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Karine Gonthier-Hyndman e Laurence Leboeuf em cena de "Entre Duas Mulheres"-Divulgação Imovision
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘Entre Duas Mulheres’ celebra desejo, erotismo e liberdade feminina

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 17 de novembro de 2025
6 Min Leitura
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Karine Gonthier-Hyndman e Laurence Leboeuf em cena de "Entre Duas Mulheres"-Divulgação Imovision
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Dirigido por Chloé Robichaud, Entre Duas Mulheres entretém pelo erotismo, pela força de seu elenco e pelo retrato leve, divertido e natural da libertação sexual feminina

Embora a violência em produções audiovisuais tenha sido amplamente banalizada, sendo exibida de maneira direta, desnecessária e muitas vezes apenas pelo choque, o público se acostumou a assimilá-la como algo comum. Sentimentos extremos, como a raiva catártica presente em Um Dia de Fúria (1993, Joel Schumacher), tornaram-se aceitáveis como espelho e entretenimento, porém, a mesma naturalização não se estende à sexualidade. Para parte da geração Z, o sexo retratado no cinema continua sendo visto como algo “sujo”, desconfortável ou deselegante. Neste cenário, filmes como Entre Duas Mulheres se destacam ao mostrar que é possível explorar uma faceta tão inerente ao desejo humano, especialmente o feminino, sem perder beleza, simplicidade ou profundidade narrativa.

Assim como Emmanuelle (2024, Audrey Diwan), Entre Duas Mulheres é um remake de um filme erótico dos anos 1970 no caso, Entre Duas Mulheres (1970, Claude Fournier). Mas enquanto Diwan opta por um retrato contemporâneo que esfria o erotismo, Robichaud faz o movimento oposto: abraça abertamente a sexualidade, o desejo e o calor das relações. Suas cenas íntimas têm intensidade rara no cinema atual e jamais são tratadas sob luz negativa, sendo um bom exemplo a sequência em que Florence dança nua diante do espelho: o nu não aparece como provocação, mas como expressão natural de euforia e contentamento da personagem, além dos diversos encontros sexuais de suas protagonistas, retratados de forma próxima e excitante.

Karine Gonthier-Hyndman em cena de "Entre Duas Mulheres"-Divulgação Imovision

Karine Gonthier-Hyndman em cena de “Entre Duas Mulheres”-Divulgação Imovision

A trama acompanha duas vizinhas bem-sucedidas, mas profundamente insatisfeitas em seus casamentos. Violette vive uma licença-maternidade solitária e exaustiva, enquanto Florence enfrenta uma depressão que parece não ter fim. Na busca por explorar desejos que seus maridos não compreendem ou não despertam, elas iniciam casos extraconjugais que as levam a refletir sobre suas relações, seus papéis sociais e os limites impostos à sexualidade feminina.

No campo narrativo, Entre Duas Mulheres deixa alguns elementos pelo caminho, especialmente o eixo maternal de Florence, que ganha força apenas no terceiro ato. Embora esse aspecto pudesse ter sido explorado com mais coragem e complexidade, Robichaud prefere investir em sequências divertidas, sensuais e, por vezes, cômicas, levando o público a torcer para que essas mulheres vivam plenamente seus desejos, ao mesmo tempo que o filme abraça com humor e afeto, o brega e os clichês dos antigos filmes pornográficos, sem perder o charme ou o tom leve que o percorre.

Esteticamente, a produção aposta em muitos closes, sobretudo nas cenas íntimas das protagonistas. A fotografia mantém uma limpeza visual que reforça a naturalidade do erotismo, enquanto a direção de arte trabalha com cores monocromáticas que harmonizam com a atmosfera emocional das personagens, e o design de som, por sua vez, traduz com precisão a maneira como o desejo afeta a percepção: pequenos ruídos, respirações e silêncios constroem um espaço sensorial que aproxima espectador de suas protagonistas.

Em meio às cenas divertidas, tensas e excitantes, o filme também faz observações sutis sobre a estrutura dos relacionamentos considerados “normais”, especialmente os monogâmicos, e como essas convenções frequentemente diminuem ou limitam a mulher, transformando-a em posse. Nesse ponto, uma das figuras mais memoráveis da produção é Eli, amante de Benoit, marido de Violette. Interpretada por Juliette Gariepy, ela aparece por poucos minutos, mas ilumina a tela com sua liberdade e leveza diante dos códigos sociais de relacionamento. Eli mantém seu caso com Benoit mesmo o achando “feio”, mas justamente porque isso a excita, sendo o símbolo principal desta mulher livre das convenções e completamente livre.

Patrick Abellard e Laurence Leboeuf em cena de "Entre Duas Mulheres"-Divulgação Imovision

Patrick Abellard e Laurence Leboeuf em cena de “Entre Duas Mulheres”-Divulgação Imovision

Ao retratar traições, desejos e autodescobertas, Entre Duas Mulheres exige do espectador mente aberta e sensibilidade para compreender que o desejo é natural e que a busca pelo prazer é tortuosa, mas essencial. No final, mesmo sem grandes transformações dramáticas, permanece o sentimento de que acompanhamos uma jornada intensa, divertida e excitante, e que em seu final inspire nossas próprias reflexões sobre prazer, liberdade e identidade.

Distribuído pela Imovision, Entre Duas Mulheres venceu o Prêmio Especial do Júri na seção World Cinema Dramatic do Festival de Sundance e estreia nos cinemas em 20 de novembro.

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