“Back to Black” começa delicado, sonhador. Assim era Amy Winehouse, uma romântica. Pude ver o filme no Cinemark Downtown a convite da Universal Pictures e Espaço Z. O longa-metragem acompanha desde o final de sua adolescência até o fim de sua vida. Vemos seu bom gosto pelo jazz em detrimento de outros gêneros, e algumas de suas influências musicais, além da grande influência de sua avó.
A direção de Sam Taylor-Johnson é competente, com bons closes, aproveitando a boa atuação de Marisa Abela como Amy. Ela consegue trazer tanto a fragilidade de Winehouse, como a autenticidade e a marra. Além disso, muitas das músicas são realmente cantadas por ela, que treinou bastante para isso.
Por outro lado, o roteiro de Matt Greenhalgh falha ao não aprofundar mais nos caminhos do comportamento auto-destrutivo de Amy e em seu estrondoso sucesso, o real impacto no mundo; prefere trazer repetidamente os paparazzis. Essa é uma crítica necessária, pois o sensacionalismo em torno da vida da talentosa cantora era assombroso e triste, algo a mais para lhe fazer mal. Mas é uma crítica rasa demais, superficial, como o filme no geral. Fica claro que Amy não buscava a fama, pelo contrário, amava cantar e o poder que a arte tem, mas sonhava em casar e ser mãe. Essa dicotomia é interessante, e uma das melhores coisas do longa, o contraste entre seus sonhos e sua rebeldia.
Luto
A obra consegue entregar diversos momentos arrepiantes, muitos dos quais fizeram que lágrimas escorressem pela minha face. Um dos melhores é a passagem da vida dela ao som de “Back to Black” num excelente trabalho de edição e montagem, que mostra o salto musical de Amy e também no abismo de si mesma. Ainda por cima, a fotografia de Polly Morgan entrega belíssimas imagens dentro da névoa que vira a vida de Amy.
Amy escolheu não ser uma Spice Girl, ela preferia Lauryn Hill (eu também). O filme faz com que a gente torça por um final diferente, onde ela vence os vícios e segue nos entregando uma arte tão esplêndida.
Afinal, “Back to Black” é um filme que pode entreter e emociona principalmente pelas excelentes músicas, mas falta muita coisa para ser uma cinebiografia inesquecível. Obviamente que duas horas é pouco para resumir a vida de Amy e é uma escolha focar mais em sua relação amorosa e tóxica (em vários sentidos) com Blake, contudo, fica a lacuna de ver mais como a fama, as viagens e a mídia sensacionalista afetaram sua vida. O resultado é regular, com as melhores partes sendo as musicais.
Amy Winehouse caiu para a maldição do álcool e das drogas, que nos tiram tanta gente boa. Ela não teve tempo de envelhecer, mas teve tempo para ficar eterna.
Enfim, veja o trailer da cinebiografia de Amy Winehouse:
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