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Paula Beer em cena de Mirrors nº 3- Divulgação Oficial
Cinema e StreamingCrítica

Crítica- ‘Mirrors n°3’- o afeto como consolo para luto

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 22 de outubro de 2025
5 Min Leitura
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Paula Beer em cena de Mirrors nº 3- Divulgação Oficial
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Dirigido por Christian Petzold, Mirrors n°3, podia ter seguido muitos caminhos em sua narrativa, mas uma direção cuidadosa o torna memorável.

Logo no início de Mirrors nº3, percebemos que há algo de errado com Laura, Paula Beer. Ela parece estar em outro mundo, distante do namorado e dos amigos, incapaz de se envolver até mesmo com a música, uma de suas maiores paixões, sendo constantemente levada pelas vontades dos outros, quase como uma boneca. Somente após um acidente, quando, ao invés de ir ao hospital, opta por ficar na casa de uma mulher solitária chamada Betty, é que ela toma uma atitude verdadeiramente ativa que afeta todos ao seu redor.

Dentro desta casa, Laura é acolhida com um afeto inesperado, lembrando, em um primeiro momento, Teorema (1968, Pier Paolo Pasolini), ou podendo rumar para um thriller no melhor estilo de Alfred Hitchcock. No entanto, Mirrors n°3 passa longe do cinismo do filme italiano, ou do desconforto do cineasta britânico, aproximando-se mais de um abraço, ainda que um abraço estranho em seu inicio, tornando-se sobre o olhar cuidadoso de Petzold um retrato do luto.

Enno Trebs e Paula Beer em cena de Mirrors nº 3- Divulgação Oficial

Enno Trebs e Paula Beer em cena de Mirrors nº 3- Divulgação Oficial

O modo como Betty lida com a dor é especialmente interessante, ainda mais porque sabemos pouco sobre seu passado e o de Laura: objetivos ou desejos estão nas entrelinhas, indicando somente que elas estão perdidas, porém, o público não sabe de quem ou porque, da mesma forma que somente apresenta pequenos indícios dos verdadeiros motivos do estranhamento de Max e Richard.

Este quarteto se arrasta em uma convivência estranha, marcada por crises de identidade e modos tortos de lidar com o luto. O espectador, guiado por seu instinto e por memórias de filmes semelhantes, espera o colapso, e ele de fato vem, no terceiro ato, porém, de um modo bem mais reflexivo e melancólico do que esperávamos.

Quando Laura finalmente vai embora, a câmera fica. O protagonismo passa para Betty, e então entendemos: foi preciso a presença de uma estranha para que a família se reconectasse, e no fundo, Laura também precisava deste apoio para conseguir evoluir.

O cenário bucólico do interior da Alemanha, longe da gritaria urbana, entre bicicletas e silêncios, oferece conforto à narrativa. A trilha sonora suave, que cede espaço ao silêncio, reforça essa atmosfera. E Paula Beer, com sua presença luminosa, se destaca em uma produção que fala com leveza sobre o luto, o processo de cura e os novos capítulos que se abrem a partir da dor, tudo no tempo certo. A produção evita os caminhos fáceis como estruturar um romance entre Laura e Max, optando por se manter na reflexão e no comportamento agradável e pacífico, adicionando uma camada de choque emocional à jornada de ambos.

Paula Beer em cena de Mirrors nº 3- Divulgação Oficial

Paula Beer em cena de Mirrors nº 3- Divulgação Oficial

Tecnicamente, Mirrors nº 3 aposta em uma fotografia de planos estáticos e em uma montagem contida, afinal, o foco está no roteiro, nas atuações e na sensibilidade. Há humor, nascido de situações improváveis, e uma progressão que culmina em um clímax previsível, mas necessário para um desfecho que se aproxima mais do clássico do que do experimental, entregando momentos de puro sentimento. O terceiro ato talvez se estenda além do ideal em uma tristeza extrema, mas o faz em nome de uma catarse genuína, que eleva o filme a outro patamar e a um final memorável.

Mirrors n°3 pode não ser o trabalho mais forte de Petzold, mas é, sem dúvida, um de seus filmes mais sensíveis e intimistas.

Distribuído pela Imovision, Mirrors nº 3 foi exibido durante a Mostra SP.

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Tags:Christian PetzoldCinemacríticaCrítica mirrors nº3MirrorsMIrrors nº3Paula Beerundine
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