“Emilia Pérez”, longa-metragem de Jacques Audiard, foi a escolha ousada para a noite de abertura da 26ª edição do Festival do Rio. Com um formato musical aparentemente inusitado, para as temáticas abordadas, a película inicialmente me causou estranheza, mas, à medida que a trama se desenrolava, fui submerso em uma experiência cinematográfica que me fez pensar repetidamente: “que filme!”. A obra não apenas desafia as convenções, mas também revela a profundidade das transformações que podem ocorrer na mente, corpo e alma.
O elenco é, sem dúvida, um dos pontos altos da produção. As performances de Selena Gomez, Zoe Saldaña, Karla Sofía Gascón e Adriana Paz são brilhantes, merecendo todos os prêmios que receberam em Cannes. Inclusive a cada dia fico mais fã de Zoe. Aqui, mais uma vez ela demonstra uma versatilidade incrível, mostrando que também canta e dança. Enquanto na série “Lioness“, ela é uma agente mortal e cremos nisso, aqui é uma advogada genial em busca de reconhecimento, e acreditamos totalmente. Cada uma delas traz à vida personagens complexas que não apenas se conectam entre si, mas também com o público. As nuances de suas atuações criam uma química que sustenta o enredo e mantém a tensão emocional ao longo de toda a narrativa. Aliás, a palavra tensão acompanha o espectador em muitos momentos do longa, mantendo a atenção – e a emoção.
O amadurecimento de Emilia Pérez
A parte técnica do filme é impressionante, com coreografias elaboradas que integram movimentos corporais às emoções das personagens, simbolizando as mudanças que elas vivenciam. As sequências musicais são meticulosamente coreografadas, capturando a essência da luta interna e da libertação das personagens. Audiard utiliza essas metáforas visuais para explorar temas de identidade e transformação, convidando o público a refletir sobre suas próprias experiências de mudança.
Afinal, “Emilia Pérez” não é apenas uma jornada sobre a transformação de Manitas, um cruel e poderoso traficante, em uma mulher, mas também um poderoso comentário sobre o que significa ser verdadeiro consigo mesmo. O filme provoca reflexões constantes sobre aceitação, amadurecimento, resiliência e a busca pela autenticidade em um mundo que frequentemente nos empurra para padrões rígidos.
Além disso, é também sobre redenção e uma aula sobre a sociedade como um todo. Ao final da exibição, é impossível não sentir que este filme corajoso ressoa em várias camadas, deixando uma marca.
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