Dirigido por Thierry Frémaux, Lumière, A Aventura Continua! segue a mesma estrutura de seu antecessor em seu retrato da importância dos Irmãos Lumière.
Há 130 anos, os Irmãos Lumière popularizaram as sessões de cinema com produções como A Chegada do Trem na Estação e A Saída da Fábrica Lumière. Utilizando o cinematógrafo, desenvolvido por eles, mas em diálogo com invenções de Thomas Edison, iniciaram uma onda que ainda apresenta resquícios na contemporaneidade. Afinal, a dupla pode ser considerada uma das bases fundamentais para o surgimento do documentário na história do cinema, além de inspirar outros grandes cineastas que consolidaram a sétima arte, como Georges Méliès.
Sequência do documentário lançado em 2016, Lumière, A Aventura Continua! apresenta 100 curtas remasterizados dos Irmãos Lumière, grande parte pouco conhecidos pelo grande público. Ao longo de quase duas horas, a produção conduz o espectador por uma jornada que revisita as obras e os temas explorados pela dupla de diretores. Contudo, enquanto os filmes originais não apresentavam narração e eram acompanhados apenas por orquestra no chamado “cinema silencioso”, novamente os curtas são introduzidos pela narração apaixonada de Thierry Frémaux, diretor do Festival de Cannes e amante declarado do cinema.

Cena de Lumière, A Aventura Continua!- Divulgação Imovision
O que pesa na animada narração de Frémaux é que, com o tempo, ela se torna técnica e excessivamente enfadonha, quando poderia ter sido mais pontual, permitindo que o espectador observasse os filmes dos Lumière como eram apresentados na época de seus respectivos lançamentos, fazendo uso de comentários breves ou mais criativos, como ocorre em Meu Nome é Alfred Hitchcock (2021, Mark Cousins), outro documentário que analisa a obra de um diretor e sua influência no cinema, mas que se mantém leve graças a uma organização mais orgânica e irônica, sem deixar a homenagem de lado.
É inegável que Frémaux é um especialista e profundo admirador da obra dos Lumière. Entretanto, Lumière, A Aventura Continua! poderia ter aproveitado melhor o espaço para apresentar essas obras a uma nova geração em sua forma mais bruta, ao invés de estabelecer tantos paralelos com poucas pausas para contemplação, transitando entre comentários interessantes, como a história de Méliès tentando comprar o cinematógrafo, e referências redundantes ou descrições óbvias daquilo que o espectador já consegue perceber na tela, quando poderia ter se beneficiado mais de “momentos de narração”, ao invés de uma constante análise ininterrupta.

Cena de Lumière, A Aventura Continua!- Divulgação Imovision
Apesar de sua importância como documento histórico e de preservação, especialmente porque muitos desses curtas são pouco conhecidos na filmografia dos cineastas, Lumière, A Aventura Continua! é um documentário de nicho em seu auge: interessante para amantes da sétima arte, estudiosos, professores, alunos e grandes curiosos do cinema. Não à toa, teve uma sessão especial na Cinemateca de São Paulo. Contudo, para o grande público, corre o risco de soar técnico e longo demais, assim como ocorre com documentários de arte como Picasso – Um Rebelde em Paris (2025, Simona Risa).
A reflexão sobre como produções de gênios cinematográficos como Coppola e Yasujiro Ozu, além de vídeos espalhados pela internet, tiveram seus berços na cinematografia dos Lumière, poderia ter sido apresentada de maneira mais orgânica, levando à compreensão que a narração é a maior qualidade técnica e informativa do filme, mas também um de seus maiores pesos.
Distribuído pela Imovision, Lumière, A Aventura Continua! chega aos cinemas no dia 11 de dezembro.
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