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CinemaCrítica

Pobres criaturas – Uma fantasia surreal sobre liberdade

Por
Luciano Bugarin
Última Atualização 2 de março de 2024
9 Min Leitura
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Tópicos
Os limites da ciênciaPobres criaturasAprender é se permitirBella e o patriarcadoVisual estonteanteTrilha perturbadoraAtuaçõesOnde assistir

Nesta quinta-feira, 01/02, estreia “Pobres criaturas”, novo filme do cineasta Yorgos Lanthimos. É o primeiro filme do diretor grego que tem um roteiro adaptado. No caso ele é uma adaptação do romance do escritor escocês Alasdair Gray.

O renomado cirurgião Godwin Baxter (Willem Dafoe) tem uma fama não muito positiva sobre seus métodos. Mas o jovem Max McCandles (Ramy Youssef) o enxerga como um gênio. Isso leva o dr. Godwin a chamá-lo para atuar como seu assistente em sua atual experiência: Uma jovem mulher chamada Bella (Emma Stone), que tem um comportamento muito incomum.

Os limites da ciência

A premissa do filme é livremente baseada na do clássico “Frankenstein”. Bella é revivida por meio de cirurgia e eletricidade. Se, em ambas obras, há o debate clássico de qual seriam os limites da ciência, “Pobres criaturas” vai além, dando uma nova roupagem e adicionando novos temas à história.

O próprio Godwin é resultado da falta de ética em nome da ciência. Como resultado de diversas experiências cruéis que seu pai realizou nele, o doutor Baxter parece ser mais excêntrico do que sua própria criação. Seu próprio nome faz referência à palavra na língua inglesa para Deus. Bella o chama assim o tempo todo: “God”.

Godwin em sua casa-laboratório – imagem de divulgação.

Pobres criaturas

Segundo Godwin, o corpo de Bella e sua mente estão fora de sincronia, sendo que a segunda está ainda primitiva e precisa ser estimulada a desenvolver-se mais rapidamente. Max é o encarregado de registrar esse progresso que se dá por atividades físicas e mentais. Ao redor de Bella, estão outras pobres criaturas: animais que Godwin remenda uns aos outros.

No momento que Bella vai ao telhado pela primeira vez, ela suspeita que existe algo para além da casa em que vive. Seu “pai” a mantém confinada, pois tem receio que o mundo possa tirar proveito de sua condição. Mas, quando o playboy rico Duncan Wedderburn (Mark Ruffalo) surge na trama e quer levar ela embora como sua amante, Bella resolve que precisa conhecer o mundo.

Bella convive com outras pobres criaturas- imagem de divulgação.

Aprender é se permitir

A princípio Bella é limitada e ingênua. Ela aprende e descobre sobre as coisas por meio de sua curiosidade aguçada. Seu comportamento se assemelha ao de uma criança que demonstra interesse pelo que lhe agrada e logo quer aquilo demasiadamente. Ao longo da narrativa, seu pensamento vai ficando mais aguçado e ela vai estabelecendo cada vez mais suas vontades e personalidade.

Para poder aprender as coisas é preciso conhecê-las, e para isso é preciso se permitir estar aberto a conhecer e entender tudo. Bella vai vivendo dessa forma, sem restringir apenas ao que é bom. Ela quer conhecer o mundo e ter consciência de tudo que tem de bom e tudo que tem de ruim nele. Ela repudia uma possível alienação em relação ao mundo.

Bella tem sede por viver e por conhecimento- imagem de divulgação.

Bella e o patriarcado

Por ter uma abordagem mais objetiva e pragmática da realidade, Bella é criticada diversas vezes por ter um “comportamento inadequado”. Porém, o que seria a civilidade que os homens tentam enfiar-lhe goela abaixo não parece tão justa ou democrática. Afinal, trata-se de uma sociedade patriarcal que determina a mulher para um papel específico no casamento. Bella se depara com homens que querem controlá-la, sejam quais forem os diferentes motivos.

