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Cinema

Studio Ghibli | Veja 5 filmes com representatividade feminina

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Princesa Mononoke

Quem é entusiasta do Studio Ghibli já notou que muitos de seus filmes têm bastante representatividade feminina. São personagens marcantes que, por vezes, têm a ternura, a coragem, o respeito à natureza, a independência e a autoafirmação em comum.

Diversas de suas animações subverteram o lugar comum em que as mulheres japonesas ocupavam no Japão ao longo dos anos, como seres de segunda classe, e as trouxeram para a posição de protagonismo. Assim, encontramos o papel transformador da arte -e que o Studio Ghibli faz tão bem- em nossas vidas quando vemos modelos femininos de poder nos dizendo que podemos, sim, ser o que quisermos e mudar a perspectiva do ambiente que nos cerca.

Curiosamente, a lista acabou sendo quase uma ode ao mestre Hayao Miyazaki. Sem me alongar mais, vamos conferir essas 5 obras de arte fascinantes!

A saber, todas as animações estão disponíveis no catálogo da Netflix.

Princesa Mononoke

A premiada animação do Studio Ghibli, dirigida pelo brilhante Hayao Miyazaki, se passa na era Muromachi, tempo em que humanos e deuses-animais conviviam entre si. O épico começa com o deus-Javali, incorporado por um demônio, indo em direção ao vilarejo dos Emishi. Porém, Ashitaka, príncipe do vilarejo, trava uma batalha com o deus-Javali para proteger seu povoado e acaba recebendo uma maldição que, com o tempo, o levará a morte. Assim, ele deixa seu povoado e parte em busca de sua cura.

Ao mesmo tempo, em outra vila, acontece uma guerra entre mineradores e deuses-animais. Enquanto estes lutam para proteger a floresta, aqueles, liderados por Lady Eboshi, querem explorá-la para seu sustento. Nesse contexto encontramos San –princesa Mononoke–, humana criada por deuses-lobo e defensora da natureza. Ela nutre um grande ódio pela sua própria raça e encontra um fio de esperança na humanidade quando conhece Ashitaka.

No longa, Hayao trabalhou vários dilemas sociais como a ganância do seres humanos pelo progresso a todo custo, a guerra entre espécies e a relação desequilibrada –e injusta– entre seres humanos e natureza.

Contudo, o destaque vai pra a representatividade feminina incutida em duas personagens: San e Lady Eboshi. San é uma heroína que sintetiza a liderança e a coragem feminina frente a uma grande batalha. É através do olhar híbrido de San que nos sensibilizamos sobre como a ganância humana é devastadora para toda a natureza.

Somado a isso, temos Lady Eboshi, que apesar de ser a rival de Mononoke, é uma figura poderosa que levantou seu povoado com seu espírito de liderança e é uma figura querida entre os seus.

A Viagem de Chihiro

O queridinho dos fãs do Studio Ghibli e ganhador do Oscar de Melhor Animação não fez barulho a toa. A Viagem de Chihiro, também obra de Hayao Miyazaki, traz para nós uma linda história sobre crescimento, empatia, altruísmo e adaptação suscitados na personagem Chihiro.

A saber, Chihiro é uma menina de 10 anos que faz uma viagem de carro com seus pais e os três acabam encontrando um túnel no meio do caminho. Eles atravessam esse túnel e acabam caindo num mundo secreto habitado por espíritos, bruxas e seres esquisitos. Seus pais viram porcos e se separam de Chihiro. Então, a menina precisa lidar sozinha com seus medos, ir à procura dos pais e trazê-los de volta pro seu mundo de origem.

Acompanhar uma criança adentrar num ambiente hostil e desafiador pode soar infantil, mas basta a espectadora destrinchar as camadas da fábula para notar o quanto essa metáfora diz sobre saber lidar com o novo, não se corromper com o materialismo mundano e encarar as adversidades.

O Conto da Princesa Kaguya

O delicado longa, baseado em O Conto do Cortador de Bambu, aborda o silenciamento de vozes femininas na sociedade japonesa. Desse modo, Kaguya é uma princesa que nasce de um broto de bambu e é adotada por um casal de camponeses pobres e idosos. Com eles, Kaguya tem uma infância muito feliz e se sente amada. Porém, tudo muda quando seu pai adotivo encontra ouro e tecidos caros nas plantações de bambu e passa a acreditar que Kaguya deve se tornar uma princesa. Assim, os pais levam a menina, que sai de seu povoado contrariada, para um palácio na cidade para que uma família nobre lhe ensine as boas maneiras da corte. O que inicialmente parecia uma linda realidade torna-se uma prisão para a personagem.

