Depois de ganhar o Oscar pela atuação aclamadíssima em A Baleia, Brendan Fraser parece agora determinado a escolher projetos mais criativos e íntimos, que lhe permitam explorar com sensibilidade o talento que sempre demonstrou ter.
Digo isso porque, geralmente, quando um ator ou atriz conquista um Oscar de atuação, há uma tendência natural de gravitar em direção a grandes produções do mainstream, comandadas por diretores prestigiados — filmes que ampliam visibilidade, rendem novas indicações e mantêm o nome em evidência.
Mas este não é o caso aqui.
Família de Aluguel, dirigido por Hikari, retrata de forma criativa, emocionante e delicada os temas da solidão e das relações interpessoais, equilibrando uma comédia inteligente com um drama sensível que aprofunda o percurso emocional de Phillip (Brendan Fraser).
Para minha surpresa, Fraser revela-se ainda mais versátil do que eu imaginava, funcionando muito bem tanto no drama quanto na comédia. Isso também é mérito do roteiro e da direção, que constroem uma comédia sutil e imprevisível — aquela que nasce de um corte de câmera preciso, de uma situação inusitada ou até mesmo de uma reação mínima, mas carregada de significado.
A narrativa encontra o tom perfeito para contrastar humor e dor, deixando a história equilibrada, leve e emocionalmente honesta. Por isso, o elenco como um todo — especialmente Brendan Fraser — se encaixa de forma orgânica na proposta do filme.
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Falando da parte dramática, é clara a mensagem que o longa pretende transmitir sobre solidão e pertencimento — seja nas relações familiares, sociais ou culturais. Alguns momentos de reviravolta dramática são previsíveis? Sim. Especialmente no arco do personagem interpretado por Takehiro Hira, já que Hikari entrega mais informações do que deveria em certas cenas. Ainda assim, essas viradas funcionam dentro da lógica emocional do filme.
Outro ponto interessante é como a diretora encontra tempo para capturar a cidade de Tóquio e aspectos da cultura japonesa sob sua própria perspectiva. É possível perceber ecos do cinema japonês na forma como a narrativa respira, observa e encontra beleza no cotidiano — algo que acrescenta textura e autenticidade à história.
Família de Aluguel é um filme sensível, equilibrado e surpreendentemente íntimo, que reafirma o talento de Brendan Fraser e evidencia o olhar delicado de Hikari para narrativas humanas. Mesmo com pequenos tropeços de previsibilidade, o conjunto é emocionalmente envolvente e esteticamente cuidadoso. Uma obra que conquista justamente por tratar seus personagens com afeto, humor e profundidade.



