“Betânia”, dirigido por Marcelo Botta, é um filme que impressiona pelo visual deslumbrante, especialmente as paisagens hipnotizantes dos Lençóis Maranhenses. Rodado nas extensas dunas e lagoas do Maranhão, o longa captura a beleza natural da região de tal forma que, por vezes, parece mais um comercial turístico do que um drama. A cinematografia, assinada por Bruno Graziano, é o ponto alto, e as imagens transportam o espectador diretamente para o cenário exuberante.
A trilha sonora é outro acerto, proporcionando uma boa imersão cultural. Quando toca “A Salta Tá Cheia” de A Barca, chega a emocionar com as cenas que passam. O longa é repleto de sons tradicionais, músicas regionais e reggaes diferenciados como “Don’t Go”, da Master Produções Remix e outras como “Melo de Familia”, de Mayron remix. Essa trilha oferece um retrato fiel do que se ouve no estado nordestino, funcionando quase como um guia auditivo da cultura local. Em verdade, em muitos momentos parece que estamos vendo vários videoclipes que se passam no Maranhão ao invés de um filme. Mas o longa ganha pontos por essa autêntica conexão com as raízes maranhenses.
Contudo, apesar dos visuais e da música envolvente, o roteiro de “Betânia” se revela frágil. A narrativa segue a trajetória da parteira Betânia, uma mulher que tenta recomeçar sua vida após um falecimento. A premissa é interessante, mas o desenvolvimento é superficial, com diálogos sem profundidade e personagens que parecem apenas seguir o fluxo das cenas. O filme se alonga em momentos contemplativos, deixando a sensação de que o enredo é um fiapo que se perde entre as belas paisagens.
Aliás, veja o trailer de “Betânia”, e continue lendo:
Um aspecto positivo é a inserção de informações históricas sobre o Maranhão e a forma como o filme retrata com respeito e carinho a cultura da região. As cenas que mostram a vivência do povo local e as tradições são envolventes e verossímeis. O elenco composto por atores estreantes, moradores do estado, traz um toque de autenticidade, apesar da inexperiência que transparece em alguns momentos.
Entretanto é impossível não citar Diana Mattos. Ela vive a protagonista com uma emoção que conquista o público, entre lágrimas e sorrisos que exalam genuinidade. Oriunda do teatro, sua atuação é uma das melhores coisas da película e sua presença já vale o ingresso. Em resumo, “Betânia” é uma obra visualmente cativante, mas que falha ao proporcionar uma história sólida. Marcelo Botta parece ter priorizado a estética e a atmosfera do Maranhão em detrimento de um roteiro mais elaborado. Para quem busca uma experiência sensorial, o filme vale a pena, mas quem espera uma narrativa mais densa pode sair decepcionado.
Serviço:
Sessões no Festival do Rio: 6 de outubro, domingo, às 21h45min no Estação Net Gávea, e 7 de outubro, segunda-feira, às 16h30min no Cine Odeon, com debate posterior.
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