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O Deserto de Akin
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: O Deserto de Akin retrata o Mais Médicos, mas funciona?

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 22 de julho de 2025
6 Min Leitura
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Dirigido por Bernard Lessa, O Deserto de Akin retrata a eleição de Jair Bolsonaro pelo ponto de vista do programa mais médicos, porém, não alcança o seu potencial narrativo

Surpreendendo alguns, e mostrando o inevitável para outros, em 2018, Jair Bolsonaro foi eleito presidente do Brasil e implantou várias medidas que ocasionaram uma onda de ascensão da extrema direita no país, ocasionando uma onda de preconceito e intolerância. Em 2025, o ex presidente está de tornozeleira eletrônica e esperando o julgamento por seus atos, que não cabem ser discutidos aqui, feitos durante e após o seu mandato.

Todos fomos de forma direta ou indireta afetados por este governo, da mesma forma que fomos direta ou indiretamente afetados quando Lula foi reeleito em 2022, é o que ocorre quando entra um novo chefe de estado, a sociedade se reorganiza, porém, as feridas do período bolsonarista ainda continuam bem abertas, originando produções audiovisuais que demonstram seus impactos, como é o caso de O Deserto de Akin.

Contando a história de Akin, um dedicado médico cubano do programa Mais Médicos, O Deserto de Akin mostra seu trabalho na comunidade que atende, juntamente com sua relação com Érica e Sérgio, com quem vivencia um trisal. Com a eleição de Jair Bolsonaro e o fim do programa, Akin deve decidir entre voltar a Cuba ou permanecer no país.

O Deserto de Akin

Cena de O Deserto de Akin- Divulgação Retrato Filmes

Semelhante à Transe (2022, Anne Pinheiro Guimarães, Carolina Jabor), O Deserto de Akin se utiliza de uma narrativa sem conflito direto, além da eleição de Bolsonaro que deveria agir como uma grande força destruidora da ascensão do fascismo, porém, ao retratar este período, a produção se perde dentro de uma rasa dicotomia. Os poucos eleitores do presidente retratados no filme, são vistos como ignorantes e violentos, enquanto nossos protagonistas, retratados como personagens de esquerda e livres em suas decisões e relacionamentos, são enxergados como corretos, quando sabemos que nem sempre é assim.

O período social ocorrido entre 2018 e 2022, jamais deve ser esquecido, isto é fato. Filhos foram expulsos de casa, pessoas demitidas de seus respectivos empregos por conta de intolerância, e vivemos um período de violência, porém, existe uma diferença entre viver isso na vida real, e retratá-la em uma produção audiovisual: na narrativa é essencial ter um conflito motriz, algo que indica um senso de progressão, caso o contrário, o espectador perde o interesse no assunto, não importa quão divertido seja ver o trisal de Akin, Érica e Sérgio, se não tiver uma base para nos relacionar com eles, além de uma dança de forró e troca de olhares, por que deveriamos nos importar?

O Deserto de Akin apresenta um protagonista passivo na forma de Akin. Ainda com dificuldades de falar português, mesmo após um ano no Brasil, o médico cuida de seus pacientes, vive seus amores e passeia pelo deserto, construindo um personagem estoico, com pouquíssimas linhas de diálogo, não deixando claro o seu interior, desejos ou ambições, e se o protagonista é assim, os outros personagens não são melhores.

O Deserto de Akin


Cena de O Deserto de Akin- Divulgação Retrato Filmes

Com câmera tremida, e um design de som focando no silêncio, O Deserto de Akin insiste em uma mensagem de resistência e luta contra o sistema, principalmente contra as decisões do governo vigente na época do retrato, porém, não demonstra o modo como ela deve ser realizada, encerrando a produção com o trisal feliz na cama, e em paz. O grande conflito que seria esta ascensão do fascismo e da violência, atuando contra o próprio modo de ser de seus personagens, nunca é realmente sentido dentro da produção, sendo por consequência somente aceito, sem catarse nenhuma.

Negro, imigrante, bissexual, médico cubano, todas estas características poderiam tornar Akin um herói trágico em sua melhor forma, refletindo sobre sua identidade dentro de um país que não é o seu, porém, O Deserto de Akin opta pela saída fácil e não foca no conflito, e sim em cenas que não se interligam entre si, e simbolismos fracos como os da cobra e do próprio deserto, não deixando nada significante ou realmente marcante para a audiência, em uma produção que poderia ser bem superior do que realmente é.

Com distribuição da Retrato Filmes, O Deserto de Akin estreia no dia 31 de Julho de 2025.

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Tags:Cinemacinema brasileirocinema nacionalcríticacrítica o deserto de akino deserto de akin
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