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Cinema e StreamingCrítica

Crítica: ‘Desconhecidos’ é uma pegadinha do malandro atrás da outra

Dirigido por J.T Mollner, o thriller Desconhecidos se utiliza de uma linha do tempo não linear para subverter todas as expectativas e crenças do espectador

Por
André Quental Sanchez
Última Atualização 21 de março de 2025
6 Min Leitura
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Já começo com uma ressalva. Do mesmo modo que obras de mestres como Stephen King e Mike Flanagan, aviso de antemão que quanto menos souber sobre o filme, Desconhecidos, antes de assisti-lo, melhor será sua experiência.

O gênero de thriller é conhecido por usar o suspense e a tensão como um modo de prender a atenção do espectador, grandes diretores como Alfred Hitchcock se tornaram mestres do gênero por conta do modo como nossas emoções eram manipuladas em filmes como Um Corpo que Cai (1958, Alfred Hitchcock) e Janela Indiscreta (1954, Alfred Hitchcock), e pelo retrato de serial killers em grandes produções como Psicose (1960, Alfred Hitchcock) e Frenesi (1972, Alfred Hitchcock).

Suspenses cinematográficos envolvendo serial killers podem ser praticamente considerados um gênero por si, desde produções recentes como Longlegs (2024, Oz Perkins) até clássicos como O Silêncio dos Inocentes (1991, Jonathan Demmis). O antagonista geralmente acaba sendo um homem branco e com sérios problemas mentais, podendo ou não ter alguma característica física de destaque como uma máscara ou algum tique, que usa para aterrorizar suas vítimas, geralmente mulheres indefesas. No caso de Desconhecidos, a característica é um belo mustache.

Desconhecidos

Kyle Gallner em Desconhecidos– Divulgação oficial

Desconhecidos se utiliza de uma preconcepção enraizada no público, para assim subverter todo e qualquer pensamento referente a filmes que de serial killers, nos levando em uma montanha russa Tarantinesca.

Quentin Tarantino alcançou sucesso em sua carreira por conta de vários motivos, seja a sua marca autoral, suas trilhas sonoras marcantes, a violência de suas produções ou suas linhas temporais não lineares, permitindo que o público construa a produção por si só, este é o fator essencial para que Desconhecidos se torne tão divertido de assistir: sua divisão em capítulos não lineares.

A produção, filmada em 35mm, se inicia com uma perseguição de carro entre aquele nomeado de “O Demônio” e aquela nomeada de “A Mulher”. O letreiro nos mostra que este é o capítulo 3 da produção, já causando uma certa surpresa no espectador, afinal, começamos pela metade do filme.

Ao longo da produção o espectador revê diversas vezes o seu ponto de vista, o que incialmente enxergamos como fato, na cena seguinte não é mais. Ao chegarmos em seu clímax, a ideia de predador e vítima já foi completamente subvertida.

Vamos dar um exemplo, vemos no capítulo 5, apelidado carinhosamente, em uma tradução livre, de “Aqui, gatinha”, a mulher presa em um freezer se escondendo do diabo, que carrega uma arma de caça na mão, e um corpo morto do montanhês que foi introduzido rapidamente ao final do capítulo 3. A lógica que o espectador, inconscientemente apresenta, é que “o diabo” o matou, assim, toda a nossa visão e preocupação se direciona ao fato de a mulher estar indefesa, escondida em um freezer.

Futuramente, quando vemos o capítulo 4, conhecemos a história deste montanhês e sua esposa, e descobrimos que quem o matou foi a própria mulher, ocasionando um pulo no espectador que não consegue entender, afinal, ela não era a vítima que estava fugindo desde o começo? Com este gancho, voltamos ao capítulo 2 e percebemos que tudo o que acreditamos na primeira hora de filmes, estava errado, a mulher é o serial killer e o diabo é a vítima.

Desconhecidos

Ed Begley Jr. e Barbara Hershey em cena de Desconhecidos- Divulgação oficial

Desconhecidos se utiliza tão bem deste preconceito do espectador, que somente a subversão de um fato dito como certo, uma “pegadinha do malandro”, prendendo a atenção da audiência como poucas produções conseguem, afinal, nada no filme é o que realmente aparenta ser, a produção em nenhum momento trata o espectador como burro, porém, o trata como inocente e nos leva ao clímax sempre com um senso de curiosidade e desejo por mais.

Apresentando nítidas marcas de produções independentes, seja pelo uso de atores desconhecidos, o cuidado autoral na produção, a fotografia em 35mm, trazendo maior veracidade à produção, o color grading que demonstra mais de 10 tons diferentes de vermelho, os planos sequências instigantes, os diferentes pontos de vista, um roteiro simples, porém, extremamente eficiente dentro de sua edição, e principalmente um design de som soberbo ao construir um cenário variado de uma amplitude sonora arrasadora e um silêncio completo.

Desconhecidos é um filme que entretém mais do que qualquer coisa, nos fazendo refletir sobre nossos próprios pré-julgamentos, porém, sem ser a intenção inicial da produção, ela é acima de tudo um suspense inteligente que pula corda com a noção do espectador de crença e descrença, sobre o real e a nossa própria opinião, e falo sem medo, precisamos de mais filmes como este.

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Tags:Critica filme desconhecidosDesconhecidosResenha desconhecidosSubversãosuspensethriller
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