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Cinema

Crítica ‘Aldeotas’ | Longa leva teatro para a tela

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Aldeotas é releitura cinematográfica de peça teatral homônima. É possível que haja um certo incômodo ao se começar a assistir ao filme. Principalmente se o espectador estiver mais acostumado a assistir produções norte-americanas, que seguem o modelo clássico de narrativa e recursos audiovisuais. Mas com o passar do tempo, e com o entendimento do universo do filme, ele vai se transformando diante de seus olhos. E, com efeito, tudo vai ganhando, se o espectador se permitir, ares de puro encantamento. Porque é isso que o primeiro longa-metragem dirigido por Gero Camilo faz: encanta.

Um filme teatral e poético

Como dito anteriormente, Aldeotas é releitura cinematográfica de peça teatral homônima. Escrita por Gero, Aldeotas não apenas ficou em cartaz por mais de uma década como venceu os prêmios Shell e Qualidade Brasil. Na peça, só o próprio Gero Camilo e o ator Marat Descartes em cena. No longa, também. A peça, segundo sua sinopse, “evidencia a capacidade de empregar a palavra como ferramenta essencial de um teatro voltado para o ator e a poesia”. O longa traz o mesmo objetivo. E o faz utilizando vários recursos teatrais. Gero, em seu primeiro trabalho como diretor, dispensa recursos cinematográficos e conta sua história somente com dois atores, um galpão que serve de cenário, e muitas palavras. Em um tempo em que parece que quanto mais elementos, melhor será o produto, Gero mostra que nem sempre isso é verdade. Já que traz pouquíssimos elementos e entrega uma obra de muita qualidade.

O galpão em questão fica no bairro da Mooca, em São Paulo, e o filme foi inteiro gravado lá. Com recursos de iluminação, o espectador é transportado para dias e noites ali. E o galpão se transforma em sala de aula, quarto de Levi, casa de Elias, uma represa e até em redação de um jornal literário estudantil. Com a direção de arte de Carla Caffé também é possível enxergar várias pessoas em cena, quando, na verdade, só há duas. E não é preciso mais nada além disso para se contar – e entender – essa história.

Atores em seu melhor

Aldeotas conta a história de Levi, que volta à sua cidade natal após mais de 30 anos. Essa volta, contudo, tem um motivo importante: o velório de seu melhor amigo de infância, que não via desde os 17 anos. A partir de então, o espectador volta no tempo junto de Levi e revive, com ele, marcos de sua vida com Elias, o melhor amigo. Desde os 5 anos de idade até os 17. Todas as idades são interpretadas por Gero e Marat, e é fácil identificar cada mudança. Porém, mais que pelas marcações textuais que aparecem, a identificação ocorre pelas marcas corporais feitas pelos atores. Mesmo com pouquíssimos objetos em cena ou até mesmo sem troca de figurino, é possível perceber pela forma que os atores se portam. É trabalho de ator no seu auge.

Conheça um pouco mais com o trailer:

Estreia nos cinemas

Com produção e distribuição da Gullane Entretenimento, e coprodução da Nip e Macaúba Produções, Aldeotas estreou no dia 10 de novembro na cidade de Fortaleza. A partir de 17 de novembro, estará nas salas de cinema das demais cidades brasileiras.

É um filme que fala sobre amizade e memória de um jeito leve e muito bonito, poético. Que venham mais filmes dirigidos por Gero Camilo, porque esse filme é lindo de se ver.

Ficha técnica

Aldeotas – 85min

Direção e roteiro: Gero Camilo

Elenco: Gero Camilo e Marat Descartes

Produção e Distribuição: Gullane Entretenimento

Coprodução: Nip e Macaúba Produções

Direção de fotografia: Marcelo Frotta

Direção de arte: Carla Caffé

Montagem: Helena Maura

Som direto: Luciano Raposo

Edição de som e mixagem: Daniela Turini

Figurino: Alice Alves

Maquiagem: Danilo Martinelle

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Escritora, autora dos livros Queria tanto, Coisas não ditas e O semitom das coisas, amante de cinema e de gatos (cachorros também, e também ratos, e todos os animais, na verdade), viciada em café.

Cinema

Museu do Amanhã exibirá filmes da Mostra Ecofalante de Cinema durante a SEMEIA, Semana do Meio Ambiente 2023

Serão 10 filmes do mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais

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Aguas Do Pastaza ecofalante 2023 SEMEIA

Como parte da programação da SEMEIA, a Semana do Meio Ambiente do Museu do Amanhã, o equipamento cultural exibirá 10 filmes da Mostra Ecofalante de Cinema, um dos maiores festivais do Brasil e o mais importante evento audiovisual sul-americano dedicado a temas socioambientais.

