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Marcus Majella e Pedroca Monteiro em foto de divulgação para "Agentes Muito Especiais"- Copyright Downtown Filmes / Globo Filmes
Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘Agentes Muito Especiais’ é sátira contida demais

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 15 de dezembro de 2025
6 Min Leitura
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Marcus Majella e Pedroca Monteiro em foto de divulgação para "Agentes Muito Especiais"- Copyright Downtown Filmes / Globo Filmes
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Dirigido por Pedro Antonio, Agentes Muito Especiais parte de uma ideia original de Paulo Gustavo para construir uma sátira que poderia ter ido muito mais longe

Para os fãs das comédias populares brasileiras, é impossível não sentir a ausência de Paulo Gustavo no audiovisual nacional. Seu talento singular, aliado a um carisma quase magnético, permitia que ele transitasse entre o escracho e a delicadeza com uma naturalidade rara, transmitindo emoções inteiras com um simples olhar. Não à toa, seus filmes, especialmente a trilogia Minha Mãe É Uma Peça, tornaram-se fenômenos de público. Sua morte precoce deixou não apenas saudade, mas também um vazio criativo, tristemente perceptível em Agentes Muito Especiais, aquele que seria seu próximo projeto após Minha Mãe É Uma Peça 3 (2019, Susana Garcia).

Inspirado em uma ideia de Paulo Gustavo e Marcus Majella, o filme satiriza o subgênero das buddy cops norte-americanas, indo de Anjos da Lei (2012, Phil Lord e Chris Miller), à clássicos como Corra que a Polícia Vem Aí. A trama acompanha Jeff, Marcus Majella, e Johny, Pedroca Monteiro, dois policiais gays que sonham em integrar o centro de operações da polícia do Rio de Janeiro. Durante um treinamento, acabam designados para uma missão arriscada: infiltrar-se em uma penitenciária e investigar uma quadrilha criminosa. Disfarçados de detentos, os dois se envolvem com os bandidos e fogem da prisão, dando início a uma investigação cheia de tropeços, encontros improváveis e tentativas de provar seu valor profissional.

Marcus Majella, Dira Paes e Pedroca Monteiro em foto de divulgação para "Agentes Muito Especiais"- Copyright Downtown Filmes / Globo Filmes

Marcus Majella, Dira Paes e Pedroca Monteiro em foto de divulgação para “Agentes Muito Especiais”- Copyright Downtown Filmes / Globo Filmes

Apesar do evidente carinho envolvido na produção, a ausência de Paulo Gustavo pesa. Seu DNA criativo está presente em cada ideia e situação, mas sua falta diante das câmeras é sentida o tempo todo. Pedroca Monteiro se esforça com o material que tem em mãos, mas não alcança o magnetismo do ator homenageado, expondo um dos principais problemas do filme: a indecisão de tom na medida que a narrativa tenta ser mais profunda e poética do que sua própria proposta comporta.

Ao observar sátiras clássicas como Corra que a Polícia Vem Aí (1988, David Zucker), fica claro que o segredo está em nunca se levar a sério, porém, Agentes Muito Especiais, parece excessivamente preocupado em se legitimar, quebrando o universo de filmes policiais heteronormativos. A representatividade, por si só, não é o problema, e sim os desvios dramáticos que interrompem o fluxo cômico, resultando em longos intervalos sem piadas, e um drama/tensão que nunca é realmente sentida pelo público, o que frustra o espectador que esperava algo mais acelerado, caótico e irreverente.

Um exemplo claro é Dira Paes, como a vilã Onça, acaba presa a uma indefinição de referências: ora parece querer ser um Blofeld tropical, ora flerta com o humor caricato de Doctor Evil, enfraquecendo uma personagem que poderia ser memorável caso escolhesse um lado, ao invés de ficar em cima do muro sobre o tipo de vilã que almeja transmitir.

Esta questão fica ainda mais evidente quando lembramos de C.I.C: Central de Inteligência Cearense (2025, Halder Gomes), que abraça sem medo o exagero e o espírito satírico em sua sátira dos filmes de espionagem. Em comparação, Agentes Muito Especiais soa contido demais para um filme que inclui um needle drop de Girl on Fire e uma trama sobre um policial recém-saído do armário que se apaixona por um criminoso, elementos que abraçam o caos, e provam como o filme apresentava potencial criativo para isto, somente optando pela narrativa mais tradicional.

Marcus Majella e Pedroca Monteiro em foto de divulgação para "Agentes Muito Especiais"- Copyright Downtown Filmes / Globo Filmes

Marcus Majella e Pedroca Monteiro em foto de divulgação para “Agentes Muito Especiais”- Copyright Downtown Filmes / Globo Filmes

Tecnicamente, Agentes Muito Especiais apresenta uma fotografia limpa e clássica, além de uma edição que, em sábios momentos, sabe explorar bem a montagem paralela, com um roteiro que merece reconhecimento pelo modo leve que insere este personagens homossexuais em um gênero tradicionalmente associado a uma masculinidade engessada. Ainda assim, ao optar pelo caminho mais seguro, e pela falta de ousadia, o filme abre mão de explorar plenamente sua própria premissa.

Ao final, Agentes Muito Especiais diverte, presta uma homenagem sincera a Paulo Gustavo e certamente encontrará seu público, mas deixa a sensação de oportunidade perdida, faltando assumir o caos, o nonsense e a anarquia que a história pedia, e que está tão presente no DNA Brasileiro, mas ausente da produção. Talvez no exagero absoluto, sua mensagem surgisse de forma mais orgânica, e o filme se tornasse realmente inesquecível.

Distribuído pela Downtown Filmes, Agentes Muito Especiais estreia nos cinemas em 8 de janeiro de 2026.

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Tags:agentes muito especiaisCinemacinema brasileirocinema nacionalCritica Agentes Muito EspeciaisDestaque no ViventeDowntown filmesMarcus Majellapaulo gustavoPedro AntonioPedroca Monteiro
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