover, ritmos brasileiros e letras carregadas de crítica social. Promovendo o álbum Perpétuo (2024), o Black Pantera não economizou energia nem intensidade.

A abertura com Candeia fez a plateia explodir em um coro emocionante: “Somos vela que incendeia a casa grande”, enquanto Provérbios e Padrão É O Caralho elevaram ainda mais a temperatura. Esta última tem um verso que explodiria a cabeças de certos cidadãos patriotas da família tradicional brasileira:
“Jesus não era branco/Não era ariano/A vida começou no continente africano”
Em resposta à energia incansável do público, o trio provocava, pedia mais agitação — e era atendido com rodas de pogo e uma vibração contagiante.
O ápice veio com Fogo Nos Racistas, uma verdadeira declaração de resistência que fez o Circo Voador ferver ao som dos versos “Expõe pra queimar” e “Deixa queimar”. O encerramento com Boto Pra Fuder foi a consagração de uma apresentação que reafirmou o Black Pantera como uma das bandas mais relevantes e incendiárias da cena atual.

Nervosa: fúria e técnica em uma apresentação avassaladora
Fechando a noite com chave de ouro, a Nervosa subiu ao palco promovendo o álbum Jailbreak (2023). Sob a liderança carismática de Prika Amaral (vocal e guitarra), acompanhada por Helena Kotina (guitarra), Gabriela Abud (bateria) e Emmelie Herwegh (baixo), a banda entregou uma performance brutal que não deu trégua ao público.

Depois de superar problemas técnicos no início, a Nervosa seguiu com um setlist poderoso, incluindo Seed of Death, Kill Or Die e Cultura do Estupro, que contou com a participação especial de Charles Gama nos vocais. Entre uma faixa e outra, Prika interagia com a plateia, celebrando aquele que foi, segundo ela, o maior show da banda em toda a carreira.

Antes de encerrar, ela anunciou que em 2025 marcará os 15 anos da Nervosa, prometendo muitas surpresas para o próximo ano — e deixando os fãs ansiosos pelo que está por vir.