A princípio, as sessões acontecerão entre os dias 6 e 9 de junho e contarão com acessibilidade para pessoas surdas. No dia 7, uma das produções contará também com Closed Caption e, no dia 8 de junho, no feriado de Corpus Christi, a exibição terá, ainda, com Closed Caption, audiodescrição e Libras.

Destaques

A programação da mostra abre no dia 6 de junho com o filme “Águas do Pastaza”, sobre a comunidade Suwa, localizada na fronteira entre o Equador e o Peru.

No dia 7, os curtas “Dia de Pesca e de Pescador” e “Osiba Kangamuke- Vamos lá Criançada” falam sobre como o brincar está inserido no dia a dia das crianças indígenas e como o cotidiano dessas comunidades se reproduzem de forma lúdica.

“Crescer onde nasce o sol” se passa numa comunidade onde o brincar parece não ter lugar e este ato se torna quase uma ação de resistência pelas crianças que, brincando, sonham com um futuro melhor. Por fim, “Aurora, a Rua que Queria Ser Rio” traz a história de um rio reprimido e canalizado para dar lugar ao “progresso”.

No dia 8 de junho, o documentário “Mata” abordará a resistência de um agricultor e uma comunidade indígena diante do avanço das plantações de eucalipto. A sessão será a única com Closed Caption, audiodescrição e Libras. Para encerrar, o último dia abre com “Borboletas de Arabuko”, que retrata o ofício de cultivadores de borboletas no Quênia e como essa prática incomum acabou ajudando a preservar a maior e última floresta remanescente da África Oriental. Em seguida, “Movimento das Mulheres Yarang” documentou a história de um grupo de mulheres do povo Ikpeng, que formou um movimento para coletar sementes florestais e restaurar as nascentes do Rio Xingu, que passa por suas aldeias. Por fim, “Meu Arado, Feminino”, destaca a pluralidade feminina do campo e seu elo com a natureza.

SEMEIA

De 5 a 11 de junho, a SEMEIA, Semana do Meio Ambiente do Museu do Amanhã, que faz parte da rede de equipamentos da Secretaria Municipal de Cultura, trará uma programação com rodas de conversa, oficinas, filmes, ativações artísticas e shows. Afinal, o objetivo é promover trocas e aprofundamentos sobre temas como preservação da água, saberes tradicionais, soberania alimentar, crise climática, direito à informação e cooperação para a sustentabilidade. Todas as atividades são gratuitas e algumas precisam de inscrição antecipada porque estão sujeitas a lotação.

Em seguida, confira a programação da Mostra Ecofalante durante a SEMEIA:

6 de junho

14h – Mostra Ecofalante

Mostra de cinema

Onde: Observatório

Filme Águas de Pastaza (Inês T. Alves, Portugal, 60′, 2022) *com Libras

Parceria: Mostra Ecofalante

Classificação: Livre

Inscrições antecipadas via Sympla (lotação limitada a 30 pessoas)

7 de junho

14h – Mostra Ecofalante

Mostra de cinema

Onde: Observatório

Dia de Pesca e de Pescador (Mari Corrêa, Brasil, 2015, 3′) *com Libras

Osiba Kangamuke- Vamos lá Criançada (Haja Kalapalo, Tawana Kalapalo, Thomaz Pedro, Veronica Monachini, Brasil, 2016, 19′) *com Libras

Crescer onde nasce o sol (Xulia Doxágui, 2021, Brasil, 13′)*com Libras e Closed Caption

Aurora, a Rua que Queria Ser um Rio (Redhi Meron, 2021, Brasil, 10′) *com Libras

Parceria: Mostra Ecofalante

Classificação: Livre

Inscrições antecipadas via Sympla (lotação limitada a 30 pessoas)

8 de junho

14h – Mostra Ecofalante

Mostra de Cinema

Mata (Fábio Nascimento, Ingrid Fadnes, 2020, Brasil / Noruega, 79′) *com Libras, Closed Caption e audiodescrição

Onde: Observatório

Parceria: Mostra Ecofalante

Classificação: Livre

Inscrições antecipadas via Sympla (lotação limitada a 30 pessoas)

9 de junho

14h – Mostra Ecofalante

Mostra de Cinema

Onde: Observatório

As Borboletas de Arabuko (John Davies, 2020, Reino Unido, 10′) *com Libras

Yarang Mamin – Movimento das Mulheres Yarang (Kamatxi Ikpeng, 2019, Brasil, 21′) *com Libras

Meu Arado, Feminino (Marina Polidoro, 2021, Brasil, 21′) *com Libras

Parceria: Mostra Ecofalante

Classificação: Livre

Inscrições antecipadas via Sympla (lotação limitada a 30 pessoas)

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