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Wagner Moura em cena de "O Agente Secreto"- Divulgação Primeiro Plano
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘O Agente Secreto’ traz tensão, memória e resistência em grande épico

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 28 de outubro de 2025
6 Min Leitura
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Wagner Moura em cena de "O Agente Secreto"- Divulgação Primeiro Plano
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Dirigido por Kleber Mendonça Filho, O Agente Secreto consolida o diretor pernambucano como uma das vozes mais consistentes e potentes do cinema contemporâneo brasileiro.

Aclamado desde sua estreia em maio de 2025 no Festival de Cannes, onde conquistou os prêmios de Melhor Direção para Mendonça e Melhor Ator para Wagner Moura, O Agente Secreto percorreu uma trajetória internacional impressionante, passando por festivais em Sydney, Chicago e Jerusalém antes de desembarcar no Brasil. Sua estreia nacional ocorreu no 27º Festival do Rio, e em seguida na 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, antecedendo o lançamento em circuito no início de novembro.

A produção já surge cercada de expectativas, sendo o pré-indicado brasileiro ao Oscar 2026 de Melhor Filme Internacional, com chances em outras categorias, como Roteiro, Direção e Ator. O entusiasmo reflete não apenas a qualidade do longa, mas também o desejo do público de ver o cinema brasileiro novamente reconhecido internacionalmente, sobretudo após o triunfo de Ainda Estou Aqui (2024), de Walter Salles, vencedor do Oscar de Melhor Filme Internacional. Assim, O Agente Secreto chega ao público envolto em comparações e expectativas, afetando o julgamento do público, de uma forma ou outra.

A produção acompanha Marcelo, Wagner Moura, professor universitário e especialista em tecnologia, que retorna à Recife após anos afastado, uma marca narrativa clássica da jornada de retorno para casa. Fugindo do caos e em busca de reconciliação com o filho distante, Marcelo reencontra uma cidade ainda marcada por fantasmas e pelo controle dos poderosos. À medida que tenta reconstruir sua vida, percebe que seu passado e as forças políticas que o moldaram continuam a persegui-lo.

Wagner Moura em cena de "O Agente Secreto"- Divulgação Victor Juca

Wagner Moura em cena de “O Agente Secreto”- Divulgação Victor Juca

Embora compartilhe o mesmo contexto histórico de Ainda Estou Aqui, o novo longa de Mendonça Filho adota um olhar mais amplo, construindo um panorama das intrigas e dos medos que existiam no país durante o regime, explorando a sensação de vigilância e desconfiança que levava muitos a esconder suas identidades em verdadeiros “programas de proteção” informais, porém, também encontrando espaço para discutir temas universais como amor, afeto e resistência, mesmo em meio à este clima de repressão e medo.

Ambientado durante o Carnaval de Recife, o filme utiliza a festividade como contraponto poético ao terror silencioso do regime, transformando a alegria popular em resistência simbólica. A escolha também reforça o vínculo afetivo de Kleber com a cidade, retomando o olhar documental que permeia Retratos Fantasmas (2023). Nesse sentido, ambos os filmes dialogam como obras-irmãs: uma sobre a memória física da cidade, outra sobre suas memórias políticas e emocionais.

A força de O Agente Secreto reside na capacidade de Mendonça Filho de equilibrar gêneros e atmosferas, transitando entre o thriller político, o drama familiar e momentos de comédia sutil, construindo uma tensão constante em que ninguém parece confiável, sendo esta incerteza não se mantendo isolada no clima da época, mas também ecos do Brasil atual: um paralelo político e social frequentemente explorado pelo cineasta.

Com duas horas e quarenta minutos de duração, o longa adota o ritmo contemplativo característico do cinema de autor brasileiro. Embora algumas sequências sirvam mais à atmosfera do que à narrativa, como a sequência que envolve Udo Kier, Mendonça demonstra domínio da construção de tensão, culminando em um terceiro ato explosivo, reminiscente do desfecho de Bacurau (2019), que mistura realismo e catarse em proporções tarantinescas, somente se ampliando por conta da questão técnica.

Wagner Moura em cena de "O Agente Secreto"- Divulgação Primeiro Plano

Wagner Moura em cena de “O Agente Secreto”- Divulgação Primeiro Plano

O Agente Secreto é uma produção com mais referências ao cinema e à época retratada do que podemos pegar em somente uma assistida, desde referências estilísticas ao cinema marginal, até referências diretas à grandes clássicos, seja temáticas ou estilísticas. A direção de arte recria com rigor o ambiente dos anos 1970, enquanto a trilha sonora, composta por músicas da época reforça a imersão. A fotografia, dividida entre Recife, Brasília e São Paulo, traduz o contraste entre o urbano e o humano, entre os poderosos e os humildes, com cada cidade se tornando um personagem, refletindo os diferentes rostos do Brasil.

Mais do que um filme de mensagem, O Agente Secreto é uma obra sobre ideais. Fala sobre coragem, justiça e solidariedade em tempos sombrios, sobre o poder do afeto entre os que resistem e sobre o sacrifício silencioso em nome do outro. Talvez não seja o melhor filme de Kleber Mendonça Filho, mas certamente é o mais maduro e pessoal de sua filmografia, atuando como um retrato potente da luta por dignidade em meio ao medo, algo que nós como brasileiros nunca podemos deixar de fazer.

Distribuído pela Vitrine Filmes, O Agente Secreto estreia nos cinemas brasileiros em 6 de novembro de 2025.

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