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CinemaCrítica

A cor púrpura – Um filme sobre liberdade, resistência e imaginação

Por
Luciano Bugarin
Última Atualização 2 de março de 2024
10 Min Leitura
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Tópicos
A cor púrpuraUm drama musicalUma fagulha de esperançaCamadas de preconceitosIdentidade própriaMúsicasAtuaçõesRecriação sublimeOnde assistir

Nesta quinta-feira (08/02), estreia “A cor púrpura”, de Blitz Bazawule. O filme é baseado em uma peça musical da Broadway adaptada do livro homônimo de Alice Walker, cuja história foi levada pela primeira vez para o cinema em 1985, no filme de Steven Spielberg. Temos aqui, uma versão musical dessa poderosa obra.

A história começa no início do século XX no litoral do estado da Geórgia, nos Estados Unidos. Duas jovens irmãs sofrem nas mãos do bárbaro pai delas (Deon Cole). De forma tirânica, ele permite que uma estude (por a considerar bonita e inteligente) e obriga a outra a cuidar da casa (por a considerar feia e burra).

A cor púrpura

Logo no início vemos como Celie (Phylicia Pearl Mpasi), apesar de bem jovem, já conhece muito sofrimento em sua vida. Ela sente falta de sua falecida e carinhosa mãe. Seu pai abusa dela sexualmente. Isso acarreta com que ela tenha que dar à luz duas crianças, que são levadas para adoção, contra sua vontade. Para sobreviver e aguentar este martírio, ela conta com o suporte da irmã Nettie (Halle Bailey).

Celie e Nettie são inseparáveis, pelo menos no coração e na alma. Pois quando o pai delas cede a mão de Celie para que ela se case com o canalha beberrão Albert (Colman Domingo), elas são separadas de forma impiedosa. Como se tivessem amputado uma parte do corpo de cada uma delas. Ela é levada para uma nova vida de apenas mais sofrimento e exploração.

Celie e Nettie jovens – imagem de divulgação.

Um drama musical

Temos um drama que é pontuado por números musicais, com elaboradas coreografias em uma abordagem mais suave que o filme de 1985 ao apresentar todo o sofrimento e injustiça que Celie tem que suportar. Mas, o tom da narrativa acaba correspondendo ao jeito inocente dela ver o mundo.

Afinal, muitos dos números musicais são representações da imaginação de Celie, tentando fugir da realidade cruel em que ela vive. Tal qual a personagem de Björk em “Dançando no escuro”. Ela não conhece praticamente nada do lugar onde vive, e muito menos do mundo.

A jovem Celie – imagem de divulgação.

Uma fagulha de esperança

Imaginação e Curiosidade são as únicas coisas que Celie tem, que ninguém conseguiu roubar dela. A forma como essas memórias são apresentadas apresenta um misto de fantasia, memória e desejo de liberdade. Duas mulheres aparecem em sua jornada de modo que fazem ela conseguir idealizar de forma mais objetiva como pode alcançar a liberdade que ela tanto almeja.

Ela se impressiona com Sofia (Danielle Brooks), que impõe respeito ao marido e que defende de modo firme que ela não pode aceitar nenhum abuso de homem algum. Ela se encanta pela foto e pela voz de Shug Avery (Taraji P. Henson), cantora que é a grande paixão de Albert. Para Celie, Shug é a representação máxima da liberdade, pois vive como quer e ainda desperta uma paixão que ela nunca tinha pensado em experimentar.

Shug se apresenta de forma sublime em um bar – imagem de divulgação.

Camadas de preconceitos

Apesar de seu poder, independência e liberdade, Shug também enfrenta um preconceito. O de seu próprio pai, reverendo que desaprova a filha ter escolhido o blues ao gospel. Ao longo do filme, vemos como diferentes preconceitos vão surgindo em diferentes camadas e dimensões e envolvendo personagens que pareciam não temer nenhum tipo de discriminação.

Mesmo diante de tais violências, cada personagem resiste ao seu jeito. Seja por si só, ou pelo suporte de outra. Podemos perceber também como o preconceito pode gerar um ciclo de opressão que exige muita temperança para romper-se com. Celie, com sua sinceridade de ser, pode ter um potencial de ser uma voz contra as injustiças?

Celie e Sofia – imagem de divulgação.

