Dirigido por Emma Tammi, Five Nights at Freddy’s 2 aumenta a mitologia da franquia. No entanto, enfraquece sua narrativa ao estruturar de forma apressada o futuro da saga.
Um nome tem muito poder e, em um mundo onde propriedades intelectuais estão cada vez mais se tornando transmídia, especialmente no campo do audiovisual, a adaptação de jogos para o cinema tornou-se um fenômeno comum. Seja por motivos puramente comerciais, na tentativa de faturar dinheiro fácil, ou pela vontade de reimaginar um universo e seus personagens com algum toque cinematográfico único, como no caso da franquia Sonic (2020, Jeff Fowler), assim, várias adaptações acabam gerando séries e novos projetos, como aconteceu com Five Nights at Freddy’s.
Agora em seu segundo filme, a franquia iniciada em 2014 segue acumulando fãs de diversas idades, expandindo sua mitologia para vários jogos, livros, quadrinhos, spin-offs e, inevitavelmente, filmes. Apesar da recepção crítica mista, o primeiro longa foi um grande sucesso comercial, tornando a sequência uma consequência natural.

Cena de Five Nights at Freddy’s 2- Divulgação Universal Pictures
Five Nights at Freddy’s 2 se passa um ano após os acontecimentos do primeiro filme. Rumores distorcidos e histórias sensacionalistas sobre o ocorrido se transformaram em lendas locais, dando origem ao primeiro FazFest da cidade. Enquanto isso, Mike, Josh Hutcherson, e Vanessa, Elizabeth Lail, tentam lidar com os próprios traumas, ao mesmo tempo em que protegem Abby, Piper Rubio, da verdade sobre seus “amigos”. Quando a jovem foge para reencontrá-los, um novo mal é libertado, e Mike precisa proteger sua irmã antes que seja tarde demais.
A franquia se expande com a introdução da Marionete, vilã presente nos games, agora assumindo um papel mais diretamente antagônico e conectado ao arco de Vanessa, que enfrenta dificuldades para se desprender do passado e dos traumas causados pelo pai. Porém, com uma duração de 1h40, a produção se estende além do necessário e acaba se confundindo dentro de suas próprias intenções, apresentando duas tramas paralelas rasas e um terror pouco desenvolvido. Basta lembrar que, em jogos como Five Nights at Freddy’s 4 (2015, Scott Cawthon), apenas a aparência dos animatrônicos já é suficiente para causar desconforto e medo, algo que o filme não consegue replicar na mesma medida.
Como já fomos introduzidos ao universo no longa anterior, Five Nights at Freddy’s 2 aprofunda a mitologia com novos cenários, como a Pizzaria Freddy Fazbear original, além de um flerte metalinguístico por meio do festival FazBear. Há ainda uma tentativa de reproduzir a tensão do videogame em uma cena retirada diretamente dele, na qual Mike se senta em uma cadeira sem porta e precisa usar uma máscara para enganar os animatrônicos, embora seja uma referência interessante para os fãs, o clima de terror não acompanha a proposta, chegando em alguns momentos a beirar o ridículo.
Baseando seus sustos majoritariamente em jump scares, o filme oscila entre o eficiente e o genérico, com interações divertidas, mas guiadas por uma narrativa que se perde ao tentar continuar a jornada de Mike, Abby e Vanessa. Se o primeiro filme abordava o luto, este se volta para os traumas e como eles impedem seus protagonistas de seguir em frente, seja Vanessa, paralisada pelo passado, seja Mike, que se culpa por não ter protegido a irmã do ataque anterior, porém, apesar do tema ser constante, ele não é aprofundado em toda a sua potência.

Mckenna Grace em cena de Five Nights at Freddy’s 2- Divulgação Universal Pictures
Apesar dos efeitos especiais dos animatrônicos serem mais eficientes do que no primeiro filme, e da trilha sonora imersiva, Five Nights at Freddy’s 2 sofre do clássico problema dos “filmes do meio”: não apresenta um final completo, mas sim um gancho para um desfecho prometido no já anunciado terceiro filme, tratando a audiência com desrespeito com um final que nada mais é do que um comercial para o terceiro.
Ao final, assim como seu antecessor, Five Nights at Freddy’s 2 é um presente aos fãs, mas, ao contrário de Sonic, o longa não apresenta criatividade suficiente para conquistar os espectadores mais casuais, se estendendo muito no drama antes de chegar no terror, e mesmo assim, sendo raso em sua tentativa, apoiando-se fortemente em referências ocultas que encantam os fãs, mas que cansam o resto da audiência.
Distribuído pela Universal Pictures, Five Nights at Freddy’s 2 estreia nos cinemas no dia 4 de dezembro.
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