Mahmundi entrou no mês de junho com mais um projeto lançado, “Mundo Novo” chegou reflexivo e pronto para ser apreciado. São apenas sete faixas que, sem pausas, duram aproximadamente 22 minutos.
Logo no início notamos que não é apenas as doces melodias que pedem a atenção necessária, mas suas frases ditam a real importância em cada canção. O nome do disco parece fazer alusão ao momento de reclusão e mudanças em que os quatro continentes estão vivendo, mas a proposta é uma mera coincidência com os dias atuais.
Introdução que narra a trajetória humana
“É porque nós somos plurais, ser humano é ser plural conviver não é só uma questão de opção que a gente faz, tipo. O convívio é a nossa condição…”, esse trecho aparece como uma introdução. A voz e o pensamento é de Paulo Nazareth, músico e amigo da cantora. Aliás, “Convívio”, letra composta por ele enquanto ainda integrava a Banda Crombie encerrada em 2017, recebeu uma nova versão com Mahmundi. Questões sobre autoconhecimento, vulnerabilidade, descoberta e relacionamento são descritos nos versos.
Parceria com Castello Branco
“Nova Tv”, por exemplo, parece estar narrando a vida na quarentena quando diz: “Cansados do mundo, fugindo do tédio e questionando todos os vizinhos do prédio”. O refrão traz uma levada gostosa de ouvir e que não foge às características da multi-instrumentista. A música acompanha um clipe feito de forma simples, na sala de casa, com uma animação de Bruno Mazzilli.
A composição é do cantor, Castello Branco, que também assina “Nós de Fronte”. Outra releitura feita no álbum é “No coração da escuridão”, de Dadi e Jorge Mautner. Nela há uma pegada mais dançante com um misto da Bahia e da alma carioca.
“Sem Medo”, primeiro single divulgado, é uma parceria com Felippe Lau e mostra o reggae não somente em sua sonoridade, mas também nas mensagens entoadas. A produção foi realizada em conjunto com Davi Moraes. Já “Vai”, última faixa, traz esperança para quem adentra por um novo mundo de possibilidades fazendo valer o poder do sorriso no rosto e da coragem de seguir em frente.
Batidas eletrônicas dão lugar ao som orgânico
A força das batidas eletrônicas e dos sintetizadores que marcaram os trabalhos anteriores da artista deram lugar a parceria com uma banda. Os sons instrumentais estão presentes, algo diferente se comparado ao que já havia feito em “Para Dias Ruins” (2018), “Mahmundi” (2017) e “Efeito das Cores” (2014). Quem assina a produção geral e direção do novo projeto é a própria Mahmundi, afinal, os dotes de alguém que começou no Circo Voador como técnica de som não iriam decepcionar, né? Já a coprodução e os arranjos são do mineiro Frederico Heliodoro.
http://https://www.youtube.com/watch?v=poHe_QYAZ4U
Mahmundi FM
Com tantos olhares voltados para milhares de lives em diferentes plataformas, ela chega para trazer algo inovador. Produzir, cantar e compor já não era o bastante, agora Mahmundi tem uma rádio que vai ao ar todas às sextas e sábados, às 23 horas, em sua conta do Instagram e também no Twitch. O relacionamento com o público ficou ainda mais próximo e real.
Lá, os ouvintes enviam áudios apresentando novos artistas que merecem reconhecimento e isto resulta na criação de novas playlists a cada edição. Uma ótima dica para conhecer e mostrar não apenas cantores da nova geração, mas também outros profissionais da cultura que precisam ser vistos. Na última gravação o tema foi: “Vamos enaltecer a cultura negra?”, assunto que também já foi tratado por aqui. Vale conferir!
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