Identidade própria

O livro de Alice Walker serviu de matéria prima para, além do filme de Spielberg, um musical em 2005, que já foi reencenado em 2016 e conta, também, com uma versão teatral brasileira, com texto de Artur Xexéo, encenada pela primeira vez em 2019.

O grande desafio dessa versão é mostrar que é uma obra com identidade própria, que não se restringe a recriar o que já foi feito anteriormente. Embora haja algumas cenas que remetem ao filme estrelado por Whoopi Goldberg, aqui o tom mais fantástico e imaginativo dão um aspecto mais impressionante visualmente.

Os números musicais representam o clamor por liberdade de Celie – imagem de divulgação.

Músicas

Com uma leva de músicas que vão do gospel ao blues, a trilha é um dos pontos altos do filme. Afinal, uma história com uma grande carga emocional, apresenta o mesmo em suas músicas. Tanto nas letras, quanto nas interpretações das atrizes. A música, aqui, é uma forma de expressão adequada para externar o peso das aflições.

Quincy Jones, que compôs a trilha musical do filme de 1985, aparece aqui como produtor das músicas que narram a trajetória de Celie. Músicas, essas, que escuto enquanto escrevo este texto, e que contam, também, com a participação da brasileira Ludmilla.

Embora, em certas partes, a música e suas coreografias acabam causando um desencontro entre o tom do número musical e a dramaticidade das situações. O que acaba atrapalhando tanto a profundidade de algumas cenas, quanto o ritmo do próprio filme, de modo que se perde um pouco da essência de suas personagens.

Sugar apresenta Celie ao batom – imagem de divulgação.

Atuações

Como um bom drama que é, “A cor púrpura” não se sustenta apenas nos números musicais, mas nas atuações firmes e intensas das protagonistas e do antagonista. Na pele de Celie, Fantasia Barrino (cantora revelada pelo American Idol) brilha ao encarnar com maestria o crescimento do desejo de sua personagem por todo tipo de liberdade: sexual, de ir e vir, de escolher como viver.

Danielle Brooks (indicada ao Oscar), como Sofia e Taraji P. Henson, como Sugar Avery, também impressionam com suas atuações e interpretações musicais que celebram o empoderamento feminino de modo bastante visceral. Essa potência vem também das letras. Que celebram temas diversos: Desde a necessidade de se impor diante a violência doméstica a vontade de expressar a própria sexualidade e o desejo sexual feminino.

A música “Hell no!” que fala sobre violência doméstica – imagem de divulgação.

Recriação sublime

Um filme, cuja história atravessa diversas décadas tem a difícil tarefa de recriar de forma convincente cada época retratada em cena. Não se trata apenas de fazer cenários e figurinos, mas acertar no tom da representação dos personagens e das situações. Ao mesmo tempo que os cenários nos trazem uma sobriedade realista, há o espaço para a convivência com o fantástico.

Como, por exemplo, em cenas que mostram Celie sonhando acordada. Ela dança em cima de um gigantesco disco em um gramofone. Se tais cenas podem parecer, de certo modo, celebrativas demais, por outro lado, elas remetem ao passado de Hollywood. Os filmes musicais clássicos dos anos 1950.

Celie dança sobre um disco tocando no gramofone – imagem de divulgação.

Onde assistir

Este é um filme sobre a importância da fé. Seja em si mesmo, em outras pessoas, ou na esperança por tempos melhores. Também nos mostra como diferentes pessoas podem lutar pelos seus direitos, cada uma a seu jeito. Especificamente, aqui, na união feminina pelos seus direitos.

O cruel Albert – imagem de divulgação.

Se você não é o tipo de pessoa que adora ver musicais, ou se incomoda com personagens cantando constantemente em cena, deixe um pouco esse pensamento de lado. Assista “A cor púrpura” e deixe-se levar pelas belas e emocionantes melodias, assim como a deleitosa fotografia.

Pode não ser o filme do ano, mas é um ótimo e poderoso drama musical que vale ser visto na tela grande. O filme entrou em cartaz nos cinemas neste dia 08/02/2024. Consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.

trailer legendado
Tags:Alice WalkerBlitz BazawuleColman DomingoCor púrpuracrítica cinematográficaDanielle BrooksEstreiaFantasia BarrinoHalle Baileymusicaloscaroscar 2024Taraji P. Henson
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PorLuciano Bugarin
Professor de artes e cineasta independente. Sou cinéfilo, fã de Simpsons, entusiasta de artes que fogem do óbvio e músicas barulhentas.
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