No último sábado (09), o Circo Voador foi mais uma vez o palco de uma celebração insana da música pesada carioca. A casa mais democrática do Rio de Janeiro recebeu mais uma edição do Matanza Ritual Fest, capitaneada pela atração que leva o nome do evento e ainda contou com o som rapcore do Pavilhão 9 e o saravá-metal do Gangrena Gasosa.
E se você deu a sorte de pintar por lá, sabe muito bem do que estamos falando, da loucura que foi. Mas se não esteve sequer passando pelos Arcos da Lapa naquela noite, então chega mais que o Vivente Andante vai te contar tudo que rolou!
Pavilhão 9 abre os trabalhos
Diretamente de São Paulo, o Pavilhão 9 chegou para abrir a noite e liderados pelo vocalista Rho$$i, mostraram que suas letras afiadas e o peso do seu rock misturado com hip-hop não diminuíram em nada com o tempo.
Donos de uma das apresentações mais explosivas no Rock in Rio III, nos já longíquos anos 2001, a banda apresentou seus sucessos aliados com algumas músicas mais novas. Porém, a clássica Mandando Bronca não poderia faltar e encerrou a apresentação do grupo que tem mais de 30 anos de carreira e sete álbuns de estúdio.
A heresia maravilhosa do Gangrena Gasosa
Quem veio logo depois pra trazer um pouco de saravá para o Circo que se formava foi o Gangrena Gasosa. Angelo Arede e cia. vieram trazer os “crássicos” que moldam a cena rock and roll carioca desde os anos 90.
Desde que lançaram Welcome to Terreiro, em 1993, e alcançaram ainda mais respeito no cenário brasileiro com Smells Like a Tenda Spirita, de 2000, o Gangrena não parou mais de produzir a boa e velha porrada sonora de qualidade aprovada por público e entidades.
Se Deus é 10, Satanás é 666 e Eu Não Entendi Matrix foram apenas alguns dos destaques que se juntaram a canções mais novas como Headboomer e o Rei do Cemitério. Assistir um show do Gangrena Gasosa é sempre uma satisfação enorme para quem conhece e até quem não conhece. E se você não fez isso ainda, está em tempo de pagar sua dívida com o Zé.
Peso, acidez, críticas à diversos problemas sociais com uma pitada de bom humor e muito rock pesado. A noite no Circo Voador não poderia ficar mais divertida, pensamos. Mas estávamos bem enganados.
Matanza Ritual dá início ao caos e à desordem
Quando Also Sprach Zarathustra, de Richard Strauss, que fez parte da trilha sonora de 2001, Uma Odisseia no Espaço, de Stanley Kubrick, soa nas caixas de som, já sabíamos que algo grandioso viria. Seria um Chamado do Bar?
Sim, a primeira música do show do Matanza Ritual sacudiu tanto o Circo Voador que copos voaram, pessoas correram e muita roda de pogo foi sendo aberta com pessoas entrando nelas querendo ou não.
O caos estava instalado, não havia mais ordem no recinto. Mas quem se importa? Afinal, só o que eu posso lhe dizer é que Bom É Quando Faz Mal. Daí por diante, era o começo do fim do mundo.
Nesta versão do Matanza – pra quem não sabe há outro Matanza acrescido do nome Inc. e que conta com o fundador e letrista da banda original Donida -, esse Ritual é composto por um time de astros do rock nacional: o showman e vocalista Jimmy London, Felipe Andreoli, ex-Angra, é o baixista, Antônio Araújo na guitarra e Amílcar Christofáro (do Torture Squad) na bateria.
Se o repertório de ambos os Matanzas é praticamente o mesmo, os fãs podem, contudo, curtir duas bandas com novas pérolas para se tornarem clássicos. Com Jimmy London no comando deste, já são aclamados os singles Morte Súbita, Sujeito Amargo e Rei Morto.
Mas o público estava ávido mesmo era por A Arte do Insulto, Eu Não Gosto de Ninguém, Bebe, Arrota e Peida, A Vingança de Todo Ódio da Vingança de Jack Buffalo Head, Taberneira, Traga o Gim, entre tantas e tantas outras.
No meio de tanto barulho do bom, é possível notar a força que faz um frontman poderoso como Jimmy London. Por mais que a banda original seja brilhante pelas letras do guitarrista Donida, é na figura colossal de seu vocalista que repousa toda a fúria do Matanza.
E o Matanza Ritual, aparentemente, deve seguir um caminho mais ao lado do sucesso comercial justamente pela imagem de Jimmy. O show deste sábado parece a prova cabal dessa possibilidade.
Por fim, é claro uma das mais famosas canções do rock underground carioca, Ela Roubou Meu Caminhão. Ainda sentimos falta de umas e outras, mas se a promessa de um DVD a ser gravado no Circo Voador se confirmar, vai faltar é tempo novamente para tanta música boa.