Mas, mesmo quando ela ainda não expõe seus pensamentos de forma tão eloquente, ela deixa claro que isso a incomoda. Esse é o grande trunfo do roteiro, utilizar uma personagem que tem uma visão tão espontânea e livre de falsas e ilusórias convenções da sociedade. No caso, uma sociedade patriarcal que julga e objetifica a mulher. Algo que ainda conserva-se nos tempos atuais.

Bella e Duncan- imagem de divulgação.

Visual estonteante

A arte em “Pobres criaturas” é um verdadeiro banquete para os olhos. Inicialmente, o filme é claramente ambientado na segunda metade do século XIX, com uma bela fotografia em preto e branco registrando a narrativa. Em algumas cenas, temos uma imagem esférica por meio da lente conhecida como olho de peixe. Famosa por ser muito utilizada em vídeos de skate, aqui ela dá uma sensação de uma visão à espreita. Como se o reproduzido em cena fosse secreto, ou quase proibido.

Quando Bella sai para conhecer o mundo, o visual estonteante do filme se eclode de vez. Além de cenários com um colorido intenso, temos a adição de estranhos veículos que parecem mais saídos de um futuro imaginado por Jules Verne com veículos desenhados por Leonardo da Vinci. Quase um mundo feito de retalhos do moderno e do passado, tal qual a renovada visão do roteiro sobre um clássico da literatura e do cinema.

Bella admira a Lisboa do filme- imagem de divulgação.

Trilha perturbadora

Esse é o primeiro filme de Lanthimos que tem uma trilha musical original, e não podia ser melhor. A trilha composta pelo britânico Jerskin Fendrix é estranha, por vezes até perturbadora, mas que casa perfeitamente com o tom do filme. As músicas variam de melodias que evocam temas infantis, festivos, filmes clássicos de terror e fado.

As composições acompanham a narrativa, suas reviravoltas e o estado de espírito dos personagens. Quando há muita inquietação e confusão, a melodia se torna tão curiosamente bizarra que causa um desconforto. A variedade da trilha que vai de músicas quase minimalistas para outras magnificamente sublimes retrata bem o carrossel de emoções que é o filme e a jornada de Bella.

Atuações

Todo o elenco de “Pobres criaturas” está excelente. Mas é Emma Stone a grande estrela que representa a alma do filme. Ela nos transmite de forma impressionante a genuinidade de sua curiosidade mordaz. Sua atuação, que vem sendo bastante premiada, fala diretamente com o espectador. Ou sua vontade oculta de dizer certas verdades para o mundo.

Em suma, Bella está sempre analisando o comportamento e as atitudes das pessoas que ela conhece ao longo do filme. Na maioria das vezes, ela se vê intrigada pelas constantes incoerências que regem o mundo. Questões relacionadas à liberdade, sexualidade, classe social e empatia. Como uma cientista social, ela analisa e tira suas conclusões sobre as hipocrisias da sociedade.

Max e Godwin – imagem de divulgação.

Onde assistir

Se a princípio, ao ler esse texto, você ache que esse filme é estranho demais para o seu gosto, pense que Bella também tinha medo no início, mas graças à sua curiosidade ela descobriu um mundo novo. Afinal, a curiosidade pode te levar a pensar em certos aspectos que estão adormecidos na sua mente, somente esperando para sair.

Bella dançando em Lisboa – imagem de divulgação.

O filme foi indicado a onze prêmios Oscar: Filme, atriz (Emma Stone), ator coadjuvante (Mark Ruffalo), direção, maquiagem, trilha musical, roteiro adaptado, fotografia, edição, desenho de produção e figurino.

Eventualmente, no Globo de ouro, o filme venceu os prêmios de melhor filme e melhor atriz na categoria musical ou comédia.

O filme é distribuído pela Disney do Brasil. A estreia é nesta quinta-feira (01/02/2024). Consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.

trailer legendado
Trailer 2 legendado
Tags:crítica cinematográficaemma stoneEstreialiberdademark ruffalooscaroscar 2024Pobres criaturasPoor thingsWillem DafoeYorgos Lanthimos
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PorLuciano Bugarin
Professor de artes e cineasta independente. Sou cinéfilo, fã de Simpsons, entusiasta de artes que fogem do óbvio e músicas barulhentas.
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