O filme “3 Obás de Xangô”, dirigido por Sérgio Machado, é um verdadeiro tributo à cultura baiana e à amizade entre Jorge Amado, Dorival Caymmi e Carybé, três figuras fundamentais na construção da identidade cultural do Brasil e, ainda mais especificamente, da baiana. A montagem cuidadosa e a edição mantém o longa dinâmico, mostrando as obras dos artistas protagonistas e suas interações enquanto passeiam pela história da Bahia.
Há muitas cenas e diálogos engraçados, capturando não apenas a genialidade dos artistas, mas captando também suas relações pessoais. A leveza das brincadeiras entre eles revela um amor fraterno que permeia o documentário.
Em seguida, dê o play na conversa com Sérgio Machado, e continue lendo sobre “3 Obás de Xangô”:
A forma como o filme, que estreou no Festival do Rio, explora a ligação profunda desses homens com a Bahia, através de suas vivências cotidianas, é fascinante. Jorge Amado com suas histórias, Caymmi com suas canções e Carybé com suas pinturas não apenas representam Salvador, mas ajudaram a definir o que significa ser baiano. A escolha de Machado de focar nessa tríade artística permite que o público entenda como a obra de cada um se alimentava da cultura local, e também retroalimentava. O filme é uma celebração da Bahia.
A narrativa ainda ganha força com participações de figuras como Gilberto Gil, o qual reforça o valor simbólico dos Obás de Xangô. A narração de Lázaro Ramos em leituras de cartas de Caymmi também funciona bem. Contudo, é especialmente interessante ver como o documentário equilibra a celebração dessa amizade com uma homenagem ao Candomblé e ao papel das mulheres no legado cultural da Bahia. A presença constante do mar, da simbologia de Iemanjá, é uma metáfora poderosa para a resiliência e fluidez da própria cultura baiana.
Afinal, “3 Obás de Xangô” é um filme bem estruturado, engraçado e eficaz, que presta uma homenagem sincera a três gigantes da arte e cultura brasileira. A amizade entre eles aparece de maneira ao mesmo tempo autêntica e poética, deixando uma sensação de que o legado de Jorge Amado, Carybé e Caymmi seguirá vivo por muitas gerações.
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