A animação, dirigida por Isao Takahata, é um simbolismo de um corpo feminino sendo obrigado a se enquadrar nos comportamentos femininos impostos por uma sociedade patriarcal. A todo momento, Kaguya se recusa à submissão de regras disciplinatórias de como uma mulher deve se comportar –lhe é ensinado, por exemplo, que uma dama não deve rir e nem suar – ou deixar de ser quem é para se adequar a um estereótipo de beleza (as japonesas da época tinham seus dentes pintados de preto para escondê-los e as sobrancelhas arrancadas).

Diante de tanta opressão comportamental, enlaçada em culpa e com o desejo de apenas se sentir livre, Kaguya cai em depressão. Dessa forma, sua história representa um triste retrato do quão nocivo um sistema patriarcal é para a saúde mental de muitas mulheres.

Os Serviços de Entregas de Kiki

Baseado na série homônima de Eiko Kadono e sob a direção de Hayao Miyazaki, O Serviços de Entregas de Kiki narra a jornada da jovem bruxa Kiki e seu gatinho Jiji na cidade grande, onde ela faz serviço de entregas.

O filme retrata, de forma leve e humorada, a emancipação feminina através de uma jovem bruxa japonesa.  A jornada de Kiki acontece por conta de uma tradição de bruxas na qual, ao completarem 13 anos, elas têm de fazer uma viagem sozinhas. Assim, a bruxinha e seu gato Jiji deixam a família e escolhem a cidade portuária de Koriko como seu novo lar.  Porém, ela não é acolhida da maneira mais amigável e acaba por se sentir só. Prestes a desistir de Koriko, ela recebe acolhimento de Usono, padeira local. Usono não é a primeira mulher na trama a estender a mão à Kiki. Durante toda sua solitária jornada em um lugar estranho, outras personagens femininas aparecem e percebemos uma bonita atmosfera de sororidade.

Ainda que Kiki seja muito jovem – 13 anos!! –, ela mostra-se muito independente, determinada, ousada e madura. O enredo trata-se muito mais de uma viagem pessoal de autoconhecimento e amadurecimento que de bruxaria em si. Inspirador!

Castelo Animado

Ainda que Castelo Animado trate mais diretamente sobre a guerra, a animação dirigida por Hayao Miyazaki traz também o que o diretor, juntamente com o Studio Ghibli, sabem fazer muito bem: dar representatividade às mulheres.

Neste longa, encontramos em Sophie uma aparente fragilidade que se transforma em uma potente força na fábula. Assim, é graças a sua coragem, postura firme, ternura e maturidade que toda história toma rumos inesperados e culmina num fim confortável e bonito. Além disso, vale ressaltar que há momentos de sororidade entre Sophie e suas rivais. Não é uma personagem diferenciada?

A saber, Castelo Animado baseia-se no livro da escritora britânica Dianna Wyne Jones e versa sobre uma bruxa que lança uma maldição na jovem Sophie, transformando-a em uma senhora de 90 anos. Assustada, ela começa sua jornada em busca de reverter esse feitiço e encontra em seu caminho o Castelo Andante e o feiticeiro Howl, que pode ajudá-la com seu problema.

Ademais, veja mais:

Confira a voz feminina representada em 7 HQs | Mulheres e Quadrinhos 

Confira 5 séries feministas para assistir e se inspirar na Netflix 

Por fim, ‘Inocência Roubada’ | Abuso infantil e arte em diálogo

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4 Comentários

1 Comentário

  1. Livia Brazil

    23 de setembro de 2020 at 12:11

    Amooooo!!!! Me apaixonei pelo Studio Ghibli esse ano e assisti praticamente todos os filmes num espaço de tempo curtíssimo! Essa quarentena ajudou pra isso. Tem uns 4 que ainda não assisti, dos que a Netflix disponibilizou, e os dois das princesas estão nessa lista. Sei q não tem nada a ver, mas fala princesa e meu corpo já treme de repulsa. Hahajajaja Mas kiki é meu filme favorito, junto com memórias de Marnie, que eu adicionaria à lista. O Castelo Animado é meu terceiro do top 3 filmes do Studio Ghibli, acertou mt nas escolhas! Aliás, não tinha mt como errar, pq os filmes todos do Studio Ghibli, tirando um ou outro, trazem um poder muito grande às mulheres mesmo, e olha que muitos são filmes bem antigos, como o serviço de entregas da kiki. É lindo demais ver uma cultura tão diferente da nossa e que privilegia aspectos que, pra mim, são mt mais importante do que os valores da cultura capitalista ocodental.

    • Mariana dos Santos

      23 de setembro de 2020 at 16:14

      Obrigada, Li! E, sim, ver tantos temas relevantes sendo tratados com muito cuidado e sensibilidade, pra mim, é um diferencial que valorizo demais! Não tinha como o Studio Ghibli passar batido.
      hahaha essa princesa aí passa longe das fábulas da Disney. Achei bem triste…
      Verdade, tem As Memórias de Marnie. Quem sabe num entra esse bônus na lista? 😉

  2. Amanda

    25 de setembro de 2020 at 09:40

    As animações de lá são td pra mim! Amei mt o Arrietty tb!

