Os filmes de super-heróis dominaram o cinema por mais de uma década, mas 2024 ficará marcado como um ano de crise para o gênero. Após anos de sucesso garantido, a combinação de críticas negativas e fracassos financeiros abalou a confiança dos estúdios.
Filmes como Venom: A Última Rodada e Madame Teia foram exemplos claros de uma fórmula desgastada, enquanto poucos projetos, como Deadpool & Wolverine (que diverte, leia nossa crítica), mostraram que ainda há espaço para obras de qualidade no gênero.
Os números não mentem: quase todos os filmes de super-heróis de 2024 fracassaram tanto nas críticas quanto nas bilheterias. Entre os exemplos mais notórios, temos:
- Madame Teia
- Rotten Tomatoes: 11%
- Bilheteria: $100 milhões (orçamento: $200 milhões).
- Um dos maiores fracassos do ano, foi criticado pela trama confusa e pela falta de conexão emocional com o público. Nem a presença de Dakota Johnson conseguiu salvar a produção.
- Venom: A Última Dança
- Rotten Tomatoes: 41%
- Bilheteria: $167 milhões (orçamento não revelado, mas consideravelmente alto).
- O terceiro filme da franquia falhou em capturar o espírito dos anteriores. A história rasa e o humor forçado afastaram os fãs e os críticos, resultando em um desempenho decepcionante.
- O Corvo
- Rotten Tomatoes: 22%
- Bilheteria: Não divulgada, mas relatada como um grande prejuízo.
- Este reboot do clássico cult dos anos 90 foi considerado uma tentativa desnecessária, sem inovação e incapaz de trazer algo relevante para a mitologia do personagem. Uma pena pois o Corvo poderia ter sido destaque entre os filmes de super-heróis com sua pegada gótica e sombria.
- Coringa: Delírio a Dois
- Rotten Tomatoes: 31%
- Bilheteria: $206 milhões (orçamento: $200 milhões).
- A sequência do aclamado Coringa tentou trazer um conceito musical ousado, mas falhou em conquistar tanto a crítica quanto o público. Muitos sentiram falta da profundidade e do tom intimista do filme original.
- Kraven: O Caçador
- Rotten Tomatoes: 16%
- Bilheteria: Um dos piores desempenhos do ano, com números muito abaixo das expectativas. Segue em cartaz nos cinemas até o dia dessa reportagem.
- Prometia uma obra violenta e pesada entre os filmes de super-heróis, mas entregou um roteiro desorganizado e personagens pouco carismáticos. A performance de Aaron Taylor-Johnson foi vista como uma das poucas qualidades.
- Hellboy: O Homem Torto
- Rotten Tomatoes: 39%
- Bilheteria: Com faturamento bruto de apenas US$ 2,01 milhões frente a um orçamento estimado de US$ 20 milhões, Hellboy e o Homem Torto enfrentou dificuldades ao ser lançado diretamente em plataformas de streaming, como Amazon e Fandango, nos EUA, por US$ 19,99. Sem conseguir um distribuidor para exibição nos cinemas, o filme se tornou um dos maiores fracassos financeiros do ano. No Brasil chegou a ser lançado nas telonas pela Imagem Filmes, que fez um excelente trabalho de marketing.
- Mais uma tentativa frustrada de reboot da franquia Hellboy. A direção irregular foi criticada. Contudo, aqui no Vivente Andante exaltamos em como é um dos mais fieis aos quadrinhos entre os filmes de super-heróis, apesar de pecar mesmo em sua inconstância e até ser tedioso às vezes, é um obra interessante que bebe muito no terror e fornece boas cenas.
Cada um desses filmes exemplifica os desafios enfrentados pelo gênero em 2024. Tramas genéricas, personagens mal desenvolvidos e execuções apressadas tornaram impossível atrair tanto os fãs quanto o público casual.
O fim da fórmula garantida
Por muitos anos, bastava colocar um personagem famoso da Marvel ou da DC na tela para atrair multidões. Em 2024, essa estratégia se mostrou insuficiente. O público está mais exigente, demandando narrativas envolventes e produções de qualidade, como visto em Deadpool & Wolverine. Este foi o único entre os filmes de super-heróis a alcançar sucesso real, arrecadando impressionantes $1.3 bilhões globalmente e sendo amplamente elogiado pela crítica.
Isso reforça que não se trata de uma “fadiga de super-heróis”. O problema não é o gênero em si, mas a falta de inovação e cuidado na criação de histórias. O público ainda está disposto a investir em filmes que entreguem algo além do básico, como demonstrado pelo sucesso de Deadpool & Wolverine.
Alerta para os estúdios
A lição de 2024 é clara: os estúdios não podem mais confiar apenas no gênero como garantia de sucesso. Filmes como Avengers: Endgame e a trilogia de Batman de Christopher Nolan estabeleceram padrões elevados, e os fãs esperam que novas produções mantenham esse nível.
Se o gênero quer sobreviver, os estúdios devem priorizar qualidade sobre quantidade. Como foi o caso dos faroestes nos anos 50 e 60, a era do excesso pode ter chegado ao fim, mas isso não significa que o gênero esteja morto. Pelo contrário, 2024 pode ser o ponto de virada que solidifica os filmes de super-heróis como uma parte duradoura do cinema, desde que aprendam a importância de histórias bem feitas.
Enquanto muitos filmes de super-heróis foram esquecidos rapidamente, Deadpool & Wolverine mostrou que o público está disposto a celebrar boas produções. Se os estúdios usarem 2024 como um aprendizado, os próximos anos podem ser melhores para o gênero, apesar da Marvel já mostrar desespero ao trazer de volta nomes como Robert Downey Jr. e Chris Evans apostando na nostalgia dos grandes sucessos.
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