Dirigido por Costa-Gavras, Uma Bela Vida é um filme com boas digressões sobre a morte, e como lidamos com esta inevitável questão em nossas vidas
Um dos maiores medos do ser humano é a incerteza do que acontece após a morte, apesar de ser algo inevitável e importante para a continuação da vida como um todo, vide o livro As Intermitências da Morte (2005, José Saramago), ao não apresentarmos consciência do que acontece após ela, sentimos um medo que nos aflige com ainda maior intensidade na medida que envelhecemos, porém, apesar de ser algo natural, ela ainda é vista como um tabu, principalmente se descobrirmos algo na longa estrada da vida, que pode acelerar o processo e nos levar antes da hora, como é o caso de Fabrice Toussaint, Denis Podalydès, no filme Uma Bela Vida.
Ao descobrir que apresenta uma mancha cerebral, Fabrice, um escritor e filósofo renomado, entra em contato com a própria mortalidade, assim, junto com o doutor Augustin Masset, Kad Merad, ambos buscam entender mais sobre a morte, por meio de desabafos de diversos pacientes terminais. Após muitas reflexões e alegrias, descobrem que a morte é um caminho inevitável e que consegue ser lidada de cabeça erguida.
Confira abaixo o trailer de Uma Bela Vida e continue lendo a crítica
Uma Bela Vida é um filme que se sustenta por meio de diálogos filosóficos e questionamentos metafísicos, assim, a produção se torna interessante na medida que os personagens lidam de maneiras distintas com a mortalidade inevitável do ser humano, principalmente Fabrice, que passa por uma jornada de aceitação de sua própria condição.

Marilyne Canto, Denis Podalydès, Kad Merad, Karin Viard em cena de “Uma Bela Vida”- Divulgação Bac Films
Apesar do clima pesado sobre morte, Uma Bela Vida apresenta um tom otimista, com interações leves e até mesmo animadas, em certo momento, um médico africano conversa com nossos protagonistas, e passa a sua própria visão sobre a morte, que diferencia da concepção tradicional presente no ocidente, se tornando um dos momentos mais interessantes da produção.
Uma Bela Vida não inova em quesito técnico, mantendo uma estética simples e até mesmo incomoda em certos momentos, fazendo uso de figurinos claros, em locais claros, iluminados de modo claro, ocasionando um desconforto visual para o espectador. Em quesito de montagem e som, também existem poucas inovações, sem apresentar inovações estilísticas como foi o caso de Virginia e Adelaide (2025, Yasmin Thayná, Jorge Furtado), outra produção que também conduz sua narrativa por meio de diálogos existenciais sobre a vida.
Filmes com foco em diálogos são quase um gênero a parte do cinema, já tendo sido feitos de todas as possíveis maneiras, desde romances como Antes do Amanhecer (1995, Richard Linklater), até dramédias como The Trip (2010, Michael Winterbottom), porém, o forte destas produções é o modo como elas apresentam uma progressão, mesmo que não aparente de inicio, levando o espectador a sentir que avança na narrativa, seja com uma mudança de cenário ou com uma mudança na interação entre seus personagens, no caso de Uma Bela Vida, isto não é sentido, o filme começa, e quando percebemos quando ele se encerrou, no meio existem discussões e filosofias sobre a morte, desde as mais interessantes até as mais banais.

Cena de Uma Bela Vida- Divulgação Bac Films
Com um ritmo próprio e lento, Uma Bela Vida se torna repetitivo na medida que somos apresentados a mais um paciente terminal, que também opta pela verdade sobre o seu estado de saúde, e vamos assim até o fim da produção, quando Fabrice aceita sua condição. A produção opta de estruturar sua narrativa por meio de diversos momentos isolados, e repetitivos, que até trazem reflexões interessantes para o espectador, porém, nenhuma mudança muito significativa na parte de seus protagonistas, trazendo ao seu final um alivio para seu espectador, porém, tornando-se às vezes mais um livro de auto ajuda e questionamentos sobre a vida, do que uma produção cinematográfica por si.
Uma Bela Vida é distribuído pelo Filmes da Estação e estreia nos cinemas nacionais no dia 17 de Julho de 2025.
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