  3. Pingback: Veja o documentário Rizoma, o motorista revoltado e enchente no Rio de Janeiro

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Cinema

‘Aumenta que é rock ‘n roll’ traz nostalgia gostosa | Crítica

Longa protagonizado por Johnny Massaro e George Sauma estreia em 25 de abril.

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Uns anos atrás, mais especificamente em 2019, o Festival do Rio (e outros festivais do Brasil) trazia em sua programação um documentário sobre a Rádio Fluminense. “A Maldita”, de Tetê Mattos, que levava o título da alcunha pela qual a rádio era conhecida, narrava sua história e, além disso, a influência que teve em seus ouvintes. Para muitos, principalmente os que não viveram a época, foi o primeiro contato com a rádio rock fluminense.

Anos depois, no próximo 25 de abril, quinta-feira, estreia “Aumenta que é rock ‘n roll”, longa de Tomás Portella. O longa é baseado no livro “A onda maldita: Como nasceu a Rádio Fluminense”, escrito por Luiz Antônio Mello, criador da rádio. Protagonizado por Johnny Massaro na pele de Luiz Antônio, o filme foca em toda a trajetória do jornalista desde sua primeira transmissão na rádio do colégio, até o primeiro contato com a Rádio Fluminense (por causa de seu amigo e cocriador Samuca) e a luta pra fazer da Fluminense a rádio mais rock ‘n roll do Rio de Janeiro.

Muito rock

Pra começo de conversa, é preciso dizer que o filme é uma bela homenagem ao gênero rock. Além de uma trilha sonora com nomes de peso, como AC/DC, Rita Lee, Blitz e Paralamas do Sucesso, o longa consegue mostrar ao espectador do que o rock é verdadeiramente feito: de muita ousadia e questionamentos. Em uma época em que o gênero vem sendo esquecido, principalmente pelas gerações mais jovens, Tomás Portella consegue relembrar a todos que o rock é sinônimo de controversão e revolução, já que foi criado para questionar os ideais vigentes da época.

Isso fica muito claro nos personagens que compõem a rádio e que a tocam pra frente. A ideologia de fazer diferente fica tão nítida na tela que eu desafio o espectador a não sair do filme com vontade de revolucionar o mundo ao seu redor.

Roteiro

Isso se dá, obviamente, por um texto muito bem escrito e uma trama bem desenvolvida e bem amarrada. O que significa, portanto, que L.G. Bayão fez um ótimo trabalho na adaptação do livro.

Mas, além disso, as atuações dos atores em cena tambémajudam muito. Apesar de a maioria dos atores nem sequer ter vivido a época (no máximo, eram criancinhas nos anos 80), eles personificam a vontade de transformar da época. Principalmente Flora Diegues, que tem uma atuação tão natural que dá até pra pensar que ela pegou uma máquina do tempo lá em 1982 e saltou na época em que o filme foi gravado. Infelizmente, a atriz faleceu em 2019 e uma das dedicatórias do longa é para ela. Merecidissimo, porque Flora realmente se destaca entre os integrantes da rádio rock.

Sintonia fina

George Sauma interpreta o jornalista Samuca, amigo de colégio de Luiz Antonio que cria a rádio com o colega. A escolha dos dois protagonistas não poderia ser melhor, já que Johnny Massaro e George têm uma química que salta da tela. O jogo de dupla cheio de piadas, típico dos filmes de comédia dos anos 1980, funciona muito bem entre os dois. Os dois atores têm um timing ótimo para comédia e, ao mesmo tempo, conseguem emocionar quando o texto cai para o drama. Tanto George quanto Johnny brilham.

Também brilham a cenografia e o figurino do filme. Cláudio Amaral Peixoto, diretor de arte, e Ana Avelar, figurinista, retrataram tão bem a época que parece que estamos mesmo de volta aos anos 1980. A atenção aos detalhes faz o espectador, principalmente o que viveu tudo aquilo, se sentir dentro da rádio rock.

Nostálgico

Para resumir, é um filme redondinho e gostoso de assistir, com atuações incríveis e uma trilha sonora de arrasar. Duvido sair do cinema sem vontade de ouvir uma musiquinha de rock que seja!

Fique, por fim, com o trailer de “Aumenta que é rock ‘n roll”:

Ficha Técnica

AUMENTA QUE É ROCK ‘N ROLL

Brasil | 2023 | Comédia

Direção: Tomás Portella

Roteiro: L.G. Bayão

Elenco: Johnny Massaro, George Sauma, João Vitor Silva, Marina Provenzzano, Orã Figueiredo.

Produção: Luz Mágica

Coprodução: Globo Filmes e Mistika

Distribuição: H2O Films.

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