Autora: Joana Monteiro, Licenciada em enfermagem (Escola Superior de Enfermagem de Coimbra) e em medicina (Universidade da Beira interior). Possui mestrado integrado em medicina e pós-graduada em nutrição e suplementação alimentar.
A obesidade é uma doença crónica causada pela acumulação excessiva de gordura corporal. É uma doença multifatorial, que pode ser originada por fatores comportamentais, ambientais ou genéticos, mas de forma genérica resulta de um desiquilíbrio entre a ingestão de calorias (através da alimentação) e o gasto energético (através do exercício físico). Um dos instrumentos mais vulgarmente usados para o diagnóstico é o índice de massa corporal (IMC), o cálculo que divide o valor do peso corporal pela altura ao quadrado, em que os valores acima de 25kg/m2 são considerados excesso de peso e, acima de 30kg/m2, obesidade.
A obesidade é uma doença que tem crescido muito os últimos anos, sendo que, a nível mundial, a percentagem de crianças com obesidade, entre os 5 e os 19 anos, aumentou de 2 para 8% e, de adultos, de 7 para 16%, entre 1990 e 2022[1]. Esta realidade é ainda mais relevante quando olhamos para países como os Estados Unidos, onde os valores rondam os 46%[2] ou países europeus, como Portugal, em que os valores da obesidade rodam os 22%, tal como no Brasil[3].
O excesso de peso e a obesidade são fatores de risco e fatores agravantes para vários problemas de saúde preponderantes como as doenças cardiovasculares, doenças oncológicas, diabetes tipo 2, infertilidade, entre muitas outras. Segundo a World Health Organization, em 2019, cerca de 5 milhões de mortes por doenças não transmissíveis foram causadas por um IMC acima do ideal[4].
O impacto económico da obesidade tem tomado proporções cada vez maiores, tanto diretamente, com os custos de internamentos, cuidados em ambulatório, exames e tratamentos, mas também, de uma forma indireta, na diminuição da produtividade, incapacidade, depressão, e mortes prematuras[5].
Pensando na sustentabilidade dos sistemas de saúde e na qualidade de vida da população é importante a consciencialização sobre este problema de saúde e a aposta na prevenção, tanto a nível individual, como a nível governamental, com implementação de políticas públicas que favoreçam os ambientes saudáveis.
O tratamento e a prevenção da obesidade podem ser complexos e implicar um acompanhamento por vários profissionais de saúde e tipos de tratamento, contudo existem algumas medidas que são transversais a todas as pessoas com excesso de peso e, mesmo, peso normal. Optar por uma alimentação saudável, em qualidade e quantidades certas, ricas em vegetais, proteína e laticínios magros, alimentos integrais e evitando os alimentos processados, alimentos ricos em gordura ou açúcar, nomeadamente em bebidas, como refrigerantes; Combater o sedentarismo no dia-a-dia e praticar exercício físico regular, de forma adaptada a cada grupo etário, genericamente com pelo menos 150 minutos de atividade de intensidade moderada (caminhada, jogging, natação), por semana, e treinos de força e flexibilidade; ter um sono reparador, com número de horas adequadas (7-9horas diárias); são algumas das medidas que todos devemos adoptar para ter uma vida e um peso mais saudável[6], [7].
[1] Phelps, N. H., Singleton, R. K., Zhou, B., Heap, R. A., Mishra, A., Bennett, J. E., … & Barbagallo, C. M. (2024). Worldwide trends in underweight and obesity from 1990 to 2022: a pooled analysis of 3663 population-representative studies with 222 million children, adolescents, and adults. The Lancet, 403(10431), 1027-1050.
[2] Rader, B., Hazan R., & Brownstein J. S. (2024). Changes in Adult Obesity Trends in the US. JAMA Health Forum. 5(12):e243685.
[3] Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (s.d.). Mapa da obesidade. Disponível em: https://abeso.org.br/obesidade-e-sindrome-metabolica/mapa-da-obesidade/
[4] World Health Organization. (s.d.). Obesity. Disponível em: https://www.who.int/health-topics/obesity#tab=tab_1
[5] Abbade, E. B. (2024). The cost of obesity and related NCDs in Brazil: An analysis of hospital admissions, disability retirement benefits, and statutory sick pay. Public Health, 237, 184-192.
[6] Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (2024). Estratégia de Prevenção da Obesidade para brasileiras e brasileiros. Disponível em: https://www.gov.br/participamaisbrasil/estrategia-de-prevencao-da-obesidade-para-brasileiras-e-brasileiros-2024-2034-abordagem-da-obesidade-como-um-problema-social-com-abordagem-intersetorial-e-interseccional
[7] Sérgio, A., Correia, F., Breda, J., Medina, J. L., Carvalheiro, M., Almeida, M. D. V., Dias, T. (2005). Programa Nacional de Combate à obesidade. – Lisboa: DGS, p. 24
Este artigo foi redigido em português de Portugal e pertence a coluna Ciência editada por Matheus Belucio.