Conecte-se conosco

Crítica

Opinião | A Fé potente de IZA

Publicado

em

Iza e Fé em foto de Guilherme Nabhan

Como quem sabe o que quer e saindo da pegada sexualizante que domina o mundo pop, IZA vem com uma canção forte que fala de fé. E não somente isso, que já seria muito, escapando da superficialidade, o clipe é um curta-metragem muito bem conduzido com uma direção de arte esplêndida laureada pelo protagonismo da música que expressa gratidão.

IZA revisita sua própria jornada, agradece a mãe da terra e a Mãe do céu, além de Deus. Realmente fé é para quem é forte. No clipe, a cantora chega a levar uma cusparada, real, pois ela afirmou que a densidade é diferente da água. A cena é potente, assim como a expressividade da artista que salta aos olhos nessa belíssima obra audiovisual com roteiro escrito por ela e Felipe Sassi, que também dirigiu.

Dance

Além disso, outro destaque do videoclipe é o ballet formado por 50 bailarinos de dança contemporânea. Essa arte é utilizada aqui de forma artística, fora da banalização das dancinhas de tiktok, e, mais importante sem ter esse objetivo de tornar-se viral sem propósito maior. Aqui cada coreografia traz simbologias de superação de obstáculos, onde nada pode segurar quem tem fé e segue seu caminho com retidão.

“Em minha conversa com Felipe Sassi, percebemos a importância e a oportunidade de mostrar a força que a dança contemporânea tem em transformar de forma mais fiel os sentimentos e a fé de cada um em músicas como da IZA”, conta Jaime Bernardes, bailarino e coreógrafo responsável pela criação da coreografia.

Tanto o clipe quanto a canção seguem num crescente. O início da caminhada, os desafios e preconceitos, até o auge e o agradecimento. Iza namora o gospel, sem esquecer os tambores ancestrais e com o auxílio de um coral arrepiante.

Se no meio da história ela leva cusparada, no fim, é a benção da chuva que lava sua alma e reverbera na sua voz vigorosa. A composição é da própria IZA ao lado de Sérgio Santos, Pablo Bispo, Ruxell, Lukinhas, Henrique Bacellar, Junior Pierro e Fabinho Negramande. Os palavrões na canção são pontuais e raivosos, com sabor de vitória.

Afinal, como homem de fé e jornalista cultural, agradeço IZA por nos entregar algo tão rico e valoroso.

Enfim, confira o clipe de “FÉ”:

Ademais, leia mais:
Entenda a Cultura Negra e Afro-brasileira. Marginalização e territorialização da cultura. O Afrofuturismo.
Cem ruínas na esquina da poesia | Livro viaja pela fé
Sérgio e o Buda | Crônica

Por fim, veja o clipe que une animação, Brasil e Cabo Verde:

Jornalista Cultural. Um ser vivente nesse mundo cheio de mundos. Um realista esperançoso e divulgador da cultura como elemento de elevação na evolução.

Cinema

EO – O mundo visto pelos olhos de um burro

Foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023

Publicado

em

Estreia neste dia 01/06, “EO” do diretor polonês Jerzy Skolimowski. O filme acompanha a incrível jornada de um burro, após ele ser tomado de um circo por autoridades locais em uma campanha contra maus tratos a animais.

Foi indicado ao Oscar de melhor filme internacional de 2023. “EO” é uma homenagem ao filme “A Grande Testemunha” (1966), de Robert Bresson. Segundo Jerzy, esse filme também centrado em um burro, foi o único que o fez chorar.

Acompanhamos a jornada de EO por meio de encontros e desencontros, enquanto ele observa um mundo totalmente novo. Sua visão inocente e passiva do mundo atua como a visão do próprio espectador. Um olhar sobre um mundo contemporâneo.

EO. (Imagem de divulgação).

A jornada de EO

O burro é um animal que costuma aparecer em algumas fábulas. E nesta fábula moderna, onde nem tudo é o que parece, embarcamos com EO em uma jornada perigosa com muitas descobertas e uma alternância entre momentos de angústia e outros sublimes.

O filme busca representar a percepção e a sensibilidade de EO em relação ao que ele vê e o que interage. A fotografia, a edição e a trilha musical funcionam nesse sentido de uma forma tão harmoniosa que dificilmente um espectador não se sentirá conectado ao simpático burrinho.

Kasandra (Sandra Drzymalska) e EO. (Imagem de divulgação).

A interpretação de EO

xistem alguns filmes estrelados por animais. Porém animais realmente interpretam ou simplesmente reagem a estímulos? No início do filme, EO é um artista, pois participa de um espetáculo circense-teatral com Magda. Ironicamente, após a ser libertado ele passa a ser um simples burro de carga.

Muitas vezes, EO não reage ao que acontece à sua volta no filme. Porém quando isso ocorre, é de forma surpreendente. Segundo o diretor, algumas cenas que pareciam ser complicadas sucediam de forma tranquila. Enquanto, outras que pareciam mais simples foram mais trabalhosas. 

EO. (Imagem de divulgação).

Algumas cenas também foram adaptadas de acordo com as reações e comportamento do burro. Aliás, dos burros, pois EO foi interpretado por seis burros: Tako, Ola, Marietta, Ettore, Rocco e Mela.

O poder e o mistério da natureza

Eventualmente, durante a jornada de EO vemos muitos cenários belos e solitários. Ou seja, o filme mobiliza o espectador por meio da articulação entre as locações, os sons e as cores. A natureza é exuberante. Essa exuberância é mostrada como um mundo, o qual nós humanos não paramos para prestar atenção. Um mundo que estamos despreparados para lidar ou que encaramos com descaso.

EO. (Imagem de divulgação).

Enfim, outro aspecto abordado é a comunicação. Afinal, nós, humanos, temos diversas barreiras de idiomas, presentes nos personagens dos filmes. Desse modo, essa barreira que também nos impede de entender os animais, parece inexistente para EO, inclusive quando ele se depara com outras espécies. Nesse sentido, o filme também funciona como uma defesa da causa animal.

Onde assistir EO

Em suma, o filme possui um ritmo agradável com uma trama cativante. Portanto, vale a pena conferir na tela grande!

Por último, consulte a rede de cinemas de sua cidade para encontrar sessões disponíveis.

Continue lendo
Anúncio
Anúncio

Cultura

Crítica

Séries

Literatura

Música

Anúncio

Tendências