Nesta quinta-feira, dia 02 de maio, estreia nos cinemas, “Conduzindo Madeleine”, de Christian Carion. Com uma trama envolvente, esse filme é de uma sensibilidade comovente.
A história nos traz o personagem do motorista de táxi Charles (Dany Boon). Ele está amargurado e aflito com a possibilidade de perder seu presente ganha pão. Ao receber uma chamada para buscar uma passageira do outro lado da cidade, ele reluta, mas aceita pela possibilidade de ter um bom lucro. A passageira é Madeleine (Line Renaud), que aos 92 anos, cumprindo ordens médicas deverá ir viver em uma casa de repouso.
Uma amizade improvável
O momento do encontro inicial é um pouco conturbado. Charles buzina na porta da casa de Madeleine que lhe repreende pela barulheira, pois ela já estava esperando na calçada em frente. A princípio, Charles também não quer conversa durante a viagem. Com tantas preocupações na cabeça, ele não faz questão de esconder seu aborrecimento. Mas Madeleine é como qualquer senhora simpática que você senta ao lado no ônibus e no metrô. Ou seja, ela logo começa a puxar assunto.
Ao começar a contar sobre uma memória, aparentemente simples, sobre seu primeiro beijo, Madeleine começa a narrar uma história de vida tocante e surpreendente. Essa rememoração leva a ela pedir que Charles realize alguns desvios da rota, para que ela reencontre, de forma nostálgica, lugares importantes de sua vida.
As memórias de Madeleine
Se em alguns ela se emociona, em outros ela fica aborrecida em ver que sobrou pouco, ou nada do que ela viveu. Mas as memórias surgem de qualquer forma, pois sua vida teve reviravoltas dignas de um roteiro cinematográfico. Essas memórias são apresentadas por meio de flashbacks, onde Madeleine é interpretada por Alice Isaaz.
São momentos mais dramáticos que pegam Charles de surpresa. Tal qual o espectador e tal qual a vida em diversos momentos. Quem vê Madeleine como uma pessoa doce, simpática e paciente, não pode nem imaginar tudo o que ela passou ao longo de sua vida. Sua história traz uma série de reflexões sobre questões altamente pertinentes que nos mostra que o filme não quer apenas entreter.
A espera de Madeleine
Afinal, o filme fala sobre a esperança. Por diversas vezes, Madeleine esperou em sua vida por alguma mudança com otimismo. Porém, nessa viagem, pela primeira vez, ela espera por algo de forma pessimista. Sua melancolia por deixar sua casa no início do filme deixa isso evidente. Mas a possibilidade de estabelecer um vínculo profundo, embora breve, com Charles durante esse trajeto, torna essa espera mais reconfortante.
O filme emociona pela história, prende pelas atuações e surpreende pela simplicidade em sua narrativa. Por vezes, podendo parecer um pouco previsível, mas em nenhum momento enfadonha. Se alguns momentos podem ser previstos facilmente pelo espectador, o peso deles está justamente na expectativa por algo que seria um desencadeamento natural dos fatos ali apresentados. Ou seja, não comprometem, só acrescentam.
Um encontro inesperado
A dupla protagonista tem uma interação nas atuações de seus intérpretes simplesmente impecável. Com exceção dos flashbacks, o filme se passa todo em um táxi. Ambos seguram de forma incrível a atenção do espectador, sem que o filme se torno entediante em momento algum.
Partindo de uma interação baseada praticamente em um monólogo, a relação progride logo para uma cumplicidade emocionante, onde um ajuda o outro da melhor forma que consegue. Cada uma conhece a melhor versão do outro.
O encontro inesperado e o envolvimento repentino com Madeleine traz para Charles um novo olhar sobre si mesmo. Ele está vivendo suas relações de forma plena? Ou ele é apenas uma sombra da pessoa audaciosa e inspirada que foi na juventude? Quando conheceu, sua então, esposa. Muitas vezes ficamos presos a uma única percepção e não conseguimos nos desviar dela ou buscar outros caminhos sem um estímulo externo.
Onde assistir
Além de ser um belo e emocionante filme, “Conduzindo Madeleine” também é um belo passeio pela cidade de Paris. Pois, ao longo da jornada de Madeleine e Charles, passamos por diversos pontos icônicos da cidade luz.
Apesar de um certo atraso, pois o filme é de 2022, e foi exibido no Festival Varilux de Cinema Francês 2023, não se prenda a esse fato, pois é uma ótima pedida para ir ao cinema. Com distribuição da California Filmes a estreia é dia 02/05/2024. Dessa forma, consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.