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Essência feminina conduz novo álbum de IZA: AFRODHIT | Crítica

A cantora abrange uma variedade de estilos ao longo das 13 faixas autorais, refletindo sua profunda conexão com os sons que ecoam pelas ruas urbanas

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crítica afrodhit iza

Na última quarta-feira (02), estivemos presentes na coletiva de imprensa (online) de IZA, cujo foco foi seu novo álbum AFRODHIT, que ela mesma considera como seu trabalho mais pessoal e feminino até hoje. A cantora estava simpática e falante como sempre e respondeu boa parte das perguntas dos mais de setenta veículos de comunicação presentes.

Falou como diversos filmes que gostava influenciaram no ótimo clipe de “Fé nas Maluca” como “Splash – Uma Sereia Em Minha Vida” e “Cocoon”. Já fiquei feliz e me conectei mais com artista, rapidamente, pois adorava essas obras. São clássicos da Sessão da Tarde dos anos 90.

A princípio, algo diferente ocorreu com esse trabalho de IZA, pois ela tomou a decisão de descartar diversas músicas quase finalizadas, pois não refletiam seu momento atual. Dessa forma, em fevereiro deste ano, começou novamente do zero, encontrando uma identificação mais profunda com temas inexplorados.

IZA está num momento de maior leveza e essas músicas agora ressoam naturalmente e sem constrangimentos. O nome AFRODHIT mescla o mito de Afrodite com afrobeat e hit. E faz jus ao que o trabalho apresenta. IZA transita por gêneros que vão desde R&B, rap e lovesong até funk, extrapolando os limites da MPB.

Afrodhit sem medo, essa é IZA

A primeira faixa, “Nunca Mais” é gostosa, para ouvir sem medo, sentir vontade de dançar, de preferência com aquela pessoa que lhe dá tesão, sabe? “Ou fica é pra vida toda, ou é pra nunca mais”, canta ela. Tem suingue e sentimos mais a voz grave, que puxa para a gravidade de um amor que parece líquido. Lembrei dos livros de Zygmunt Bauman.

Em seguida, “Fé nas Maluca” traz Mc Carol para um funk feminista e, ainda por cima, um clipe muito bom, um curta-metragem que explora várias vertentes de IZA. Ela participou do roteiro, da criação artística. O resultado tem sabor de blaxpoitation (pensei em Pam Grier) com filmes brasileiros antigos. Ela segue entregando muito mais do que esperamos. Ainda lembro de como seu clipe “Fé” mexeu comigo (leia mais aqui). “Fé nas Maluca” é mais um acerto da cantora. É, parece que essa palavra, fé, tem tudo a ver com ela mesmo.

A terceira faixa, “Que se Vá” tem estilo hip hop, de papo reto, mulher independente e crente do próprio poder, como IZA se mostra cada vez mais. Veja o visualizer a seguir, e, posteriormente, siga lendo:

A quarta, “Tédio”, é remédio contra a estagnação. Já “Mega da Virada” vem com Russo Passapusso, líder do BaianaSystem, e puxa bastante para o estilo da banda, bebe numa fonte de reggae que tempera a faixa positivamente, além do bom recado que entrega para “não passar por cima de ninguém”.

“Batucada” tem estratégia, ao falar da Pedra do Sal, tradicional reduto de samba, hip hop e funk no Rio de Janeiro. É uma canção bem carioca, que já imagino tocando por lá, nas famosas noites de segunda-feira.

“Boombastic” revive uma música que foi grande sucesso mundial, do cantor Shaggy, de 1995. ÇLembro que via o clipe na MTV. A versão de IZA é uma delícia, animada, bombástica, como ela queria, provavelmente.

Umbigo na testa

“Terê” me fez pensar em clássicos como “Cadê Tereza” de Jorge Ben. Mas a Tereza aqui é daquelas que toca o rebuliço. A música é divertida. Enquanto “Fiu Fiu” segue mais a linha atual de pop funk trap. Não à toa tem a presença de L7nnon. Tem um tom de flerte, boate, noite.

“Sintoniza” vem com Djonga e o gosto de soul me apeteceu, é mais romântica, com toque de safadeza também. R&B de qualidade. A seguir, “Bomzão” é bem afrobeat, com o auxílio de Tiwa Savage. Afinal, o charme da canção está exatamente nesse estilo melódico dançante afrodisíaco.

IZA na entrevista falou também sobre sexo e a evolução desse algo tão improtante na vida, e que melhora com a maturidade. “Exclusiva” tem essa questão da paixão e do fogo. “Tá tocando meu umbigo com a testa” mostra bem uma prática muito relevante e interessante. Afinal fala de como o sexo é melhor quando se ama, quando estamos apaixonados. Um pedaço do céu.

Por fim, “Uma Vida é Pouco Pra Te Amar” termina o álbum com romance e mais tranquilidade, uma voz madura, um amor sincero. IZA é cada vez melhor, amorosa e poderosa.


