Lippizi. Artista Brasileiro, preto, gay, dançarino, mc, rapper, funkeiro. Levando o Funk Carioca para a Europa, Lippizi vem demonstrar que temos que mostrar quem somos e nossa arte.
Um brasileiro da cidade de São Gonçalo no Rio de Janeiro, carioca de coração e Gonçalense de natureza, que tem em sua trajetória diversas experiências no meio artístico. Inicialmente como dançarino, até virar professor de dança e coreógrafo. Aliás, passou por inúmeras academias e grupos de dança no Rio de Janeiro.
Lippizi tem nessa dança o tempero especial brasileiro, que já é sucesso no mundo todo, em especial no estilo Funk Carioca.
Ele põe a cultura brasileira, preta, LGBTQI+, e a dança no centro do palco, com grande versatilidade artística cantando suas próprias composições. Lippizi traz diretamente das comunidades e favelas do Rio de Janeiro o verdadeiro Funk Carioca. Ou seja, o Funk que enaltece seu povo, o Funk que é livre, o Funk que mostra a verdadeira face do favelado, do periférico. Além disso, apresenta uma nova pegada, adicionando a música eletrônica, fazendo o que o próprio diz ser o “FUNK FUNDIDO”. Contudo, sem perder a essência do funk, dá o seu toque pessoal.
Afinal, vamos conhecer um pouco mais desse artista incrível!
Sérgio Menezes: Como começou sua carreira artística?
Lippizi: Começou aos 12 anos ao entrar na escola de dança Studio 47, no Jardim Catarina, em São Gonçalo, Rio de Janeiro. Comecei como dançarino, depois professor de dança, depois coreógrafo, etc. Fui também aprendendo e estudando, podendo aprimorar e evoluir a minha arte. Mas também tive apoio essencial da minha mãe, e sou filho de dançarinos incríveis, meus pais já foram dançarinos no passado. Segui na carreira de professor de dança por diversas academias e escolas de dança pelo Rio de Janeiro, também dançando com artistas, em eventos, clipes , shows, etc. E fui sempre buscando espaço, e aproveitando as oportunidades que apareciam. Em 2018, mudei para Portugal, onde após um pesquisa de mercado e alguns testes, comecei a dar aulas de funk em escolas de dança, trouxe minha cultura comigo, e tive uma ótima recepção por aqui. também dancei em discotecas, em shows com artistas, e após conhecer o Geta essa vida artística mudou.
SM: Como descobriu sua vertente musical, e como foi esse processo?
Lippizi: De forma bem curiosa, vou contar… Trabalhava em um restaurante como garçom (empregado de mesa aqui em Portugal), e o bartender era a pessoa mais legal de todo restaurante. Logo começamos a criar amizade e o mesmo me contou que era produtor musical e acabara de lançar uma EP nas plataformas. E esse gajo, o Geta, mudou minha vida pessoal e profissional, sendo o primeiro a acreditar no Lippizi, que até então dava aulas de dança em escolas por Lisboa, e dançava em discotecas e eventos. Daí começamos a conversar e fazer música, e partilhar uma amizade incrível, o Geta é meu irmão, ponto. E nada melhor do que produzir com meu brother Geta. Logo após vieram o Lucas Sadalla, Produtora Crua, T.I.Z. e Ortus Music e todos que chegam agregando mais ainda a nossa arte.
SM: Você se mudou há poucos anos para Portugal. Quais são as diferenças que você percebe no mercado artístico e na vida de um artista?
Lippizi: Acho que aqui em Portugal a maior diferença é o tamanho do país, e o número de pessoas. Mas destaco a diferença cultural também. Portugal é um lugar incrível de se viver. No mercado artístico aqui é uma cena mais aberta ao novo. Aqui e em toda a Europa o trabalho autoral é reconhecido, os eventos são abertos ao público e artistas podem participar e mostrar a sua arte em diversos espaços por Lisboa. Essa liberdade artística de ser original sabe… O mercado aqui na Europa é mais aberto por ter mais oportunidades, e pessoas que buscam colaborar, conhecer, fazer parcerias incríveis.
SM: Sobre sua nova música, “Favelado”, ela traz consigo suas origens e o Brasil, como foi o processo até chegar nela? Já tem ideia de próximos trabalhos na pista?
Lippizi: O processo de criação de “Favelado” foi uma incrível viagem no autoconhecimento e desconstrução pessoal. “Favelado” traz a tona o preconceito, e os rótulos que nós temos devido as nossas origens. E sempre quis falar sobre isso, antes na forma de me expressar na dança, nos diálogos com amigos e conhecidos, e agora cantando. E acho mais que válido falar desses tais rótulos que nos dão, e deixar e preconceito com o preconceituoso, fazer esta pessoa sentir vergonha, digo não vestir de forma pejorativa a nossa origem. Faço o uso da palavra “Favelado” com maior orgulho, temos que ter orgulho nas nossas origens, por isso antes de falarem digo primeiro… Preto, gay, dançarino, MC, Funkeiro, Lippizi, artista brasileiro. Então… os próximos trabalhos já estão a todo vapor, após o período de pandemia e adaptação às novas regras sanitárias, estamos de volta, e vou dar um spoiler do que está por vir. Após “Favelado”, vem um funk para dançar muito, e feat., e muito mais coisas.
SM: Quem faz sua produção musical e artística?
Lippizi: A minha produção musical fica a cargo do incrível Mago Geta, beatmaker, produtor musical. O T.I.Z. faz mixing/masterização, juntos os dois são responsáveis pela produção musical. Eu escrevo as letras e ponho a métrica, e gravamos, e vamos os três trabalhando até encontrar uma sonoridade que encaixe e soe bem. A distribuição da minha música fica a cargo da Ortus Music. Produtora Crua, Lucas Sadalla e Leandra Benjamin fizeram meu primeiro videoclipe “Sua Vibe”, e Raphael Bellizzi films o videoclipe de “Favelado”. E esta semana fechei contrato com a Fs. Assessoria para cuidar da minha assessoria de imprensa, agenda, e produção artística.