Estava pensando esses dias em como estamos perdendo o interesse um nos outros. Sabe aquele interesse em saber quem é essa pessoa? O que ela pensa? O que ela curte? Qual é a comida favorita dela?
Fica muito difícil entender a importância do interesse quando nossas relações estão cada vez mais virtuais, mais frias, objetivas e curtas.
E quando falo na perda de interesse nas relações, não significa apenas relacionamentos amorosos, mas relações em geral.
Os aplicativos de relacionamento, por exemplo, só reforçam esse cenário, perguntas prontas, sem muita elaboração, interação que deixa claro o real objetivo. “ Podemos ir ao direto ao ponto? ”
Afinal, o que queremos? Acho que nem nós sabemos. Estamos nos acostumando com o que nos é oferecido e dançando conforme o ritmo da música, independente se você curte um rock ou um pagode, o importante é dançar. Será?
Tendência
Fico pensando que essa nossa tendência a ser cada vez mais objetivos, seguindo a filosofia do menos é mais, não nos tornou também distantes um dos outros. Focamos apenas no que é mais importante para nós naquele momento, naquele segundo, o que vai nos levar a conquistar o que queremos, até nosso cérebro acaba sendo doutrinado a ler e a focar no que é mais importante para nós, ignorando todo o resto
Nessa questão, não existe gênero especifico, homens e mulheres… estamos todos no mesmo salão, dançando no mesmo ritmo, sem se importar com a música que está sendo tocada.
Muito se fala em relações líquidas, mas o quanto que estamos despertos para os impactos disso em nossas vidas, em nossos relacionamentos. Será que nos importamos?
Nos falta paciência, nos falta curiosidade e interesse. Tudo tem duração e de minutos. Não temos tempo a perder, nem queremos procurar muito, tem que ser fácil, tem que ser rápido e tem ser empolgante… Afinal, queremos intensidade, não? Mesmo que dure pouco.
Lembro de ouvir muitas pessoas falarem “ninguém conhece ninguém, as pessoas são uma caixa de surpresa.”
E de fato, nós somos. Não temos como saber o que cada pessoa vai nos mostrar, vai nos ensinar e nos fazer sentir, mas podemos querer conhecer quem é ela, mesmo que não saibamos de fato quem somos. O que nos leva a outras reflexões, tenho certeza que aquele ser humano tem alguma trajetória, tem algo a dizer, tem algo que goste e não goste.
Em tempos de pandemia, onde nosso maior contato é por uma tela de computador ou celular, será que vamos nos acostumar com esse novo modelo? Será que seremos taxados de antiquados ou seremos cancelados por não nos adaptar?
Enfim, não sabemos.
Mas fica aqui a reflexão, para hoje ou amanhã; ou para quando tivermos interesse.
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