Crítica

‘O Admirável Sertão de Zé Ramalho’ brilha no Teatro Prudential

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Foto mostra o elenco do musical Admirável Sertão de Zé Ramalho

“O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é um bom musical que oferece uma bela parcela de diversão e, ao mesmo tempo, pincela a história de um magistral artista, refletindo um pouco da essência de algumas de suas principais criações. Durante as quase duas horas de espetáculo, essa imersão na vida e obra de Zé Ramalho acontece de forma tão envolvente que nem percebemos o tempo passar. Notei isso assim que terminou e lembrei de olhar o relógio. Foi um susto ver quanto tempo havia passado e logo senti uma alegria pela capacidade que o espetáculo teve.

Uma das primeiras impressões quando a cortina abre é a ausência de cenografia, o que inicialmente pode surpreender. No entanto, essa escolha pode ter sido feita para destacar ainda mais os músicos e instrumentistas, que mostram grande habilidade e paixão pela música de Zé Ramalho. Especialmente Muato brilha sempre que aparece. Porém, é impossível não mencionar a luminescência da sanfoneira Ceiça Moreno, que estreia aos 76 anos de idade no teatro encantando a plateia com sua interpretação apaixonada e voz acolhedora. Ela é uma ótima tradução de “Avôhai” e inicia o espetáculo de forma genial.

A elegância poética de Adriana Lessa

Se não vemos um cenário tão cheio de nordestinidade e cor, temos um figurino deslumbrante concebido por Wanderley Gomes, que enche o espetáculo de brasilidade. No elenco, a participação de Adriana Lessa adiciona elegância e poesia à narrativa, especialmente quando encena a história por trás da música “Chão de Giz”, em uma cena cheia de beleza poética, onde podemos apreciar a capacidade cativante dessa grande artista em falar muito com poucos gestos e expressões. Isso já vale o ingresso. É o momento em que ela empresta seu talento para dar vida a Gisa, um dos grandes amores de Zé Ramalho, que inspirou a emblemática canção, uma das minhas preferidas do músico.

Desafios de “O Admirável Sertão de Zé Ramalho”

O repertório de Zé Ramalho é tão vasto que é bastante desafiador condensá-lo em apenas duas horas de espetáculo, mas a peça procura seguir uma cronologia coerente. O texto de Pedro Kosovsky busca pintar um quadro geral da vida de Zé Ramalho, destacando algumas nuances, como suas incursões na psicodelia e na sociedade alternativa. Ademais, logicamente, o espetáculo também faz incursões na crítica política, uma característica marcante das composições desse gênio que escolheu ir contra o fluxo das massas.

Um dos pontos mais interessantes da peça é a forma como tenta equilibrar a narrativa da vida de Zé Ramalho com a história por trás de algumas de suas músicas. Isso reflete a própria complexidade do artista, que mistura elementos da cultura nordestina com influências do rock, como os Beatles. Há inclusive uma cena, que usa bem a imponente e lindíssima estrutura do Teatro Prudential, onde parece que vemos Beatles brasileiros.

Além disso, outro destaque é a interação com o público. Essa conexão cria laços emocionais e exacerba a vitalidade do espetáculo.

Em resumo, pude ver a peça a convite da crítica teatral Paty Lopes, e devo dizer que ” O Admirável Sertão de Zé Ramalho” é uma celebração da rica trajetória musical e pessoal de um dos maiores artista brasileiros. Uma experiência que faz mergulhar na complexa e fascinante jornada de Zé Ramalho.

Serviço:

Teatro Prudential

Rua do Russel 804, Glória.

De 28 de setembro a 29 de outubro

De quinta a sábado, às 20h. Domingo, 18h.

Obs: 05 de outubro não haverá apresentação

Dias 28, 29, 30 de setembro e 01 de outubro [Estreia com preços promocionais]
R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)

A partir de 06 de outubro [Ingressos com preços normais]
Quinta e sexta – R$ 90,00 (inteira) / R$ 45,00 (meia)
Sábado e domingo – R$ 100,00 (inteira) / R$ 50,00 (meia)

*Obs.: 05 de outubro não haverá apresentação

Classificação: 12 anos
Duração: 105 MINUTOS

INGRESSOS:

Atendimento Presencial: De terça à sábado de 12h às 20h, Domingos e feriados de 12h às 19h. Em dias de espetáculos, a bilheteria permanece aberta até o início da apresentação.

Autoatendimento: A bilheteria do Teatro Prudential possui um totem de autoatendimento para compras de ingressos.

Ficha técnica:

Texto: Pedro Kosovski
Direção: Marco André Nunes
Idealização e produção artística: Eduardo Barata

Direção musical: Plínio Profeta e Muato
Direção de movimento: Caroline Monlleo
Elenco: Adriana Lessa, Ceiça Moreno, Cesar Werneck, Duda Barata, Marcello Melo, Muato, Nizaj, Pássaro, Tiago Herz e Genilda Maria (atriz stand-in)
Cenário: Marco André Nunes e Uirá
Figurinos: Wanderley Gomes
Iluminação: Dani Sanchez
Desenho de som: Júnior Brasil
Visagismo: Fernando Ocazione
Assistente de direção: Diego Ávila
Programação visual: Felipe Braga
Fotos: Cristina Granato

Assessoria de imprensa: Barata Comunicação e Dobbs Scarpa

Direção de produção: Elaine Moreira
Produção executiva: Tom Pires
Produção: Barata Produções

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