Música
Posada, Gui Fleming e Agatha encantam público no Pub Panqss
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4 anos atrásem

Quarta-feira, 05 de fevereiro de 2020. Uma chuva torrencial – tradicional – despencou no Rio de Janeiro. Contudo, não impediu os amantes de música de comparecem ao agradável Pub Panqss, em Botafogo, para o show de Posada, Gui Fleming e Agatha. As ruas alagadas foram secando vagarosamente, enquanto os espectadores chegavam aos poucos e subiam para o segundo andar do pub, ávidos por canções que tocassem seus corações. Assim foi. Posada adentrou o palco, sentou-se com o violão e discorreu suas composições com altivez e descontração. Em “Retalhos”, o público pareceu ficar mole, escutando com aqueles sorrisinhos que insistiam em permanecer em seus rostos. Um clã de fãs deliciava-se.
Mônica Silva, sócia do Pub Panqss e CEO do Palcos do Rio (união de várias casas culturais da cidade), recebia aqueles que chegavam com sua tradicional simpatia e empolgação pela cultura. O desvio, o dilúvio que caía, não atrapalhou que Posada apresentasse seu “Norte”, afinal, o amor nunca falhou. Indubitavelmente, o povo adorou. A impressão é que tudo havia virado um “Terraço” repleto de contemplação, onde só existia compromisso com a liberdade. Aliás, nessa canção, Posada teve a companhia de Gui Fleming. O som da chuva desapareceu. Os gritos pedindo bis ecoaram e Posada veio com “Lamento” e alegria.

Posada deixou o palco ovacionado, rolou aquela arrumação rápida e entraram Gui e Agatha, já “Riscando o Disco”. Cada um cantava um trecho diferente ao mesmo tempo em certo momento, fornecendo um interessante toque esquizofrênico. O destaque veio pouco depois com uma interpretação de Agatha para “Aquele Rosto”, de Duda Brack. Foi de enlouquecer – de tão legal. A cantora tem essa capacidade de subir e descer de tom, variar rapidamente entre grave e agudo, tudo com impressionante graça.
Do lado de lá tem samba frito
Por falar em graça, a canção “Imbecil”, por Gui Fleming, veio logo depois, suscitando risos. O jeito de Gui cantar traz todo um ar teatral e, às vezes, até tem cara de show de comédia em pé, pois ele conta alguns dos causos que inspiraram suas composições. “Bactéria” é divertidíssima, inspirada no parente distante de Gui, Alexander Fleming, ainda mais no dueto realizado com Agatha. Ainda rolou “Zezé”, feita para uma vizinha. Nesse meio tempo, Agatha trouxe a música que descreve um pouco da sua forma única de cantar: “Canto Maré”. Onde transborda apaixonantemente sua alma. Inclusive, “Amora”, parceria dela com Júlia Vargas onde fala “tá tudo meio mal”, pareceu soar mentirosa, pois, nesse show, tudo ia muito, muito bem.
Aquele “Samba Frito”, esquisito, cômico, toca nas rádios dos hospícios (Gui conheceu alguns trabalhando com psicologia). “Do Lado de Lá”, Agatha apresentou sensualidade feminista com “Sapatinho”, passeando numa praça imaginária onde por todos era olhada – e admirada. Foi interessante perceber como boa parte do público presente ficou embasbacada com a apresentação de Gui e Agatha. E se a “Carapuça” serviu, aprendemos um pouco mais sobre a universidade pública com essa composição do Fleming. Depois de acordar “Um Velho Deitado”, o bom maldito, Gui Fleming, mostrou uma inédita, “Tribos”. Indubitavelmente, esse casal traz uma lufada de diferencial musical no terreno cultural. Descem de São Pedro da Serra para Posada e encantam a babilônia com um ar fresco de liberdade.
Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.

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Em ocasião do Dia Nacional do Samba lembramos a figura de Geraldo Pereira
”Geraldo Pereira, vara madura que não cai, deixou belos e bons sambas que influenciaram outros segmentos musicais, cujo maior exemplo é a Bossa Nova”
João Nogueira

Você pode não ligar o nome a pessoa, mas certamente conhece algumas de suas músicas: Bolinha de Papel, Falsa Baiana, “Pisei num despacho”, Sem Compromisso (que muitos pensam ser do Chico Buarque), Escurinho são alguns dos inumeráveis clássicos de Geraldo Pereira, cujas composições ajudaram a desenhar o cenário musical do samba . Nascido em Juiz de Fora em 23 de Abril de 1918 o sambista foi morar ainda criança no morro da Mangueira por volta dos onze, doze anos – a idade é imprecisa – e cresceu convivendo com grandes sambistas e malandros do morro. Desde cedo já demonstrava talento para a música – teve aulas de violão com Alfredo Português, Pai adotivo de Nelson Sargento. Aos 17 anos já arriscava suas primeiras composições.
Geraldo Pereira foi um grande cronista social do seu tempo. Através de seus sambas é possível ter uma ideia de como era o Rio de Janeiro na primeira metade do século XX. Ao mesmo tempo que são o retrato de uma época, suas canções se tornaram eternas e até hoje são regravadas e cantadas em rodas de samba em todo o Brasil. Geraldo Pereira Chegou a ter uma música censurada pela ditadura do Estado Novo, chamada Ministério Da Economia, onde ele fala das agruras de um sujeito cuja vida estava tão difícil que sua esposa foi “meter os peitos na cozinha de madame em Copacabana”. A música só veria uma gravação no início dos anos 1980 pela voz do saudoso Monarco.
Quem tomava aulas de violão com Geraldo Pereira pelos bares da Lapa era João Gilberto, que mais tarde seria considerado um dos pais da Bossa Nova. O baiano era um grande admirador da forma como o sambista tocava seu instrumento, aliás Geraldo Pereira é tido como o mestre do samba sincopado. Na linguagem técnica das partituras, síncope significa prolongar o som de um tempo fraco em um tempo forte que vem a seguir. Assim resulta em um ritmo pulado, requebrado, brejeiro, o samba de gafieira, que é diferente daquele tocado nas escolas de samba. Não foi por acaso que nos anos 1960 João Gilberto gravou Bolinha de Papel.
Toda essa genialidade não impediu que Geraldo tivesse uma vida difícil no morro, como a maioria dos sambistas de sua época. Ele sai de cena justamente quando sua carreira começava a se consolidar: na Lapa envolveu-se numa briga com o lendário Madame Satã. Foi golpeado e foi ao chão. Levado para o Hospital dos Servidores veio a óbito no dia oito de Maio de 1955. No carnaval de 1982 Geraldo Pereira foi enredo da Unidos do Jacarezinho. Suas canções até hoje são celebradas. Em suas letras estão sonhos, dores, alegrias e imagens que povoam o imaginário brasileiro. Geraldo Pereira presente!

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