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Bituca em foto de Andrea Rocha ZBR
CríticaCulturaEspetáculos

Crítica: ‘Bituca – Milton Nascimento para Crianças’ atinge fundo no coração

Por
Alvaro Tallarico
Última Atualização 7 de janeiro de 2024
6 Min Leitura
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foto de Andrea Rocha ZBR
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O espetáculo “Bituca – Milton Nascimento para Crianças” retorna aos palcos do Rio de Janeiro após quatro anos com uma curta temporada na EcoVilla Ri Happy, no Jardim Botânico. A peça tem direção eficiente e dinâmica de Diego Morais sobre o emocionante texto de Pedro Henrique Lopes.

Na mescla de boa direção com bom texto, só ficaria faltando então um elenco que entregasse o necessário, certo? Pois assim é. Ninguém, absolutamente ninguém, destoa. Udylê Procópio, Martina Blink, Aline Carrocino (perfeita no antagonismo), Anna Paula Black (simplesmente imponente), Marina Mota e Pedro Henrique Lopes (genialmente engraçado) honram a memória de um dos maiores nomes da música popular brasileira.

No papel principal, Udylê Procópio traz a pureza de Milton. Após o espetáculo, inclusive, conversamos rapidamente e percebi que ele e Milton tem mais em comum do que imaginávamos, afinal, Udylê também foi um menino negro, o único, estudando em uma escola para gente mais abastada e sofrendo racismo.

“Brasil, né?”, me disse ele. Aliás, esse dia em que vi a peça foi mais especial para Udylê pois seu filho de um ano e um mês estava pela primeira vez na plateia. Assim que o espetáculo terminou, o ator chorava de emoção no palco e comentou isso com o público.

Como jornalista, crítico, amante das artes e espectador, espero que o filho de Udylê possa muitas e muitas vezes ver seu pai sendo um baluarte negro do melhor da arte da atuação.

Voltando ao espetáculo, devo dizer que apesar de ser voltado para o público infantil, os adultos se emocionam demais. Vi vários chorando em diversos momentos. De forma sensível, o texto aborda temas como adoção, racismo, amizade. Tudo inspirado na vida e obra de Milton Nascimento.

A narrativa transcorre usando bem e pontualmente as canções de Milton, puxando a plateia, levantando a todos enquanto explorando a jornada do protagonista ao enfrentar o preconceito em Minas Gerais, onde se depara com as dificuldades de ser uma criança negra em um ambiente majoritariamente branco. De uma forma singela, musical e ao mesmo tempo educativa, “Bituca – Milton Nascimento para Crianças” proporciona uma experiência teatral realmente enriquecedora para todas as idades.

A direção musical de Guilherme Borges é, indubitavelmente, um ponto alto da produção, com os grandes sucessos de Milton Nascimento, como “Coração de estudante” e “Travessia”. Já vi muitos musicais com grandes obras que não funcionavam, mas aqui, tudo transcorre com eficácia, e, acima de tudo, com alma.

Grandes Músicos para Pequenos

“Bituca” faz parte do projeto “Grandes Músicos para Pequenos”, o qual busca apresentar a vida e obra de importantes compositores às novas gerações. “Bituca”, assim como suas predecessoras, reforça a importância de resgatar a cultura brasileira e oferecer experiências teatrais que envolvem toda a família.

Inclusive, na saída, ouvi também a espectadora Alina Braga, que levou o filho de quatro anos para ver a peça. Disse que o garoto ficou vidrado, e que ela chorou copiosamente com as mensagens e a emoção que a obra passa. Falou ainda sobre a importância de levar as crianças para ver um espetáculo como esse em detrimento de televisão e smartphone. Concordei, e por isso faço questão de ressaltar isso aqui.

Em resumo, contando ainda com uma equipe criativa que eleva a qualidade de tudo, com Clívia Cohen brilhando no cenário e figurinos, Pedro Mendonça na iluminação e Vitor Martinez no visagismo, “Bituca – Milton Nascimento para Crianças” é mais do que uma homenagem a esse maravilhoso músico brasileiro; é um mergulho delicado nas complexidades da vida e uma celebração da diversidade.

SERVIÇO:

Bituca – Milton Nascimento para Crianças

Temporada: 06 a 28 de janeiro de 2024

EcoVilla Ri Happy: Rua Jardim Botânico, 1.008 – Jardim Botânico

Telefone: 3553-2616

Dias e horários: Quintas às 17h, sábados e domingos, às 16h.

Ingressos: quintas, R$ 70 e 35 (meia-entrada). Sábados e domingos, R$ 80 e R$ 40 (meia-entrada). Em todas as apresentações há uma cota de 20% para ingressos social, com o valor de R$ 39,00 (inteira) e R$ 19,50 (meia-entrada).

Lotação: 350 pessoas

Duração: 60 minutos

Classificação: Livre

Venda de ingressos: na bilheteria da EcoVilla ou no site Eventim (www.eventim.com.br/artist/bituca/). A bilheteria funciona às quintas das 14h às 18h,  sextas das 13h às 22h e aos sábados e domingos das 10h às 22h.

Por fim, leia mais:

Confira a programação de janeiro no CCBB RJ com estreias no cinema e teatro

Mamonas Assassinas: O impossível não existe – Crítica

O melhor está por vir – O novo filme de Nanni Moretti

Tags:critica milton nascimento para criançascrítica peça bituca
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Jornalista especializado em Jornalismo Cultural pela UERJ.
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