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Literatura

Resenha | As 79 Luas de Júpiter

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“As 79 Luas de Júpiter” é leitura que dilacera. Não espere, portanto, que vá ler os 105 poemas do livro e sair incólume. Não. É uma leitura fácil, porém pode ser dolorosa para o leitor não acostumado a dissecar seu eu interior.

As poetas Leidiane Holmedal e Lucila Eliazar Neves derramam emoções intensas e densas, inegavelmente. Abordam assuntos delicados, como estupro. Mas, também, outras experiências sofridas da vida de todo ser humano. Decepções amorosas e desencontro consigo mesmo são alguns temas para poemas que atingem em cheio o leitor.

Não pense, porém, que é um livro amargo. Não é. É um livro, sobretudo, cheio de esperança e de paixão pela vida. Se fôssemos resumi-lo em uma palavra, seria “amor”. Não apenas amor por outras pessoas, como amor por si próprio. Mas, antes de tudo, amor pelas experiências. Boas e ruins. Lucila e Leidiane têm tanto domínio de seu instrumento principal, a palavra, que levam o leitor exatamente para onde querem. E elas constroem cenários e criam sensações dentro de cada um. Alé disso, têm coragem para falar sobre assuntos e emoções que muitos têm medo até de mencionar.

É, de fato, leitura arrebatadora.

As autoras

“As 79 Luas de Júpiter” é o primeiro livro das poetas Leidiane Holmedal e Lucila Eliazar Neves. Amigas de longa data, decidiram publicar sua primeira obra juntas. “Leidiane e eu somos amigas há muitos anos e nos últimos começamos a trocar poemas e conversar sobre eles, ou apenas conversar e das conversas saírem poemas. Depois de quase 10 anos fazendo isso, surgiu a ideia do livro”, disse Lucila em entrevista exclusiva para o Vivente Andante que, em breve, será publicada (fique de olho!).

Lançado pela Editora Penalux, o livro pode ser adquirido no site da editora por R$42. A saber, Lucila tem alguns exemplares com ela. Se você preferir ter sua cópia assinada, pode, também entrar em contato com ela em seu Instagram. Afinal, nada mais chique do que uma receber o livro da própria autora. E, acima de tudo, autografado!

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Literatura

‘Princesa Violeta’ | Resenha por Paty Lopes

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Princesa Violeta.

Penso que essa leitura tem muito a dizer sobre o futuro das mulheres em nossa sociedade, principalmente diante do que estamos atravessando em todo o território brasileiro. Temos que lembrar que essa mulher que sofre violência hoje, um dia foi uma menina. O mesmo pode-se dizer do homem agressor. Ele também um dia foi um menino. Pergunto, portanto: qual foi a base educacional deles? O que leram? Qual o caminho que os orientaram a seguir um dia?

Embora tenhamos um livro com uma protagonista princesa, a leitura também educa o menino a respeitar os sentimentos de uma mulher. O que deveria acontecer quando uma mulher, por exemplo, resolve romper uma relação, seja esse o motivo que for? Assim, todavia, fica livre para viver a vida dela, o que sabemos que muitas vezes não acontece.

Diversidade

Veralinda Menezes é a autora do livro. Como mãe, traz aos leitores mirins a primeira princesa negra da literatura brasileira e o primeiro conto de fadas com personagens negros. Além disso, os descreve com delicadeza. Quando sua filha não pode ser princesa em uma brincadeira, devido ao seu tom de pele bombom, a autora percebeu a importância dessa comunicação. Assim, o livro chegou em 2008, e volta após 16 anos com uma edição especial, o que merece ser comemorado.

Interessante é como a autora trouxe a miscigenação brasileira, trazendo tons de pele ligados a doce de leite e chocolate, doces que crianças adoram.

Enredo

Um belo conto de fadas de muita ação, cujo protagonismo está na força da figura feminina e o toque de encantamento está na mistura de seres humanos, seres mágicos, reis, rainhas, fadas, guerreiros e piratas, heróis e heroínas que se juntam na luta do bem contra o mal.

Uma princesa guerreira à frente de um exército é revolucionário. Coloca, assim, as mulheres no imaginário coletivo desde a infância, em um espaço de poder que influencia a sociedade e suas futuras relações familiares, sociais e econômicas.

Focado na diversidade e no resgate de valores, também ensina o cuidado e o respeito à natureza e aos mais velhos. A inovação estética com personagens protagonistas negros, representando a maioria da população de um país nem tão distante, é um grande diferencial. Ele fica por conta do traço naturalista do talentoso ilustrador gaúcho Rogério M. Cardoso. Criado para ser um clássico da literatura, Princesa Violeta, em suas versões em prosa e em poema, encanta as crianças de todas as cores e de todas as idades do Brasil, na literatura, no teatro e na música.

O livro apresenta músicas da autora que também colam no ouvido, o velho chicletinho.

Por que ler o livro para uma criança?

Vivemos em um país de forte patriarcado. O machismo ainda permeia no seio da sociedade. Portanto, educar é necessário. Tentar romper essa cultura deve ser uma luta de todos. No livro, a princesa escuta que o pai dela queria um filho homem. Depois, um dos súditos, um dos chefes da guarda real entende que a princesa Violeta deveria se casar com ele, por ter a ensinado a lutar. São situações na contramão dos dias atuais, onde nós, mulheres, fazemos nossas opções, como a princesa do livro fez, no entanto, ainda pagamos um preço alto por nosso posicionamento.

Observei também que no livro não há questões raciais em pauta, apenas protagonistas negros. Inclusive, há príncipes de pele alva que tentam casar-se com a princesa, assim como antagonista negro também. A vida é mesmo assim, está tudo ilustrado através dos desenhos coloridos.

Conclusão

Levar crianças negras a entenderem que podem ser princesas e fadas é um bom trabalho de autoestima e merece ser exercitado todo o tempo.  Não é mais possível aceitar somente a história da Cinderela da Disney – embora eu adore. Contudo. confesso que fiquei mais animada quando chegou a  Pocahontas, pois esse desenho falava muito mais sobre mim.

Observei que a leitura tem mais de um desdobramento, o que penso ser bem diferente. Geralmente, o conflito é um só, mas Veralinda, como mulher, sabe que as nossas lutas são diversas.

Longe da bipolarização hierarquizante em preto e branco, como disse o professor Kabenguele Munanga, antropólogo, a autora entende mesmo do Brasil atual. Seguiu, paralela às estúpidas verdades adultas, a realidade da vida por meio de uma linguagem infantil apropriada, cheias de fadas e mágicas!

Ficha Técnica

PRINCESA VIOLETA

Autora: Veralinda Menezes
Editora: Editora Príncipes Negros
Preço: R$ 24,46
Onde encontrar: Amazon

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