Estreia nesta quinta-feira (16/05), “A estrela cadente” de Dominique Abel e Fiona Gordon. A dupla de diretores também assina o roteiro, estrelam no filme e são um casal na vida real. Eles apresentam, aqui, seu oitavo filme em conjunto.
A história se passa no pequeno e curioso bar “Estrela cadente”, situado em uma rua erma em Bruxelas. Nesse pequeno lugar, Boris (Dominique Abel) é um bartender. Certa noite, ele é confrontado por um estranho (Bruno Romy) que diz saber sua identidade. Boris está sendo visado por um erro de seu passado, que o levou a viver nessa constante fuga.
O estranho clama por vingança contra Boris. Estará seu destino selado por um passado que o persegue? Para tentar driblar esse destino (injusto em sua visão), ele, sua companheira e dona do bar Kayoko (Kaori Ito) e seu amigo Tim (Philippe Martz) planejam colocar um sósia em seu lugar. Dom (também interpretado por Dominique Abel): um sujeito solitário, que ninguém (aparentemente) dará falta.
Homenagem ao cinema
A trama traz um emaranhado de homenagens e alusões aos gêneros mais clássicos do cinema e suas convenções estéticas e narrativas. A detetive particular Fiona (Fiona Gordon) é contratada para encontrar um cachorro perdido e acaba se deparando com o mistério da troca de identidades.
A história progride de uma forma em que tudo parece acontecer de forma bastante conveniente. Mas, isso não é um demérito. E sim, uma sátira. Afinal, nos filmes de investigação policial, as coincidências é que fazem as tramas avançarem sem que o público questione muito o acaso.
A pegada mais cômica proposta aqui nos faz pensar nessas convenções narrativas de uma forma mais espirituosa. Refletimos sobre sua efetividade, ao mesmo tempo que achamos engraçado. Há também alegorias ao cinema musical, os melodramas e as comédias burlescas.
Simplicidade também é inventividade
O filme apresenta poucos diálogos e as atuações funcionam numa lógica quase teatral. Inclusive com muitos planos fixos e frontais. No entanto, isso não representa uma pobreza visual do filme, mas sim o trunfo da sua criatividade. Afinal, ser inventivo empregando a simplicidade é mais complexo do que pode parecer.
Apesar de o que poderia parecer um excesso de planos frontais, muitos deles resultam em composições bem criativas e perfeitamente associadas à estética e à narrativa do filme. Com um visual que por vezes remete um sonho, por vezes uma história em quadrinhos, “A estrela cadente” explora todas as nuances da plasticidade de sua fotografia e cenários.
Humor absurdo
Ocasionalmente, a trama parece que vai tomar um rumo, mas toma outro. Tudo é misterioso e simples ao mesmo tempo nesse filme que está repleto de situações inusitadas e humor absurdo. Sem a direção precisa da dupla, isso poderia irromper em um filme irregular e sem propósito. Mas aqui temos cada elemento dosado com equilíbrio para o deleite do espectador.
A falta de compromisso com qualquer tipo de realismo é justamente o diferencial do filme. Afinal, ultimamente, parece que o cinema tem se polarizado entre uma busca quase obsessiva por um alto grau de realismo e fantasias megalomaníacas de universos grandiosos. Parece que há pouco lugar para as produções modestas como “A estrela cadente”.
Onde assistir “A estrela cadente”
O filme é uma comédia do absurdo e da farsa. Um tipo de cinema mais nonsense que tem cada vez menos espaço atualmente. Ou seja, uma boa pedida para cumprir a máxima “Cinema é a maior diversão”.
Por fim, “A estrela cadente” estreia nesta quinta-feira, 16/05/2024 nos cinemas, com distribuição da Pandora Filmes. Dessa forma, consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.