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Cultura

A mulher negra e o autoamor | Por Pamella Lessa

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Mulher Negra e o autoamor. Texto de Pamella Lessa.

Esse ano eu completo 30 anos. Quando eu era mais nova, sempre ouvia minhas amigas comentarem: “ ah…essa fase dos 30 anos é a melhor, você sente tão diferente”. Desde então, sempre tive uma queda por essa tão falada fase dos 30. Será que era real o que
elas falavam? Será que eu me sentiria assim também? A real é que não podemos dizer que as fases de uma mulher branca é a mesma que a de uma mulher negra. Existe um muro que separa as nossas dores e mesmo com todo acolhimento que podemos fornecer umas às outras, só uma mulher negra sabe as dores sentidas por outra mulher negra.

Não precisamos de muitas leituras para saber que a maioria das mulheres negras teve uma adolescência complicada, pautada por rejeição, inferioridade, baixa estima. Muitas de nós, recorríamos aos estudos, aos livros e a imaginação para poder lidar com essa fase. Mesmo com pais amorosos que se matavam diariamente para poder verem os filhos “ se tornarem alguém na vida” eles não poderiam nos livrar do racismo, do sentimento de rejeição e a sensação de não pertencimento que nos assombrava diariamente.

Aceitação

Essas mulheres cresceram, aprenderam a lidar com suas dores de alguma maneira, nem sempre com o afeto e o autocuidado que tanto se fala hoje em dia, mas tentavam; tentam até hoje. Falar de auto estima para uma mulher negra é trazer à tona toda uma bagagem emocional e memórias de uma dura realidade racista e machista que se mantem presente em nossa sociedade cada vez mais forte e violenta. Poderíamos ficar horas, dias, refletindo sobre os efeitos do racismo, do machismo na vida de uma mulher negra, haja reflexão e análise. Mas não vamos pegar esse trem hoje. Não hoje.

O que eu quero refletir aqui, é sobre a nossa capacidade de auto amor. Esse caminho de auto aceitação e auto estima é um processo longo e cheio de tentativas frustradas, mas precisamos insistir, por nós, pelas nossas crianças negras que virão ao mundo e precisam saber que elas devem se amar não porque o mundo diz que sim, mas que não há nada de errado com a cor da sua pele, com o seu corpo, seu cabelo e seu jeito de ser.

O contato com a minha ancestralidade e espiritualidade é algo que vem me mudando intensamente. É através deles que venho me fortalecendo e me amando mais do que nunca, pois existe beleza em nós, sempre existiu. Precisamos resgatar esse olhar para nosso povo, para a nossa cultura e para nós mesmos. Como estamos lidando com nossas emoções? Como estamos ressignificando nossa forma de se relacionar, de dar e receber amor.

Aprendendo

Não podemos esperar que seja uma caminhada rápida. Sempre reforço que estamos ainda aprendendo o que é ser negro em uma sociedade como a nossa, resgatando a passos tímidos a nossa identidade, aprendendo que temos riquezas, potencias e belezas sem fim. Aliás, ressalto aqui a importância de identificarmos e escolhermos bem quem caminha ao nosso lado, quem luta com a gente e quem entende a nossa língua. O nosso autoamor envolve principalmente saber quem é seu aliado nas lutas diárias, aquela ou aquele que sabe reconhecer a beleza que existe em você e compartilha das suas dores, pois dói nele também.

A minha fase dos 30 anos chegou e ela chega cheia de potência, reflexões e possibilidades. Eu, como uma mulher negra prestes a chegar aos 30, me sinto mais dona de mim do que nunca, conectada com o poder que existe em mim através dos meus ancestrais. Sigo construindo um caminho de belezas, de forças e de autoconfiança.

Afinal, escolho a dedo meus aliados, conquistando novos espaços, compartilhando riquezas e conhecimento, aprendendo com outras mulheres e homens também. Finalizo dizendo uma frase de uma mulher preta poeta que muito me inspira:

“Somos a Yalodes de um novo tempo, que possamos honrar nossas ancestrais nessa caminhada, nutrindo e doando amor por onde passarmos.”

@pretas_ruas

Ademais, veja mais:

Negra Jaque | “Rap é mão preta de interferência na sociedade”
Marcelo Monteiro | “Cosmogonia resgata e desperta a consciência do povo negro”
Pretas Ruas busca oportunidades para mulheres negras | Podcast com Pamella Lessa

Cinema

Estreias do fim de semana nos streamings – Março 2023 (24/03)

Os destaques ficam com a segunda temporada de ‘Cidade Invisível’ na Netflix e ‘Ringo: Gloria e Morte’ do Star+.

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Esse fim de semana vem recheado com estreias de séries e novas temporadas. Além disso temos os shows do Lollapalooza Brasil 2023 na Globoplay. Vem conferir os lançamentos e deixa nos comentários o que irão assistir.

Cidade Invisível T2 – Netflix

A segunda temporada de Cidade Invisível está chegando com novas entidades e muito mais mistério. Estrelada por Marco Pigossi, Alessandra Negrini, Zahy Tentehar, Leticia Spiller, Manu Dieguez e Simone Spoladore, os novos episódios estrearam dia 22 de março.

O Agente Noturno T1 – Netflix

Ao atender uma ligação de emergência, um agente do FBI se vê no centro de uma conspiração letal, envolvendo espionagem na Casa Branca. Do produtor executivo de The Shield e S.W.A.T., O Agente Noturno estreou em 23 de março.

Perfect Adition – Prime Video

Uma paixão viciante que se torna uma vingança perfeita! A vida da treinadora Sienna (Kiana Madeira) estava em perfeita harmonia, até seu namorado Jax (Matthew Noszka), que também era seu aluno, a trair com sua própria irmã, iniciando uma guerra que nem ele esperava. Agora ela decide treinar o único homem capaz de derrotá-lo, seu arqui-inimigo Kayden (Ross Butler).

Ringo: Glória e Morte T1 – Star+

Em busca de uma retomada na carreira do boxe, já em declínio devido uma série de infelizes contratos, Oscar “Ringo” Bonavena, o peso-pesado mais famoso da Argentina chega à Nevada. Ele se envolve com a máfia e tenta conseguir uma luta final com Ali.

Amor nas Alturas T1 – Star+

Uma comédia romântica musica ambientada na cidade de Nova York de 1999. Segue a extraordinária história de um casal comum que ao se apaixonarem encontram um mundo de memórias, obsessões, medos e fantasias dentro de suas cabeças.

Superman e Lois T3 – HBO Max

Após anos enfrentando vilões megalomaníacos, monstros destruidores e invasores alienígenas, o Homem de Aço e a famosa jornalista Lois Lane retornam à idílica cidade de Smallville para criar os filhos adolescentes, Jonathan e Jordan.

Origem T1 – Globoplay

A viagem da família Matthews acaba mal quando saem da rota e acabam em uma cidade interiorana na qual são aprisionados e perseguidos por criaturas que caçam almas após o anoitecer.

Outro destaque da Globoplay nesse fim de semana é a cobertura do festival Lollapalooza Brasil 2023. Neste sábado teremos shows de Jane’s Addiction, Tame Impala, The 1975, Twenty Øne Piløts e muito mais.

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